IX - Os Esquecidos

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Grimm estava vendo a cidade de Essain como ela costumava ser: movimentada e barulhenta. O ambiente urbano era bem diferente do que estava acostumado em Cyen, Essain parecia um grande labirinto de pedra. Uma confusão de casebres de pedra nas partes baixas e mansões no alto dos morros, áreas divididas por praças de comércio e becos sombrios.

- O cais é movimentado e perigoso, se quiser andar por lá, fique de cotovelos preparados. Afinal, se deixar o punhal solto no cinto é capaz de que o roubem.- Florian avisou, estava sentado no seu banco e bebendo um copo de rum.

- É a cidade mais viva que eu já vi.- Grimm viu pelo lado bom.

- Os visitantes, por outro lado, não são costumam ser os mais vivos que você vai ver. Principalmente os que se metem com o Arconte Derik- Florian retrucou.

Os dois estavam na sala comum da taverna, esperando aqueles que poderiam aceitar o serviço. Sobre a mesa, Grimm analisava um mapa desenhado em pele de cordeiro. Indicava o Continente Verde e incluía Essain e seu alvo. O castelo de Khann.

- Khann realmente é tudo isso que você diz ser? É perto das minas dos anões e as anotações dizem que foi um castelo élfico, mas oque importa é...- Grimm foi interrompido pelo arroto do mercenário, que riu logo em seguida.

- O ouro, eu sei. Confia em mim, vai dar tudo certo. Esse tesouro vai nos deixar ricos e ainda pagar a parte dos outros, disso eu tenho certeza.-

- Deve estar certo.- Grimm anuiu, embora tivesse em mente um pensamento incômodo. Se o castelo era tão antigo e estava em ruínas, por que então ainda achavam que havia um tesouro ali? Por que ninguém pegou? Isso lhe deu um mal pressentimento.

- Eu já era soldado nas fileiras de Messaria quando você ainda usava fraldas, pirralho.- Florian respondeu, sorridente.

Grimm olhou para o outro lado do salão da estalagem e viu chegar a companhia esquisita. Eram eles. Primeiro chegaram dois, um robusto anão com uma armadura tintilante(terrivelmente espalhafatosa) e um homem loiro de meia idade com um manto púrpureo e um cajado.

- Só nós?- O anão perguntou com sua voz profunda como um eco nas profundezas de uma caverna. Grimm nunca antes tinha visto um anão, maciças figuras barbudas com baixa estatura.

- Seremos sete.- O homem da capa roxa respondeu, calmo. Tirou de um bolso escondido um cachimbo e quase foi acender, quando entrou mais um.

- Por favor, não fume aqui, não quer nos matar sufocados.- O homem de capa verde aconselhou com uma voz serena. Era alto, de pele escura e olhos cor de musgo, trajando um longo manto da cor do musgo feito de escamas de tecido imitando folhas. A abotoadura era uma safira em forma de raposa.

Os dois se encaram por um momento, mas o de roxo respeitou. Pouco depois chegaram os restantes, um depois do outro. Um guerreiro de cota de malha e túnica vermelha, com uma tatuagem de um triângulo dentro de um círculo, ambos vermelhos. O outro era na realidade uma garota, de lenço que cobria a boca e um capuz azulado.

- Todos eles aqui?- Florian perguntou a Grimm. O mercenário podia ser esperto, mas não sabia ler ou contar muito bem.

- Todos.- O garoto confirmou, se sentou mais tenso no seu banco e observou os prováveis companheiros de equipe.

Alguns se entreolharam, a maioria com um espírito assassino. Foram se apresentando pouco a pouco, um depois do outro. O de roxo era um mago chamado Armenil, vindo do leste. O de verde era um druida, aparentado aos elfos, de nome Widelford. O anão era Tolbrun, filho de Acranburd, ex-mercenário de Cidade de Ferro e a menina era Leslie, batedora de carteiras ali de Essain. Por último, o de túnica vermelha era Tybron, que não se apresentou muito além de dizer que sabia lutar.

As Crônicas de Terror e Encanto - 𝐈Onde histórias criam vida. Descubra agora