VII

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A noite tortuosa demorou a passar, e no instante em que finalmente adormeci, meus sonhos foram todos repletos de coisas referentes a Sonic. Mesmo assim, quando tive a oportunidade de pregar os olhos e descansar, a porta da frente bateu, e cheio das olheiras, desci as escadas meio dormindo e meio acordado.

Destrancando e girando a maçaneta, a luz forte do sol me cegou, e por algum tempo, cocei os olhos em desespero, piscando até me acostumar. Assim que capto os lumes brilhantes de Sonic, meu coração ainda sonolento dispara, a sensação de borboletas na barriga reaparecendo.

- Viu só? Eu não sumi! - O sorriso de orelha a orelha com que disse isso por muito pouco não me fez derreter, correndo para seus braços, sendo retribuído.

Já mais animado, deixei-o esperando na cozinha enquanto lavava o rosto e ajeitava os espinhos, além do quarto bagunçado, querendo que tanto a casa quanto eu estivéssemos na melhor condição para sua ilustre visita.

Voltando para o outro cômodo, perguntei-lhe o que desejava comer, e dessa vez, sua escolha foi waffles. Como um bom bobo apaixonado, fiz tudo que queria, olhando-o comer com a maior cara de babão.

- Eu poderia comer todos os dias seus deliciosos cafés da manhã e nunca me cansaria!

A ideia de preparar um café diário para o garoto, acordando sempre ao seu lado, fez meu rosto enrubecer, um vermelho tão rubro quanto vinho tinto. Sonic nem percebeu, alternando entre comer os waffles e beber o leite que lhe servi.

Ele não tardou a acabar a comilança, sua carinha satisfeita sendo o suficiente para alegrar meu dia inteiro. Lavei toda a louça como um cachorrinho obediente, sentindo o olhar de Sonic em mim pelas costas. Enquanto o fazia, recebi um abraço por trás dele, que não parecia nem um pouco incomodado em demonstrar tanto afeto.

Enfim acabando com tudo, virei-me para ele, as costas escoradas no balcão da pia. O azulado jogou seu peso contra mim, aproximando-se o suficiente para darmos um selar demorado, nossos lábios encaixando-se com maestria.

- Temi que fosse embora novamente - sussurrei após o término do beijo, ainda de olhos fechados, saboreando o momento.

- Sinto muito assustar você assim. - Sonic abraçou-me, deitando a cabeça em meu peito. Carinhosamente, envolvi os braços ao seu redor. - Eu prometo que não vou sumir mais.

Com as costelas doendo, guiei-nos até a sala, onde nos sentamos, desta vez com o ouriço azul em meu colo, manhoso e carente. Continuei dando carícias em seus espinhos, recebendo vez ou outra ternos beijos dele.

- Shadow, eu gosto de você desde que te vi pela primeira vez no orfanato - confessa ele, suas íris presas às minhas.

- Eu sinto o mesmo, Sonic - retribuo, nossos sorrisos falando mais do que qualquer palavra.

- Então... nós estamos namorando?

Sorri ladino, o colocando sentado no móvel e levantando logo atrás.

- Não podemos começar a namorar com algo desse porte. Você merece mais. - Afastando-me alguns passos, ajoelhei em uma perna, o olhar penetrante. - Sonic, eu te amo faz tanto tempo, e mesmo naquela época, meu maior desejo era poder nominá-lo de meu. Eu sou seu, sempre fui, mas preciso saber se você também quer se entregar de corpo e alma a mim. Então, Sonic The Hedgehog, você aceita ser oficialmente meu namorado?

Sem pensar duas vezes, o menino pulou do sofá em minha direção, atirando-se para cima de mim em um abraço apertado, praticamente rindo e chorando ao mesmo tempo.

- Sim!! É o que eu mais quero no mundo inteiro!

Juntando nossas mãos como um verdadeiro - e agora real - casal, selamos nosso amor e comprometimento com um longo beijo, expressando a partir dele todo o amor que controlamos desde nossa primeira troca de olhares, além de tudo que sentíamos naquele momento, contentes por oficializar algo que tanto desejávamos.

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Estávamos ambos atirados um por cima do outro em minha cama, trocando carinhos e brincadeiras bobas, completamente apaixonados. Apenas um olhar alheio era suficiente para acabar comigo, e saber que agora éramos mesmo namorados deixava meu coração aquecido como se estivesse em frente a uma fogueira em um dia frio de inverno.

Algo naqueles momentos os deixavam únicos, claramente inesquecíveis.

Em um segundo de distração, recordei-me de Silver e nosso grupinho, e ter Sonic comigo elevou minha vontade de juntar-nos todos novamente.

- Sonic? - chamei-o, continuando após obter sua atenção. - Quero te apresentar a um amigo. Tudo bem?

Seu sorriso se alargou, a sensação confortável entre nós se estendendo.

- Eu adoraria conhecer todos os seus amigos! Podemos marcar, e algum dia podemos fazer um piquenique convidando os seus e os meus! Isso vai ser incrível!

A animação de sua parte alegrou-me ainda mais, sendo obrigado a deixar mais um breve selar em seus lábios macios.

- Está bem. Vou marcar com meu melhor amigo.

Sonic concordou com a cabeça, voltando a deitá-la sobre meu peito, não tardando a adormecer ali. Também cansado pela noite mal dormida, desabei em um sono profundo conjuntamente consigo, nossas respirações se unindo em algum momento, assim como as batidas sintonizadas de nossos corações contentes por finalmente termos um ao outro.

Os Mil e Um Você (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora