Os ᴍᴏᴍᴇɴᴛᴏs sᴇɢᴜɪɴᴛᴇs passam num turbilhão enquanto caminho cambaleante pelas sombras de volta para casa. Meu cérebro está em chamas, tentando descobrir um jeito de botar as mãos em alguma coisa com valor ao menos próximo do preço de Jennie. Não será em Palafitas, isso é certo.
Win-ho ainda aguarda na escuridão, um menininho perdido. Penso que ele é isso mesmo.— Más notícias? — pergunta, tentando manter a voz firme, mas ela vacila mesmo assim.
— Eles podem nos tirar daqui.
Por Win-ho, mantenho a calma durante a explicação. Duas mil coroas deve ser o preço do trono do rei, mas faço parecer que não é nada.
— Se alguém pode fazer isso, somos nós. Nós vamos conseguir.
— Tae...
Sua voz sai fria, mais fria que o inverno, mas seu olhar vazio é ainda pior.
— Acabou. Perdemos.
— Mas e se...
Ele põe as mãos nos meus ombros e me segura firme à distância de um braço. Não dói, mas fico chocado como se doesse.
— Não faça isso comigo, Tae. Não me faça acreditar que existe uma saída. Não me dê esperanças.
Ele tem razão. É cruel das esperanças quando não há nenhuma. Geraria apenas frustação, ressentimento e raiva: tudo o que torna a vida ainda mais difícil do que já é.
— Só me deixa aceitar. Talvez... Talvez assim consiga pôr ordem na minha cabeça, treinar direito e ter uma chance no combate. — minhas mãos vão ao encontro dos seus punhos e os agarram firme.
— Você fala como se já estivesse morto.
— Talvez esteja.
— Meus irmãos...
— Seu pai cuidou para que eles soubessem muito bem o que fazer antes de partir. E o fato de terem quase o tamanho dessa casa ajuda.
Ele força um sorriso, na tentativa de me fazer rir. Não funciona.
— Sei nadar bem e sou um bom marinheiro — continua. — Vão precisar de mim nos lagos.
Somente quando ele me envolve em seus braços e me aperta forte percebo que estou tremendo.
— Win-ho... — balbucio contra seu peito.
Mas as próximas palavras não vêm. Deveria ser eu. Mas minha vez chegará rápido. Só posso ter esperança de que ele sobreviverá pelo tempo suficiente para que eu o veja de novo, nos quartéis ou nas trincheiras. Talvez então encontre as palavras certas a dizer. Talvez eu entenda o que sinto.
— Obrigado, Tae. Por tudo. — ele se afasta, soltando-me rápido demais.
— Se você economizar, vai ter o suficiente para quando a legião vier atrás de você — ele conclui.
Por Win-ho, concordo com a cabeça. Mas não está nos meus planos deixá-lo lutar e morrer sozinho.
Volto ao beliche, apesar da certeza de que não vou dormir. Deve haver alguma coisa que possa fazer e vou descobrir mesmo que leve a noite inteira.A tosse de Chae durante o sono soa muída e doce. Mesmo inconsciente, ela consegue ser uma dama. Não surpreende que se dê tão bem com os prateados. Ela é tudo o que eles gostam num vermelho: quieta, feliz e despretensiosa. É bom que seja ela a lidar com eles, ajudando os trouxas super-humanos a escolher seda e tecidos finos para roupas que usarão apenas uma vez. Chae diz que é possível acostumar-se a isso, à quantia de dinheiro que gastam com coisas tão banais. E no Grande Jardim, a feira de Summerton, o dinheiro é multiplicado por pedras preciosas para criar peças de arte para serem vestidas pela elite prateada que parece seguir a família real a toda parte. O desfile, como ela diz, é uma marcha interminável de pavões emperiquitados, um mais orgulhoso e ridículo que o outro. Todos prateados, todos bobos e todos obcecados por seu status.
Eu os odeio mais que o normal esta noite. As meias que usam provavelmente bastariam para salvar a mim, Win-ho e metade de Palafitas do recrutamento.
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O REI VERMELHO - Taekook
Fantasía𝐎 𝐌𝐔𝐍𝐃𝐎 𝐃𝐄 𝐊𝐈𝐌 𝐓𝐀𝐄𝐇𝐘𝐔𝐍𝐆 𝐄́ 𝐃𝐈𝐕𝐈𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐄𝐋𝐎 𝐒𝐀𝐍𝐆𝐔𝐄: 𝐕𝐄𝐑𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎 𝐎𝐔 𝐏𝐑𝐀𝐓𝐄𝐀𝐃𝐎. Taehyung rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde...