Trancas, bebidas e paranóias

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Narrador

No dia seguinte Enid comprou novas fechaduras e acrescentou mais trancas em seu apartamento. O simples fato de uma qualquer entrar assim na sua casa era absurdo. O golpe do aluguel poderia ser verdade, mas até agora mais ninguém chegou alegando ter alugado o apartamento também.

-Seja quem for aquela maluca...- Falava enquanto usava a furadeira para parafusar suas novas trancas- Ela não entrará aqui. Quem ela pensa que é?

Depois disso, Enid decidiu tomar um banho quente. Finalmente, depois de semanas iria sair. Precisava espairecer mais. E nada melhor do que ir tomar umas com sua melhor amiga Yoko. A essa altura, seus fígados pediam socorro, visto que ultimamente Enid só sabia beber e comer besteiras.

-Eu já falei para você dar o fora daqui!

-AAAAA!!- Enid, quase escorregou enquanto saia do box. Ela estava nua e o primeiro instinto foi cobrir suas partes íntimas a tempo o suficiente para pegar seu roupão de banho.- Mas que... Ué, cadê ela?

***

-Então, minha coelhinha finalmente resolveu sair da toca?- Yoko , perguntou enquanto trazia duas garrafas de cerveja. - E caramba... Vc tá acabada viu? Tem dormido bem? O que aconteceu?

-Hunf... Já disse para não me chamar assim.- Enid falou fechando a cara. E não, não aconteceu nada ok? É só que eu ainda não me acostumei com o apartamento novo.

- Tá, e você me chamou pra nada? Só pra ficar bêbada? E o apartamento, achava que você tinha gostado.

- Eu gostei é só que sei lá, não gosto de mudanças sabe? ... E também.. Eu ando vendo uma pessoa- Enid falou se sentindo envorgonhada. Envergonhada, por que estava com medo de se sentir julgada ou ser chamada de estranha pela melhor amiga. E isso porque Yoko era terapeuta.

-Vendo uma pessoa? É isso aí Sinclair finalmente!- Yoko falou empolgada.

-Você acha isso bom?- Enid perguntou ainda pensando se falava ou não sobre a maluca que aparece estranhamente em sua casa.

-Ora mas é claro que sim! Bom, da última vez que tentei arrumar um encontro para para você, a bonita aqui furou. A garota deve ter achado que eu sou uma mentirosa. Minha imagem de cupido foi estragada por sua culpa tá! Mas veja só agora, pelo simples fato de você mesma ter tido essa iniciativa já é algo muito importante.

-Yoko...- Enid a interrompeu, já decidida a contar tudo o que queria desde que chegou ali.- Eu estou querendo dizer que estou vendo alguém que não está lá!- Agora ela estava sussurrando.

-Ahh, então ela é comprometida? Poxa que talarica.- Yoko disse rindo enquanto dava um gole em sua garrafa de cerveja. Sua feição mudou quando  percebeu que Enid estava falando sério.- Ahh... Então é uma alucinação?- Ela mudou rapidamente de postura.

-Aconteceu duas vezes no meu apartamento. Uma mulher.

-E ela é atraente?- Yoko disse rindo enquanto pegava um bloquinho de notas e uma caneta em seu sobre tudo.

-Yoko! Ela não está lá!- Enid disse alto. Estava se irritando.

-Tá bom, tá bom. Ok, então quando você viu essa mulher, você estava bêbada?

-N- não- Enid mentiu- Eu bebi um pouquinho.

-Olha, nem adianta mentir, isso não ajuda em nada ok? Pode ir falando a verdade.

-Tá, tá! Eu estava bêbada sim. Mas de qualquer forma, eu não devia estar vendo uma mulher de cabelos longos e de certa forma controladora, perambulando pelo meu apartamento!- Enid falou se sentindo estressada. Yoko já havia notado que ela tinha tido muitas oscilações de humor desde a última vez que se encontraram.- Ei e porque você está anotando isso? Nem estamos em sessão porra!

E se fosse verdade Onde histórias criam vida. Descubra agora