Capítulo 2 - Aposta.

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Após uma semana de aulas, as ofensas nos armários começaram a diminuir, e eu me isolei naquela enorme escola. Não falava com ninguém. Não olhava para ninguém. Ignorava, quem quer que fosse se mexesse comigo. E depois de um tempo, vendo que o efeito das ameaças não funcionavam mais, algumas pessoas pararam de me incomodar. Menos Baekhyun.

Byun Baekhyun, é o garoto mais arrogante, imaturo e mesquinho, que eu poderia conhecer. Ele maltratava qualquer um que entrasse no seu caminho, apenas por ser um dos mais ricos da instituição. Então, imagine o que ele fez comigo. A garota pobre.

Por mais que eu o ignorasse, ele continuou a me perseguir.

E só depois de uma semana, eu percebi que ele não gostava, nem um pouco, de ser ignorado, principalmente, por mim.

Foi numa segunda-feira, estava no meu armário pegando as matérias do dia quando um vulto me surpreendeu, de início imaginei ser Chanyeol, um garoto alto de olhos puxados, mas para meu desapontamento instantâneo era Baekhyun.

Não conseguira falar com Chanyeol desde o primeiro dia de aula, ele conseguia se esconder muito bem dentro do Colégio, e as raras vezes que eu o via perambulando pela instituição, Baekhyun estava a me encarar, então evitava mostrar interesse.

Suspirei. O garoto riu.

"Você gosta de música." Observou, ele encarava o teto, perdido em devaneios divertidos.

"Hum." Concordei.

"Eu reparei." Ele sorriu.

Fiquei confusa, ele estava sendo gentil comigo?

"O que você quer?" julguei.

"Uma garota estúpida como você, não tem a mínima chance de se tornar uma cantora famosa." Alfinetou.

Engoli em seco. A música, fora uma das coisas que haviam me trazido para essa escola. Eu sempre amei compor e cantar, e sabia que no Colégio Henry Morgan tinha uma variedade enorme de instrumentos, e aulas de gêneros.

"Não tem talento algum." Completou ele.

"Como sabe?" rebati. "Nunca me ouviu cantar." Ergui minha cabeça, e o encarei nos olhos.

Baekhyun gargalhou.

"Como soube?" questionei.

"O que?" o coreano cruzou os braços.

"Que gosto de música?" abracei meus livros num ímpeto inútil de me proteger.

Ele me olhou de cima a baixo com desdém.

"Você vive na frente do prédio Musical, além de seu chaveiro de pobre ser uma clave de Sol." Explicou.

Os prédios no Colégio eram nomeados de acordo com o que se ensinava dentro deles, e o Musical, tinha claramente a ver com música.

Encarei meu chaveiro, preso na minha bolsa. Ele tinha razão. Eu perambulava sempre na frente do prédio de música, porém nunca tinha coragem suficiente de entrar.

"Graças a você." Apontei o dedo para o rosto dele, e ele recuou, surpreso com a minha atitude. "A escola toda me odeia." Conclui.

Baekhyun segurou meu braço forte e me pressionou contra os armários. Ofeguei assustada.

"Não aponta o dedo pra mim, pobre. E a escola te odeia, porque você não tem, simplesmente onde cair morta, aqui não é seu lugar, só você não percebe isso." Ele chegou suficientemente perto para que eu pudesse sentir sua respiração.

"Eu sei que não estou no meu lugar." Revidei.

Eu estava com medo, mas as palavras presas na minha garganta apenas continuaram a sair.

"Mas eu não posso ir embora, se pudesse já teria ido, para não ter o desprazer de cruzar com você por ai." O fiz me soltar e andei a passos pesados para longe dele.

Ele não se mexeu, ou me seguiu.

• • •

Para a minha infelicidade, Baekhyun estudava na mesma sala de Física comigo. E durante toda a aula do professor Rudersberg, ele passou me encarando. Só desviou o olhar quando o amigo, Kim Jongin, se retirou da sala, sem mais nem menos. Respirei fundo. Eu não podia me estressar, ou xinga-lo, se o fizesse estaria, literalmente, morta.

O professor limpou a garganta.

"Senhor Baekhyun." Falou.

O coreano se virou com um olhar de despreocupação.

"O Senhor veio para estudar Física, ou a anatomia da Senhorita Emily?" cutucou o professor.

A sala toda se desfez em risadas.

Observei Baekhyun bater um dos pés impaciente no chão.

"Não." Ele mordeu os lábios. "Calem a boca!" ordenou, e a sala toda aquietou-se.

"Baekhyun, o senhor não é autoridade alguma dentro dessa sala." Revidou Rudersberg.

"Eu sou a autoridade, onde quer que eu esteja." Disse levantando-se e indo em direção da porta.

O professor não se pronunciou contra a saída dele da sala, mas quando ele me pegou pelo braço a força, e puxou-me para fora, ouvi Rudersberg gritar furioso:

"O que está fazendo?!"

Baekhyun o ignorou.

"Não pode...!" começou o professor, incrédulo com a situação.

"Eu posso o que eu quiser."

Tentei me soltar, porém ele era muito mais forte, e me vi arrastada até o pátio.

"Hey!" gritei.

Ele continuou a me puxar pelo campus da escola.

"Para onde está...?" chegamos ao prédio intitulado Musical.

Como aquele prédio era grandioso. As notas musicais estampadas em sua faixada, através das janelas de vidro dava-se para ver pessoas tocando, cantando, e podíamos ouvi-las também.

Então, ele me soltou. O encarei atordoada.

O que aquele idiota estava fazendo?

"Tenho uma proposta a te fazer." Falou com um sorriso maroto nos lábios.

"E qual seria?" cruzei os braços.

"Uma aposta." Riu-se ele.

Me arrepiei ao imaginar que tipo de aposta o garoto iria propor.

"Que tipo de aposta?" o encarei nos olhos.

"Eu duvido que você saiba cantar. E eu acho que não sabe que eu tenho uma banda." Informou.

Eu o analisei com desconfiança.

"Vamos fazer uma disputa: minha voz versus a sua." Ele indicou minha garganta e a dele. "Quem ganhar tem o que quiser do outro." Propôs.

"O que eu iria querer de você?" levantei as sobrancelhas.

"Que eu te pedisse desculpas, ou me humilhasse pra você." Sugeriu, dando de ombros.

A ideia do garoto mais esnobe da escola me pedir desculpas, fez com que eu sorrisse.

"Então, aceita?" Baekhyun ergueu a mão para que eu pudesse aparta-la.

"E se você ganhar?" questionei. "Vou ter que sair da escola?" disse irônica.

Ele riu.

"Não." Ele balançou a cabeça como se eu estivesse a imaginar coisas inúteis. "Terá que ser minha escrava por um mês." completou.

Aquele sorriso maroto de quem ganha todas me irritou.

O ímpeto de tirar aquele sorriso do rosto dele foi maior que o meu medo de perder a aposta. E antes que fosse possível evitar, já havia apertado sua mão.

Love Hurts • Baekhyun •Onde histórias criam vida. Descubra agora