Extra l - Olhos vermelhos

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Vegas viajou por alguns dias para uma pequena negociação entre territórios junto de Boun e Porsche. Pete havia sido convidado a ir pelo alfa, mas havia decidido ficar para cuidar de seu pequeno coelhinho que já era um verdadeiro homenzinho, o tempo tinha passado rapidamente desde dos últimos acontecimentos caóticos em sua vida, nem parecia que algum dia teve que se esconder e viver como um foragido, tudo aquilo parecia ter sido apenas um sonho ruim do qual ele vai acordado para viver em paz. As coisas agora estavam bem, Vegas era o alfa que sua mãe sempre desejou para ser seu companheiro, o amava imensamente e cuidava muito bem de si, mesmo que às vezes ele fosse um pouco teimoso, não poderia ter tido sorte melhor do que aquela, um companheiro tão bom e compreensivo como Vegas.

Mas durante esse tempo, Pete manteve uma pequena curiosidade em sua mente, os olhos vermelhos de Vegas que brilharam intensamente quando Gwi ainda estava em suas vidas, o jeito de agir e se comportar do alfa que também havia mudado naquele tempo, apesar de ainda ser Vegas havia algo completamente diferente nele, como se fosse outra pessoa ali, o controlando. Apesar de sua curiosidade, Pete nunca perguntou diretamente ao companheiro sobre aquilo, guardou aquela questão apenas para si a deixando de lado, afinal não importa o que Vegas fez naquela época e o método que foi usado para executar suas ações, ele amava aquele homem e nada mudaria isso, entretanto queria realmente entender aquela parte do alfa por isso decidiu conversar com Kinn, sobre aquela pequena peculiaridade. Quando finalmente seu pequeno coelhinho dormiu naquela noite, desceu as escadas da enorme mansão e se dirigiu ao escritório onde seu cunhado permanecia, Kinn estava no comando enquanto Vegas estava fora, o alfa o recebeu com um sorriso gentil indicando para ele se sentar.

— Olá, Pete — ajeitou-se sobre a cadeira — Ainda acordado?

— Estava colocando Venice para dormir — sorri — E daqui a pouco tenho que ir trabalhar.

— Sabe que não precisa, afinal Vegas é dono da cidade — riu suavemente.

— Às vezes me esqueço disso — acompanhou o mais velho, rindo também — Eu trabalho porque gosto, enlouqueceria se ficasse aqui o dia todo.

Kinn apenas assentiu compreendendo o mais novo, Porsche costumava dizer a mesma coisa.

— Posso perguntar, o que lhe traz até aqui — o encarou — Vegas ainda vai demorar a voltar.

— Não vim por causa dele, quer dizer, não por esse motivo — suspirou — Quero lhe fazer uma pergunta.

— Vá em frente.

Pete respirou fundo antes de continuar, esperava que Kinn pudesse lhe dar a resposta que tanto precisava, mas se não a conseguisse, falaria diretamente com Vegas.

— Quando Gwi ainda estava vivo, pouco tempo depois quando Boun voltou — exita por alguns segundos — Os olhos dele, estavam diferentes, mais vermelhos que o normal. Porquê?

— Ah, isso. Bom — Kinn o encara — É um caso realmente particular, não está exatamente ligado ao DNA dele, é como algo que apenas faz parte de si.

— Poderia me explicar melhor?

O ômega não deixa de notar a exitação em Kinn, o alfa mexe suas mãos nervosamente por alguns segundos, antes de colocá-las sobre a mesa e respirar profundamente. Ele sorri, antes de começar a falar qualquer coisa e Pete se sente subitamente ansioso.

— Vegas é uma alfa lúpus como já sabe, assim como eu sou um, atualmente não há tantos com um sangue raro como nosso por aí, isso faz de nós únicos de certa forma — pondera antes de continuar — Mas isso é irrelevante quanto a questão de seus olhos. Na verdade, isso veio surgir depois que o pai dele foi morto e entramos para máfia, Vegas claramente não havia esquecido a forma brutal que mataram o meu tio e ele queria vingança, Macau sempre tentou convencê-lo de aquilo não era o melhor, porém, eu podia ver que nada mudaria seu ponto de vista, então um belo dia Vegas sumiu. Nós não sabíamos onde ele estava e o que estava fazendo, duas semanas depois ele voltou com os olhos daquele jeito.

Kinn por alguns segundos pareceu distante, como se sua mente estivesse perdida em suas lembranças.

— Ele estava diferente, seu jeito de agir e falar, mais cruel, mais perigoso. Por mais que fosse o Vegas, meu primo, não era ele ali na nossa frente naquele momento...parecia algo como...

— Uma segunda pessoa ou personalidade? — pergunta.

— Sim, exatamente isso. Vegas tinha uma personalidade fora do contexto de seu real eu e seu irmão acreditávamos que aquilo era o seu lobo no comando, mas casos onde o lobo e o humano são conscientes um do outro se tornaram raros ao longo tempo.

Em um certo tempo era fácil encontrar, raças onde lobo e humano dividiam seus subconsciente, dividindo não só os pensamentos mas também o corpo físico, situações onde o lobo assumiu temporariamente o corpo de seu humano era completamente comum, mas com o passar dos anos esse tipo de interação sumiu por completo não existindo nenhum caso onde isso ainda acontecia, Vegas era um caso extremamente único.

— Então, o lobo do Vegas e ele dividem seu subconsciente?

— Isso, enquanto Vegas prefere agir com o máximo de descrição possível, seu lobo não se importa nem um pouco em matar e destruir — dá de ombros — Nós nunca nos incomodamos com isso, não fazia diferença, ele quase nunca estava aqui a não ser quando sentia-se ameaçado, ou ameaçavam alguém que ele ama.

Por alguns segundos, Pete processou aquela informação em sua mente, era algo realmente novo para si e um pouco surpreendente.

— Isso muda o que você sente por ele? — Kinn perguntou de maneira cautelosa.

— Nada mudaria o que eu sinto por Vegas, só é surpreendente e novo — sorri — Há algum outro momento que ele surge?

— Bom, quando Vegas está no cio. Vocês...é...não passaram...você sabe...

— Não, ele passa os cios sozinho — dá de ombros — Eu me ofereci, mas ele não quis.

Pete nunca questionou aquele pequeno fato em seu relacionamento, na verdade não fazia tanta diferença, respeitava os desejos do alfa e nunca em nenhum momento iria contra um pedido seu, agora que sabia daquela pequena condição em especial podia entender melhor seus motivos.

— De qualquer forma, obrigado Kinn — coloca-se de pé — Eu apenas queria tirar essa dúvida da minha cabeça. Eu preciso ir, até.

— De nada, bom trabalho.

O ômega se despede deixando Kinn a sós, a casa rapidamente se torna silenciosa e as horas correm pelo relógio sem que o alfa perceba, está completamente focado em seu trabalho, parando apenas quando o som da porta da frente se faz ser ouvido. Deixou os documentos que analisava de lado e seguiu naquela direção, deparando-se com seu primo parado no meio da sala segurando a parte de cima de seu terno em sua mão.

— Já voltaram? Pensei que demorariam mais — diz — Vegas, aconteceu algo?

— Junte todos e saia, quero apenas eu e o meu ômega aqui. Vocês tem um hora — é tudo que fala, antes de seguir em direção ao seu escritório, o som alto da porta batendo ecoando.

Boun surge minutos depois, segurando sua bengala enquanto tateia pelo caminho à sua frente. Os óculos escuros tampam a visão de seus olhos completamente brancos.

— O que houve? — pergunta rapidamente.

— Vegas está no cio, faça o que ele pediu. Vamos para minha casa na montanha, Porsche está lá esperando por nós — murmura — Onde está Pete?

— No trabalho, ele voltará na madrugada — suspira — O lobo...

— Sim, ele parece ansioso desde que tem consciência que possui um ômega marcado como seu — ri suavemente — Voltamos assim que ele entrou no cio, faz um dia. Pete terá uma bela surpresa quando voltar.

Behind The Counter - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora