Chapter 374 Quando digo te amo, estou me amando em você*

48 7 79
                                    

Capítulo 374 Quando digo te amo, estou me amando em você*

Era como se o temporal de primavera tivesse esperado se abrigarem, para depois cair força.

O som forte do aguaceiro batendo contra os telhados tal qual a música de fundo.

A esposa do estalajadeiro da pousada local achou de péssimo gosto aquele cultivador bonito, alto e distinto, alugar um quarto para passar a noite com aquele rapaz vadio, acolhido por um pescador.

O marido até tentou repreender a mulher, mas as poucas palavras dela sugeriram que aquele rapaz sujo devia estar prestando algum favor sexual, em troca de alguns taéis.

Jun Wu não estava com paciência para achismos ou teorias toscas e retrucou para ela, que "quem sabe poderia ser o contrário", usando um tom ácido e jocoso... Ela que pensasse o que quiser.

O quarto era confortável, na dúvida e em meio ao constrangimento silencioso, o estalajadeiro tinha entregado as instruções para ocuparem um quarto de casal.

Jun Wu acendeu os três candeeiros abastecidos com azeite e ainda de pé, com as roupas molhadas de chuva, Huan Shui se sentia algo deslocado e nervoso.

Não devia ter se incomodado com o que disse aquela senhora. — O rapaz disse, os braços frouxamente cruzados sobre o peito.

Desculpe, A-Shui. — Jun Wu replicou acendendo o último candeeiro sobre uma mesinha de canto. — A indelicadeza dela me irritou, quase disse que somos consortes.

Você ainda me vê assim depois de tudo? — Huan Shui questionou sem uma expressão que se pudesse traduzir facilmente. — Eu jurava que passou um bom tempo sentindo ódio... Eu te abandonei.

Pressentindo como aquela conversa haveria de ser difícil, Jun Wu tirou o chapéu e largou no canto da cama, deixando Fang Xin encostada na beira entre o chão e a parede. Ele se sentou na cama espaçosa e fitou Huan Shui sem qualquer reserva.

Tem razão... Eu me senti traído e parecia a pior das traições para mim... Eu sequer conseguia ouvir a menção de seu nome, eu fui para longe tentar recomeçar a vida... Fui para Sichuan e todo dia vinte e nove de cada vez eu soltava uma lanterna da beira do barranco, amargando o dia em você me deixou.

Não era um bom modo de recomeçar a vida e esquecer, Jun Wu... — Huan Shui comentou caminhando algo inquieto pelo quarto, ouvindo a chuva lá fora desabado em larga proporção. — Quando libertava a lanterna no céu, não era o instante em que mais pensava em mim?

A- Shui... Eu fracassei de todos os modos ao tentar te odiar.

Foi uma confissão simples, porém genuína, dita com aquela voz grave e profunda que Shui conhecia tão bem.

Mas, resistindo ao efeito que a presença de Jun Wu lhe causava, o jovem deus se manteve distante, cauteloso.

Considerando que o Daozhang não expressou surpresa quando comentei que atraquei no porto com sintomas severos, penso que investigou meu paradeiro antes de receber minha mensagem. O que você sabe?

Sentindo que estava sendo descaradamente evitado, Jun Wu se levantou, um clarão entrou pela janela e iluminou sua silhueta por segundos.

Que matou Bai Wu Xiang e que carrega uma jóia com um feitiço nocivo no tornozelo, os rubis presos na jóia contém algumas memórias... Você adoece quando tem acesso ao que não lembra e sei do junco fantasma... Também sei... Sobre Shou Xian.

O tom que Jun Wu usou para pronunciar o nome de Shou Xian foi tão gelado, que Huan Shui sentiu um pequeno arrepio descer pelo ombro.

Daozhang... Você esteve com Shou Xian? Esteve em Bei Ke?...

Jun Wu - A Terceira Face do Príncipe • Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora