- Mais um dia nessa vida de merda. As mesmas coisas tem que ser feitas dia
após o outro. Que inferno. Por que não posso ter um dia de paz? Cadê meu
cloro?
Ele pega um tubo de cloro e toma.
- Agora sim.
Ele se senta no sofá, relaxa por uns minutos, pega o celular e manda
mensagem pra sua namorada.
- Bom dia. Como dormiu?
- Bom diaaaa. Dormir bem e ‘cê? – responde sua namorada.
- Também (emoji de carinha feliz). Sonhei com você.
- Foi? Conta tudo.
- Tinha uma festa dos meus parentes e eu estava pensando muito em você. Eu
não podia ficar no celular porque o pessoal da minha família é desconfiado e
fofoqueiro. Então, eu quis sair de lá o mais rápido possível. Mas, não
importando aonde eu fosse, tinha gente. Era um inferno.
- Seu pai ‘tava lá?
- Incrivelmente, não. Nem pra atormentar meus sonhos. Aí, acabou a festa e eu
fui pra casa de minha vó. Felizmente, tinha menos gente e, finalmente, eu
conseguiria conversar com você. Desci até o porão, fui olhar a nossa conversa
e ‘tava cheio de mensagem sua preocupada. Os meus tios arranjaram uma
cama “mó” velha pra eu dormir. Eu odiei isso. Eu não lembro o que eu disse
pra você nem do final do sonho. Que droga. Minha cabeça ‘tá doendo.
- Tudo bem, lindo. Descansa um pouco.
- Eu não posso descansar agora. Vou fazer um trampo na empresa do meu pai.
- Poxa, que pena. Fica bem, viu, gato? Trabalhe bem.
- Beleza. Vou levar nosso cólar.
- Você gostou mesmo do cólar, né?
- Sim (emoji de carinha sorrindo com os olhinhos fechados).
Adam pega o cólar e veste. Se arruma e vai trabalhar, ele vai direto pro seu
departamento.
- Olá, como é seu nome?
- Adam.
- Adam, preciso falar contigo. Olha, vem cá. A dona Maria da faxina ‘tá doente
e a gente ‘tá realmente precisando de uma limpeza aqui no escritório. E já que
você ainda não fez nenhuma missão. Essa vai ser sua primeira! Aqui está a
vassoura, o balde e o pano de chão. Até. – diz o chefe do departamento de
segurança.
- É loucura pensar que eu só tenho 20 anos. Tipo, você sofre, passa noites
chorando, cresce, aí, consegue lidar melhor com as coisas e você ainda tem 20
anos. Cara, não passa não? Não posso terminar com esse sofrimento logo?
Por que tenho que lidar com essa porra pra sempre até que eu morra?
Ninguém liga pra mim. Se essa porra não estiver limpo, eles vão brigar e ficar
chateados. Mas, e daí? Eu não sou pago nem eles se importam comigo. Só me
deram essa merda de tarefa. Eu não culpo eles. Porque eles não me
conhecem. Mas, por que eles não trocam um papo comigo pra me reconhecer?
Porque eles não me conhecem. Eles precisam que eu faça coisas pra que eles
me conheçam. Todos os problemas dos ricaços porque eles não tem tempo pra
nada. Vou explorar alguns lugares pra saber com o que ‘tô lidando. Espero não
fazer merda. Vou só passear um pouco e volto. Aproveitar que eu já terminei
aqui.
Adam anda pelo prédio, olha pela janela de todas as portas. Às vezes, passam
cientistas, pesquisadores etc. Alguns desses reconhecem Adam.
- Oi, meu jovem. Você não é o filho do presidente?
- É. Sim.
- Como está seu pai?
- Deve ‘tar bem.
- Não consegue ajudar a gente, não? Não consegue alguma informação pra
gente? Você sabia que ia ajudar muito no nosso trabalho? – ri.
- Não, infelizmente.
- Tudo bem. Só ‘tava brincando. Fica bem.
Eles vão embora. Adam, continua a andar pelos corredores do prédio da firma,
sentindo os olhares dos outros e seus sussurros. Ele se sente sufocado. Ele
imagina que todos estão menosprezando ele. Depois de um tempo, ele já está
se sentindo injustiçado e encharcado de ódio. Ele não aguenta mais e entra
numa sala que tem uma poltrona. Ele se dirige até a poltrona e se senta. Pega
um tubo de cloro e engole.-Ah! Agora sim. – diz Adam, encostando suas costas.
Ao se sentir confortável na poltrona, Adam chora. E, passa um tempo ali,
tentando juntar coragem para conseguir sair daquela sala e enfrentar os
olhares de novo. Ele pega o celular e procura um vídeo pra assistir. Assiste um,
assiste outro e envia um pra namorada dele. De repente, cai um líquido
esquisito em cima dele com roupa e tudo. Alisson grita:
- Que porra é essa?! Que merda é essa que caiu em mim.
Adam se levanta e vai pra casa o mais rápido o possível pra trocar de roupa,
se lembrando do ocorrido pelo caminho e ficando mais puto. Ele chega em seu
apartamento e se troca.
- Voltei. Teve um filho da puta lá no trabalho que criou uma sala que, se você
sentar em uma poltrona, cai uma “água” na sua cabeça. – diz Adam em uma
mensagem pra sua namorada.
Ela responde com três emojis repetidos de uma carinha morrendo de rir.
- É tipo uma pegadinha? – pergunta a namorada.
- Sei lá.
Adam conversa com sua namorada e consegue finalmente se acalmar. Adam
pega mais um frasco e toma, se encostando no seu sofá. Ele fecha o olho e
fica na brisa do cloro por um tempo. E, no breu da escuridão, uma luz ao longe
é encontrada por ele. Adam vai em direção à luz. Ele encontra uma caixa com
areia dourada reluzente vazando pelas laterais.
- Que porra é essa? – diz Adam embasbacado, pegando a caixa do chão.
A caixa se abre sozinha assim que é tocada.
- Processo de instalação concluída. Iniciando o processo de inicialização.
Processo de inicialização concluído. – fala a caixa.
Uma luz muito forte sai da caixa e se transforma em uma silhueta de um ser
humano. Essa silhueta não tem um gênero definido, ou seja, ela troca de sexo
com o tempo.
- Oi. – diz a silhueta.
- Eu devo estar muito chapado agora. – diz Adam, rindoContinua...
Esta história foi feita por Jônatas Nascimento e B3lle.
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Nós Somos Um
RandomAdam um alien adolescente introvertido trabalha para seu pai em uma empresa de experimentos humanos. Um acidente o faz mudar de ideia sobre o futuro e suas decisões pessoais.