21| Como se perde - Parte 5

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NO DIA SEGUINTE se preparou mentalmente para voltar ao galpão e levar Dorian até a agência, tentava ignorar o que havia acontecido na noite anterior e daquela vez não entrou sem bater, para evitar constrangimentos e talvez uma tentação.

Bateu à porta e esperou até que ele abrisse, porém sequer escutou seus passos, pensando que talvez ele não tivesse ouvido, bateu novamente e chamou, esperando mais uma vez. Nenhuma resposta veio. Começou a estranhar aquilo, Dorian não costumava demorar tanto para abrir a porta e era improvável que ainda estivesse dormindo, ele sempre se levantava muito cedo. Não tinha outra escolha a não ser adentrar. Estranhamente a porta já estava aberta e o lugar parecia vazio. Frustrada e esperando que Dorian estivesse escondido em algum lugar, adentrou, esbravejando:

— Dorian, você tem que parar com essa sua mania de me ignorar e nunca abrir a porta.

O que ela não havia notado até então, era que o silêncio de Dorian não era proposital. Assim que se aproximou do sofá, o encontrou caído bem abaixo do mezanino. Correndo em sua direção, ela se abaixou rapidamente, segurando seu rosto e o chamando:

— Dorian! Dorian, acorda! Fala comigo, vamos!

Por mais que Melina o chamasse e até desse leves tapinhas em seu rosto, o resultado era o mesmo. Dorian continuava inconsciente. Melina já se levava a mão ao bolso para pegar o celular e chamar a ambulância quando escutou um barulho suspeito vir do banheiro. Receosa ela levou a mão ao coldre e puxou a arma, se levantou vagarosamente, ainda com a mão estendida sobre Dorian, como se quisesse o proteger de algo, a passos lentos avançou em direção ao banheiro, com a arma empunhada à frente do corpo, e abriu a porta bruscamente, dando meia volta em seguida e verificando se havia alguém escondido atrás dela. Estanhou a janela escancarada daquela forma e se moveu até ela, procurando por qualquer pessoa que tivesse passado por ali, mas não avistou nada.

Voltou para o galpão e novamente passou por Dorian, o observando, e subiu as escadas do mezanino, constatando que ali também não havia ninguém. Desceu rapidamente, guardando a arma e se abaixou ao lado de Dorian novamente, verificando seu pulso e sua respiração, notando também um ferimento do lado direito da testa. Pegou o celular e rapidamente discou o número de emergência que a agência tinha, sabia que atenderiam prontamente, não poderia arriscar uma demora e permanecer ali sem saber o exato estado de Dorian.

— Agente Singh falando. Preciso de uma ambulância com urgência na avenida 45, número 53. Vítima inconsciente com ferimento na cabeça, sinais vitais normais e estáveis. – Assim que foi questionada sobre o que havia acontecido, ergueu os olhos para o mezanino, quase visualizando o que havia acontecido – Acredito que provavelmente seja queda.... Certo, estou à espera.

Assim que desligou o celular, a primeira coisa que fez procurar por algo que pudesse usar para estancar o sangue de Dorian, a cabeça dele sangrava em demasia e sem saber mais o que deveria fazer, Melina optou por fazer a única coisa que estava a seu alcance.

Depois de quinze minutos de espera, ela já se encontrava angustiada, ligou novamente pedindo uma ambulância e foi informada de que já estava a caminho, mas aquilo não servia para amenizar sua preocupação, principalmente porque Dorian continuava desacordado. Aquilo não poderia ser normal.

— Vamos, Dorian, acorde! O que está acontecendo? Já deveria ter acordado.

Apenas se permitiu suspirar aliviada quando a ambulância chegou e o levou às pressas para a clínica. Apesar se sua preocupação, a primeira coisa que Melina fez foi pedir para Max verificar as gravações do galpão, era a única forma de descobrir o que havia acontecido com Dorian.

Assim que pôs os pés na agência e avistou o olhar preocupado de Max, soube que algo bom não devia ter acontecido.

— Conseguiu verificar as filmagens? – Perguntou, se aproximando.

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