|9|

559 67 46
                                    

KURT REED

Às vezes me perguntava quando as vidas das pessoas se tornavam tão distorcidas. Era o destino desde que nascemos? Ou foi as consequências das escolhas dos nossos antepassados que fizeram o nosso caminho já predefinido? Foi quando entramos no colegial e aprendemos o que era a depressão e ansiedade, talvez aí quando percebemos que a vida não era como pensávamos tudo desandava?

Talvez para alguns.

Eu gostava da ideia de que desde que minha mãe engravidou eu já tinha minha vida toda escrita desde o início, meio, fim. Veja: eu iria ter uma infância anormal, na adolescência não poderia fazer as escolhas que eu queria e seria um aluno perfeito na escola particular, já adulto eu entenderia as regras e tomaria o império do meu pai me tornando sua cópia perfeita. Eu não reclamava, eu não fazia birra, eu não era fraco.

Foi assim que meu pai escreveu minha vida.

Mas também eu gosto de pensar que a fruta não cai tão longe do pé, eu sou isso tudo, mas eu não era o meu pai. E um dia, eu o mataria, e faria ele pagar por tudo o que fez. Essa era a coisa que nos aproximávamos, meu pai não hesitaria em me matar se ele me visse uma ameaça assim como eu não pensaria duas vezes antes de dar dois tiros em sua testa.

Agora não era uma questão de e se, mas sim de quando.

O que Levi Reed não sabia, era jogar conforme as regras do jogo. E ter paciência, e é por isso que seu fim está mais próximo do que ele imagina. Eu tinha as duas coisas ao meu lado.

E é exatamente por isso, neste exato momento, que acato sua regra de vigiar um pavilhão de drogas que será transferido para o nosso território. Depois do assalto da última entrega ele ordenou que eu fiscalizasse essa, e sendo bem sincero não era uma má ideia.

Eu estou arrumando minhas luvas e observando minha moto quando Andrew monta na sua moto e passa a mão pelos cabelos. Seus olhos cor de mel observando Hayden e Denner do outro lado da garagem da minha casa enquanto discutiam sobre quem iria pegar qual moto.

— Então — eu disse ainda ajustando minhas luvas. —O que foi? — Eu conhecia meu irmão muito bem, ele está inquieto desde que chegou aqui. Seu pé não para de bater, toda hora ele passa a mão pelo cabelo, e seus olhos as vezes ficam dispersos.

— Mallory — ele suspira, finalmente ergo os meus olhos com o seu tom tenso. — Sinto que ela está escondendo alguma coisa de mim.

— Por quê?

— Desde que ela foi jantar com sua irmã, ela voltou mais pensativa — ele dá de ombros simplesmente. — E eu fiquei desconfiado, ela demorou muito para chegar naquela noite. Não acho que foi simplesmente um jantar — ele bufou. — Mas eu não liguei para ela ou a importunei, meio que achei que ela gostaria desse tempo a sós com a irmã.

— Chasina é estranha pra caralho — Denner disse se metendo no meio de nós dois. — Tipo, muito! Ela é maluca, cara. Não sei como Mallory é irmã dela, são totalmente opostas.

— Bem, isso acontece quando sua vida é uma merda — respondo tranquilamente. — Não somos todos normais, somos? — ironizei fazendo Hayden rir.

— Mas ela é de outro nível — Denner disse descrente. — Tipo, ela com certeza colocaria uma bala em minha cabeça se eu pisasse no pé dela — seus olhos se arregalaram com a ideia e eu rio.

— Ele não está totalmente errado — resmungou Andrew cruzando os braços. — Mas falando sério, sinto que Lily está escondendo alguma coisa para mim. E não há segredos entre nós desde que eu contei para ela a verdade — suspirou. — Não segredos entre nós — afirmou novamente como se quisesse acreditar em suas palavras.

DARK ANGEL (FINALIZADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora