Capítulo Único

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Essa é curtinha só porque eu tenho um hc sobre isso. Espero que gostem. Beijinhos muah muah. Tem menção mt básica a T.A mas é algo bem por cima acho q não dá nem pra perceber direito.
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  Sanji estava na cozinha. Ele acabava de lavar a louça do almoço e Zoro como sempre o ajudava com tal afazer. O silêncio reinava entre eles, e aquele era um dos poucos momentos onde eles tinham o mínimo de paz.

– Porque não comeu direito? – Zoro quebrou o tal momento de paz logo que ambos acabaram seus devidos serviços.

– O que? – Sanji se sentou na mesa acendendo outro cigarro.

– Ficou surdo cozinheiro? Perguntei porque você nunca come direito. – Zoro puxou a cadeira sentando em frente ao loiro. Cruzou os braços sobre a mesa e deitou sua cabeça no travesseiro improvisado.

– Não tô surdo idiota. Só não entendi porque tá perguntando isso. – Sanji parecia meio distante, mas Zoro não se importou com isso inicialmente.

– Se não tá afim de responder não responde então. – Os olhos do moreno se fecharam; tentando transparecer o máximo de desinteresse no assunto. Mas não era assim.

Zoro já tinha percebido desde que voltaram do treinamento de dois anos, e até antes disso, que Sanji não comia como deveria. Parecia que só se alimentava o suficiente para se manter de pé sem desmaiar. Não parecia gostar nem da própria comida nem da comida de outras pessoas.

Era minimamente curioso.

Mas quando se tratava de outras pessoas elogiando a comida dele, parecia que era a coisa mais gostosa que estava saboreando. Isso causou alguma estranheza no espadachim.

Talvez ele passasse mais tempo que o necessário reparando no outro; mas não era o ponto importante agora.

– Eu não sinto mais o gosto da comida como antes. – Sanji disse simples. O braço na mesa apoiava sua cabeça e seus olhos fitavam a janela e a imensidão azul do lado de fora.

Zoro não entendeu inicialmente. Até levantar minimamente a cabeça. O loiro percebeu a confusão e quando Zoro se levantou um pouco fez um gesto com a mão na qual o cigarro descansava. Dando a entender que era o culpado pelo fato.

Zoro não disse mais nada. Ainda esperava uma dissertação maior do loiro; que suspirando passou a explicar.

– Meu paladar ficou ferrado depois de um tempo. A ficha só caiu quando senti que tava tomando suco de manga quando na verdade era tangerina. Então tentei saborear as coisas que eu costumava gostar, mas o gosto não era o mesmo. Os gostos eram confusos e eu fiquei com... – fez uma pausa ponderando se diria ou não ao espadachim. – medo. – vendo que Zoro não mostrou nenhuma reação ele continuou. – Eu tinha medo de que minhas habilidades não fossem o suficiente pra compensar o fato que não sentia mais tudo como antes. Acho que depois de a comida ficar desgostosa por tanto tempo eu fui perdendo o apetite. E pulando algumas refeições; não queria ser lembrado que era um maldito cozinheiro viciado que não conseguia desempenhar o papel direito porque não tinha um paladar descente. – Suspirou fundo. Tragou o cigarro mais uma vez inalando a fumaça tóxica.

– Por isso gosta quando elogiam sua comida? – Zoro não tinha dormido ainda, e prestava atenção em toda e qualquer palavra dita pelo loiro.

– Não é questão de elogiar ou não. As pessoas mentem Marimo. Palavras são uma coisa, ações são outras; claro que fico feliz com elogios, mas fico ainda mais feliz quando não sobra nada na panela. Significa que não foram palavras vazias e que eu não perdi a noção dos gostos. Mesmo que não os sinta direito a muito tempo.

Zoro encarou o cozinheiro. Talvez Sanji estivesse perdido a muito muito tempo. Mas não desistia do que amava. O moreno gostava daquilo. Ainda assim queria tirar mesmo que um pouco o peso dos ombros do outro, apesar de não saber direito como fazer.

– Se for testar alguma receita me avisa que eu experimento pra você. – Zoro fechou novamente os olhos.

– Se estiver fazendo isso por pena eu te chuto desse navio e vai ter que nos seguir nadando.

– Como se eu fosse sentir pena de um idiota como você. É só pra não sobrar comida na panela. – Sanji sorriu um pouco.

– Meu maior problema é com doces. E se você não se lembra você odeia doces. – Sanji encarava o outro homem que estava quase dormindo.

– Eu convivi dois anos com alguém que se deixasse comeria doces no café almoço e no jantar. – Zoro se lembrou de Perona e sua compulsão por doces; talvez eu dois anos ele teria comido doces o suficiente pro resto da vida. – Desde que não seja uma montanha de açúcar não me importo.

Sanji soltou uma pequena risada. Até pensar profundamente sobre o diálogo que tinha acabado de acontecer. Como Zoro sabia que ele fazia só uma refeição por dia?

– Marimo. Porque perguntou do nada? – o questionamento era válido. E Zoro por mais que não quisesse responder na verdade não tinha nada a perder.

– Desde que entrou pro bando eu venho reparando nisso. Mas a gente vive em pé de guerra então nunca tive oportunidade de perguntar. – A revelação fez Sanji arregalar os olhos brevemente. E depois um sorriso sincero preencheu seus lábios.

– Pra um cabeça de mato você é bem sentimental. – Sanji apagou o cigarro e se debruçou sob a mesa encostando as mãos de leve nos cabelos verdes, deixando um afago gentil neles.

Os cabelos de Zoro estavam maiores que o normal, aparentemente a cor não era a única semelhança com a grama; a velocidade de crescimento também era parecida. Sanji começou a imaginar alguns cortes diferentes pro moreno, para que ele deixasse o cabelo crescer mais um pouco e ainda assim pudesse treinar bem.

– E você é gentil demais pro seu próprio bem. Diminuía um pouco no cigarro loiro.

– Só se você diminuir na bebida. – falou enrolando o cabelo do outro.

– A gente não tá falando de mim.

– Na verdade estamos sim. – como resposta ouviu um pequeno grunhido. – Eu vou tentar está bem?

Zoro levantou a cabeça dando de cara com o único olho azul a vista. Se encararam por um tempo; antes de Zoro sorrir e dizer baixinho um "tá bom".

Naquela noite a sobremesa de limão foi a mais gostosa que qualquer um naquele navio já tinha experimentado.

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