Depois da agradável estadia no parque, Mary estava ficando cansada, e Clare estava emocionalmente devastada, por isso o melhor era voltar. Era quase hora de almoço quando voltámos, e Lucas deu carona para nós. Primeiro deixou Clare em sua casa, ela queria estar sosinha. Depois foi para minha casa comigo e Mary.
Entrámos e Mary automaticamente dirigiu-se ao sofá e jogou-se como se tivesse andádo sem dormir à dias. Se aconchegou e imediatamente desligou....Eu sempre achei que ela tivesse um botão de ligar e desligar, só que ele está bem escondido e ninguém sabe da sua existência.
Ri dos meus pensamentos e senti minha cintura ser rodeada por braços masculinos atrás de mim. Ele me juntou a si e beijou meu pescoço.
Minha mão automáticamente subiu até sua nuca, me virando para beija-lo. Era involuntário, é como que sempre que ele me beijava, sentia algo florescer dentro de mim, uma onda de calor.Ele foi-me encostando cada vez mais ao balcão, sem nunca descolar seus lábios dos meus. Neste momento eu estava viajando no tempo.
Ouvimos o som de panelas na pia e rapidamente nos separámos, olhando na mesma direção.
-Desculpem se vos interrompi. Estava apenas tentando fazer o almoço, na cozinha.- eu corei ao saber que minha mãe estava-se divertindo com a situação.
-Perdão, minha senhora.- Lucas passou a mão no cabelo meio atrapalhado com a situação.
-Nada não, é a juventude.- ela estava de costas para nós, lavando uns tachos- Aproveitem enquanto dura.
Sorri para Lucas e apenas tentei desviar a conversa.
-Hoje o dia estava muito lindo no parque, bem agradável. Mary chegou estafada... Por falar nisso, já resolveu tudo lá na segurança social?- falei tomando o pano da cozinha e limpando a loiça que minha mãe lavava.
-Já tá tudo resolvido sim.- ela sorriu- É como ser mãe a segunda vez.
Sorrimos as duas. A ideia de ter uma irmanzinha alegrava-me. Sentia-me com responsabilidade sendo sua irmã mais velha, e tendo a intenção de a proteger.
-Quer ajuda com o almoço?- A voz de Lucas soou atrás de nós e então eu me virei.
-Não percisa, mas obrigado. Eu depois chamo vocês para jantar.- minha mãe sorriu para nós.
Nós assentimos e fomos para a sala onde Mary se encontrava dormindo. Dormindo não, roncando.
-Seus vizinhos não se queixam de estarem a cortar lenha quando ela dorme de noite?- ambos rimos. Ela ressona mais que um cortador de relva. Pequena, mas com um enorme poder.
-Acho que já se habituaram a mim primeiro.- fiz uma careta.
-Você não ressona, flor.- ele fez um sorriso maroto, mostrando suas covinhas- Isso eu sei muito bem.
Percebi sua intenção e corei. Carregámos a menina serrote em seu quarto e assim pudémos sentar no sofá.
Me aninhei em seu peito enquanto ele mexia em meu cabelo e passava os canais da tv.
-Lucas, Clare está me dando pena.- disse inclinando minha cabeça para cima, afim de o poder encarar- Ela estava uma lástima, porque pensa que o Rafael não gosta mais dela.
-Não se preocupa não. Ele tem andádo a fazer turnos para a levar a um restaurante chic aparentemente caro e seu presente.-ele falou sem tirar os olhos da tv. É verdade, Rafael é um fofo fazendo esse esforço todo para agradar minha irmã. Clare odeia festas de aniversário. Ela odeia festa de qualquer tipo, a não ser dentro de uma discoteca que envolva bebida. Eu tenho um bom cunhadinho.
Sorri já imaginando a cara de surpresa que Clare teria em ver seu presente. Ela simplesmente adora a chiquesa. Tudo quanto é caro, tudo o que brilha, tudo o que envolva moda.
Rafael sabia certamente como a agradar.
Começou passando um filme. Não muito bom, mas é o que havia. Ficámos apenas vendo enquanto deixávamos nossas barrigas se queixar de fome.
-Meninos, para a mesa!- minha mãe berrou da cozinha, ouvindo-se o som de uma colher batendo no prato.
-Uhull! Que fome!- Mary deslisou pelo corrimão das escadas, à velocidade da luz.
-Oh, calma aí, furacão Mary.- Lucas agarrou ela e a colocou em seus ombros em frações de segundo. Ninja.
Mary foi nos ombros de Lucas apertando as suas bochechas. Aquelas covinhas, aquelas covinhas matam tudo.
Sentámos, agarrando nos talheres para atacar a comida.Em poucos minutos já os pratos estavam tudos limpos, parecendo ter acabado de lavar. Limpamos tudo, e arrumámos no seu devido lugar.
-Ainda to com fome.. - Mary choramingou.
-Quando é que não tá com fome, ne?- ri eu.
Ela foi cambaleando até ao sofá, onde se enterrou no sono novamente.
-Lá vem o serrote.- Lucas riu.
Subimos até ao meu quarto, de mãos dadas, de seguida nos deitando na cama.
Lucas me encarava olhos nos olhos, sua expressão estava inacessível. Ele parecia ver muito mais para além de minha visão. Via minha alma, e eu senti isso.
Pensei que ele me beijasse, ou me agarrasse, mas apenas tomou ar e falou.
- Eu gostava de levar à lua, anja.- ele sorriu, como se conseguisse imaginar.
Não entendi. Juro que não percebi o porquê de me querer levar à lua. Ergui uma sobrancelha expressando minha curiosidade.
- Sabe, para ver como a terra é perfeitamente redonda. Para contemplarmos a perfeição deste universo, tudo no seu exato lugar.- ele sorriu mostrando suas covinhas- Sabe, anjo- ele fez uma pausa- A perfeição cansa. O planeta somos nós que o moldamos, da maneira mais imperfeita possível. Mas você,-ele sorriu olhando para mim, como se conseguisse ver sua vida atravez dos meus olhos- Você mudou o meu mundo. Moldou minha mente. Moldou meu coração.
Eu estava quase chorando. Foi tão bonito o que ele disse, da maneira que disse. Simplesmente lindo.
- Você é a minha perfeita imperfeição, e não posso, nem consigo deixar de te amar mais a cada dia que passa.- ele continuou. Eu devo ter deixado minhas lágrimas cair, pois sentia minha cara molhada. Abracei-o o mais apertado que consegui. Eu não sabia como expressar minha felicidade, por isso apenas deixei meus soluços equarem o quarto, enquanto minhas lágrimas molhavam sua camisa- Não chora anjo.
Ele limpou minha cara, a segurando entre as suas grandes mãos.
-I.. Isso.. F.. Foi tão lindo..- disse meio que suspirando, devido ao meu choro compulsivo. Incrível como Lucas fazia meu coração ficar uma manteiga.
Ele olhou bem para meus olhos, sem nunca tirar suas mãos de minha cara.
-Eu te amo, meu anjo.
-Eu também te amo.- ao pronunciar estas palavras, ele colou seus lábios aos meus num beijo calmo.
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Amar é complicado
Teen FictionMinha vida recomecou. Meu nome é Mel e sou uma garota baixinha de cabelos ondulados cor de mel e olhos azuis. Agora que estou no 11° ano penso em tornar minha vida melhor. Sei que pode ser difícil me acostumar a essa vida mas é mesmo assim.