A madrugada começava a perder espaço para uma manhã ensolarada, o sol preenchia cada pedaço do jardim cercado, expulsando a madrugada fresca e silenciosa. Chaya preferiria o frescor da madrugada e a luz da lua, ao invés do escaldante sol, que começava a brotar.
Havia tido pesadelos toda vez que pegava no sono, o mesmo há semanas. A exaustão ameaçava seus ossos, lhe fazia ter dores de cabeça. Sabia que precisava descansar, mas não conseguia parar de tremer sempre que acordava. O mesmo pesadelo há semanas. Uma besta quadrúpede correndo em sua direção, um homem caía no chão sangrando mas ela não conseguia ver o rosto, ele gritava para que ela corresse, com seu último fôlego, e um outro homem aparecia e enfiava uma adaga na sua barriga.
E de repente, acordava, sobressaltada e suando todo o lençol. O horror sempre era o mesmo, o roteiro nunca mudava, ela nunca conseguia salvar o rapaz e nem a si própria.
E mais uma madrugada, descontava tudo no grande saco de porrada pendurado na árvore do jardim. Até que o canto dos pássaros começasse e a luz do sol aparecesse. Como se de alguma forma pudesse socar aquele pesadelo para fora de sua mente.
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Coroa de ouro e mentiras
RomanceA paz reina há muitas décadas em Corpúlus. As crianças brincam nas ruas, as pessoas riem paradas em enormes filas para entrar em qualquer boate, e Chaya aproveita seus últimos dias antes de saber que sua vida terá um novo destino. Após ter sua vida...