𝑷𝒆𝒕𝒆 𝑻𝒐𝒘𝒏𝒔𝒉𝒆𝒏𝒅

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(𝓝/𝓐 - 𝓐𝓬𝓱𝓪𝓻𝓪𝓶 𝓺𝓾𝓮 𝓮𝓾 𝓽𝓲𝓷𝓱𝓪 𝓶𝓸𝓻𝓻𝓲𝓭𝓸? 𝓜𝓪𝓲𝓼 𝓾𝓶𝓪 𝓼𝓮𝓶𝓪𝓷𝓪 𝓼𝓮𝓶 𝓹𝓸𝓼𝓽𝓪𝓻 𝓮 𝓿𝓸𝓬𝓮̂𝓼 𝓹𝓸𝓭𝓮𝓻𝓲𝓪𝓶 𝓵𝓲𝓰𝓪𝓻 𝓹𝓻𝓪 𝓹𝓸𝓵𝓲́𝓬𝓲𝓪, 𝓶𝓪𝓼 𝓬𝓪́ 𝓮𝓼𝓽𝓪𝓶𝓸𝓼 𝓬𝓸𝓶 𝓾𝓶 𝓹𝓮𝓭𝓲𝓭𝓸 𝓫𝓪𝓼𝓽𝓪𝓷𝓽𝓮 𝓮𝓼𝓹𝓮𝓬𝓲𝓪𝓵 𝓭𝓪 Magiuneration, 𝓺𝓾𝓮 𝓮𝓾 𝓶𝓮 𝓮𝓼𝓯𝓸𝓻𝓬𝓮𝓲 𝓹𝓻𝓪 𝓯𝓪𝔃𝓮𝓻, 𝓶𝓮𝓼𝓶𝓸 𝓷𝓪̃𝓸 𝓼𝓪𝓫𝓮𝓷𝓭𝓸 𝓶𝓾𝓲𝓽𝓸 𝓼𝓸𝓫𝓻𝓮 𝓸 𝓣𝓱𝓮 𝓦𝓱𝓸. )

O ano é 1966 e eu estou bastante confortável no lado esquerdo da grande de cama de casal do meu melhor amigo, perdendo de vista a figura mais alta que deveria estar deitada ao meu lado adormecida, visto que pela pouca claridade que entrava pela fresta da janela, nem deveria se passar das sete da manhã. Tamanha intimidade para duas pessoas de sexos opostos exige alguma explicação, certo? Então comecemos do início: Eu e Pete somos amigos desde a mais tenra idade e apesar de não termos essa história doida de mães amigas desde o colegial e colegas de berçário, e gravidez dupla, tudo entre nós sempre foi especial sendo simples.

Nossas mães eram vizinhas, colegas e completamente irresponsáveis e meio negligentes devido ao vício em álcool, então de primeira nós éramos grudados um no outro apenas porque éramos obrigados por pessoas bêbadas e meio violentas, mas de pouco a pouco passamos a ser amigos inseparáveis e cuidávamos um do outro como ninguém mais fazia. Ele dormia na minha casa quando os pais brigavam, passávamos horas em um parquinho próximo, lendo e cuidando de um cachorrinho abandonado que vivia por perto e até tínhamos o costume de tomar banho juntos. Ele não era fã de penteados diferentes, mas me deixava brincar com o cabelo dele e fazer tranças enquanto a água da banheira esfriava sem que déssemos a mínima.

Quando Pete foi morar com a avó, eu fiquei doente de saudades, me recusando a comer qualquer coisa dentro e fora de casa, dormindo pouco e chorando escondida, esperando que Pete magicamente aparecesse no meu quarto, como sempre fazia no início das tardes de domingo. Então minha mãe me deixava por lá pelo fim de semana e as vezes me buscava no mesmo dia, quando as reuniões dela com o AA acabavam. E eu sempre chorava para ir embora, sabendo que ele odiava estar ali sem mim, e eu odiava ficar em qualquer lugar que não pudesse passar horas observando aqueles olhos azuis profundos. Acho que não preciso dizer que quando ele voltou a morar com os pais, - que reataram o relacionamento depois de comprar uma casa em Acton, longos dois anos depois - fiz de tudo para convencer minha mãe a se mudar também e melhorei completamente daquele aperto horroroso no peito quando pude voltar a vê-lo todos os dias.

Já um pouco mais velhos, tínhamos muitos livros de romance em uma estante velha no meu porão, dos quais eu cuidava com muito carinho e sempre tinha um á disposição quando queríamos fujir um pouco da realidade. Algo quente cresceu no meu peito quando Pete começou a tomar o lugar dos protagonistas dos livros enquanto eu lia sozinha, sempre beijando minha bochecha e segurando minha mão, tudo em minha mente de criança apaixonada, claro.

Um último detalhe que acho que devo mencionar aqui, é sobre a nossa época em escolas separadas. Eu estudava em um colégio apenas para moças e Pete passou no exame onze-plus e foi estudar na Acton Country Grammar, onde ele sofreu um bullying absurdo pelo tamanho do seu nariz e isso deixou feridas profundas e abertas que o atormentam até hoje, mesmo que eu sempre diga que o ache adorável de todos os jeitos.

(...) ( P.O.V Narrador)

"De onde você tira disposição pra' acordar antes das nove? Pelo amor de deus, Pete, ou você dorme mais ou vai começar a quebrar suas guitarras no palco por acidente!" Você exclamou um tanto grogue, pegando a garrafa de leite na geladeira enquanto ele te observava com um olhar divertido no rosto risonho parcialmente escondido pela xícara de café forte.

𝑰𝒎𝒂𝒈𝒊𝒏𝒆𝒔 𝒆 𝒑𝒓𝒆𝒇𝒆𝒓𝒆𝒏𝒄𝒆𝒔 𝒓𝒐𝒄𝒌𝒔𝒕𝒂𝒓𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora