Capítulo 7 - Cores frias
Arco 2 - País da Geada
Em algum lugar no País da Geada...
O local é, aparentemente, um velho bar localizado na região central do País da Geada. É um estabelecimento pequeno, quase caindo aos pedaços, e sob quaisquer suspeitas. Ninguém da Aliança Shinobi ousaria pensar que esse lugar abafado, mal cheiroso e com poucas mesas e cadeiras poderia ser o que realmente é... Apesar dos poucos clientes no momento, isto aqui esconde um segredo: a parte externa, visível para aqueles que passam ao longe, é uma fachada. Atrás do balcão do atendente, oculta por uma velha pintura da deusa Amaterasu, se encontra a porta de uma passagem secreta.
Aqueles que a atravessam chegam ao subterrâneo, onde se encontra um gigantesco salão vermelho com muitas mesas, cadeiras, estilo e alternativas de bebidas. Os adereços denotam luxo, os funcionários se vestem bem e até mesmo os mais humildes dos clientes possuem seus pertences. O ambiente costuma ficar lotado durante todo o dia, mas nunca chama a atenção graças ao isolamento acústico que o cerca. Quem poderia imaginar que o velho bar seria apenas a ponta do iceberg da perdição...?
– Seus serviços são mesmo de altíssimo nível – articula um velho homem de pele clara, estatura mediana, de corpo magro e olhos castanhos escuros.
Com um copo de bebida na mão direita, o sujeito está sentado diante do balcão ao lado de outra figura masculina. Mais alto, mais chamativo, mais musculoso e mais sorridente, o homem que está sendo elogiado encara o seu contratante através de profundos olhos azuis. Seus cabelos pretos bem arrumados e sua barba bem alinhada nada mais são do que enfeites extras para o que é, para muitos, o seu melhor cartão de visitas: a própria face.
– Obrigado – ele agradece enquanto o mais velho toma outro gole da bebida.
Apesar do sorriso falso, o mais jovem sabe que apenas uma parte dos seus serviços foi finalizada. O simples fato de estar aqui, na presença de um comerciante do mercado oculto e em meio a tantas outras figuras que parecem lhe devorar com os olhos, é um lembrete sobre isso.
– Você acha que é capaz de encontrar o nosso alvo? Acha mesmo? – pergunta o mais velho, tomando um novo gole logo depois.
Há um trabalho importante que este ninja independente foi contratado para fazer. Ele, Adoniz, desvia o rosto. O sorriso permanece... Por fora. Por dentro, tantas outras coisas estão em conflito enquanto seus lábios buscam proferir a resposta adequada. Por dentro, o verdadeiro Adoniz está mergulhado em um mundo distante de tudo e de todos... Distante, talvez, até de si mesmo...
.../–/–/...
– Sim, eu sou. Não falharei – deixo claro para o meu cliente, segundos depois de receber a pergunta.
Ao olhá-lo nos olhos de novo, posso perceber com clareza o que passa em sua mente... "Você é lindo". "Muito atraente". "Daria o mundo pra te ter". Já ouvi muitas coisas desse tipo. A todo tempo, em todo tipo de lugar. As pessoas sempre me enxergaram dessa forma. Como um objeto a ser tomado e como alguém que deveria agradecer por isso. Claro, existem pessoas que não conseguem cuidar de si mesmas, que não possuem recursos para sobreviver sem ter que se render ao mundo dos crimes. Talvez eu devesse agradecer por ter o tipo de corpo e de rosto que me permitem não precisar ser um criminoso? Não sei. Talvez.
Só que eu sempre me perguntei por qual razão as pessoas acham que a minha dor é menor só porque sou "bonito". Preciso sempre estar sorrindo, grato pelo mínimo, pois menos do que isso seria como zombar de quem está pior. Menos do que isso, eu seria um sujeito prepotente e egoísta que não reconhece os próprios privilégios.
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Justiça: O Pergaminho de Rei
ActionAs lendas dizem que um evento cataclísmico destruiu a antiga realidade e construiu o mundo que é conhecido atualmente. Por gerações, esta Terra foi marcada por conflitos e disputas cruéis, mas a Aliança Shinobi foi criada para trazer justiça ao mund...