"Eris..."
"Eris..."
Uma voz gentil paira sobre o ar como um sussurro.
Abro meus olhos lentamente. Estou em uma sala com camas enfileiradas; no canto há um gabinete com janelas de vidro expondo os remédios guardados acima da prateleira, uma foto pendurada perto da estante, não dá para ver direito por conta da escuridão. Algumas janelas estão abertas, janelas gigantes ogivais dando vista para as árvores do jardim iluminadas pela lua.
Por quanto tempo eu apaguei?
Será que eu morri de overdose? Isso é uma espécie de "limbo"? Não sou religioso ou nada do tipo, tudo o que eu sei é que deus me abandonou desde o momento em que respirei.
Ainda assim, eu posso estar delirando. Isso é tudo. Se eu estivesse morto, eu saberia.
Inclino meu corpo para ver melhor o ambiente, logo vejo uma silhueta em frente à minha cama. - esfrego os olhos ainda com sono - Ainda está aqui, a silhueta se aproxima da luz da lua mas não perto o suficiente para revelar sua face. Mesmo assim, consigo ver os traços da cintura fina, coxas definidas... Quando elu chega mais perto, seus olhos dourados reluzem sobre a lua, aquele mesmo sorrisinho exibindo levemente os caninos.
-O que está fazendo aqui? - digo entre dentes.
Sinto uma onda de calor quando elu paira sobre os pés da cama, posso ver claramente seus quadris se moverem ao posicionar as coxas na beirada do colchão macio bagunçando os lençóis, logo suas mão pressionam a colcha exibindo suas unhas negras e afiadas. Meu coração nunca esteve tão acelerado, é como se eu pudesse colapsar a qualquer tempo, elu sabe - elu vê em meus olhos - e eu sei que isso de alguma forma o agrade, talvez isso... me deixe arrepiado de um jeito diferente.
Isso... - Em questão de segundos sinto a pressão de suas cochas e quadris contra os meus, elu estava bem em cima de mim; hesito em colocar minhas mãos sob sua cintura, portanto, minhas mãos são guiadas quando elu perceve minha relutância e um sorriso malicioso surge em seus lábios. - É o seu subconsciente manifestando o seu desejo mais profundo. - As palavras foram sussurradas contra o meu ouvido, sinto algo queimar dentro de mim.
-Quem é você? - nossos rostos estão a centímetros de distância, seus cabelos brancos roçando meu rosto; continuamos a nos encarar como se ambos de nós fossemos quebra-cabeças ambulantes tentando se decifrar. Então, elu ri com luxúria.
-Você sabe quem eu sou. - suas mãos tocam meu peitoral fazendo movimentos circulares e por fim subindo até o pescoço, tremo diante de seu toque mas eu permito que continue - na verdade, eu gosto que me toque - , aquelas mãos quentes e macias acariciam meu rosto e eu me inclino em direção a sua face. Eu quero beijar-le esta noite, ao invés disso, elu pega o travesseira que eu usara:
-Está na hora de acordar, Eris.
-Esp... - Antes que eu pudesse terminar a frase, elu levanta o travesseiro para pressionar contra minha cara.
⚔
Sou impulsionado a me levantar da cama da enfermaria, os lençóis bagunçados revelam que eu andei me contorcendo durante o "sono" assim como o pescoço suado - tudo está normal - . Reflito ao olhar o ambiente, acredito que seja o final da tarde.
-Eris...- dou sobresalto ao escutar a voz familiar, me deparo com o rosto de Aiden quando olho para o outro lado do leito, seu rosto tenso. Fico "pálido" com a surpresa.
-Por quanto tempo eu dormi?
-Quatro horas, o suficiente para perder os horários mais importantes. - eu me pergunto que história ele inventou para a enfermeira. - Caso esteja se perguntando, eu disse a enfermeira que você teve uma crise alérgica. - suspiro aliviado.
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ʜᴇᴀʀᴛ ᴏғ ɢʟᴀss-[ᴘᴛ/ʙʀ]
De TodoUma sociedade onde os metamorfos vivem escondidos dos comuns ("humanos"). Seres super-humanos com "dons" divinos são chamados de metamorfos; os anjos rejeitados por Deus e condenados a viver entre os naturais (a humanidade), o que os levou a governa...