Aquele dragão havia destruído a última das três fortalezas que faziam fronteira com Atlas, Artur havia perdido muito dos seus dragões quando invadimos sua fortaleza, mas nunca foi nossa intenção, fomos impedir o nosso senhor de fazer besteira com a sua vingança desenfreada contra Artur, que meses antes havia queimado Narok com o seu dragão de forma covarde, se aproveitando da ganância de Salem e usando ele para nos dividir.
Naquele dia, com a ajuda de um Deus, nós criamos o caos e centenas de dragões foram mortos, e Ivar também.
Mas agora Artur não poupava os seus dragões escravizados, sem nenhum receio e de forma desenfreada ele ordenava ataques em vilas e aldeias menores matando inocentes. E agora teríamos que enfrentar seus dragões diretamente, não havia outra opção além de matá-los, ou tentar fazer isso. Os grandes senhores que dominam o continente com espada e feitiçaria conseguem enfrentar e derrotar dragões sozinhos, o que não era meu caso.
Entre as nuvens, eu viajo com Artaz, o meu imponente e destemido ventanis, até a vila incendiada; os poucos que conseguiram escapar chegaram em atlas cinco dias depois, se esgueirando pela floresta, feridos e com fome; então fui verificar se havia mais sobreviventes, mas só havia destruição e morte. Eu gritei na esperança de que ainda houvesse alguém vivo, e fui surpreendido por um abraço na minha perna por uma garotinha que aparentava ter oito anos, agachei-me para ficar na sua altura.
- Acabou, vou te tirar daqui.
Ela balançou a cabeça concordando, segurei ela e a coloquei na sela de Artaz, já me preparando para montar também, mas ela apontou para uma grande construção demolida.
- A sua família está lá? - Ela de novo só concordou, estava apavorada demais para falar qualquer coisa, então fui até a construção, havia um espaço em que dava para se arrastar, abaixei-me e entrei, havia uma moça no meio do caminho impedindo a passagem, com um corte fundo em sua testa, ela se assustou, mas eu acalmei-a.
- Não consegue vir até mim?
- A minha perna está presa. - ela falou, então ofereci a minha mão e a puxei com dificuldade, ela sentia dor, mas não reclamava. - há mais de vocês lá em baixo?
- Sim, mais três crianças.
- Eu vou salvá-las! - Eu disse com esperança, e recuei puxando ela, a retirando dos destroços.
Ela agradeceu e foi abraçar a garotinha que esperava em Artaz. Eu já me preparava ir resgatar as outras crianças, quando as duas gritaram as minhas costas, me levantei rápido, o dragão estava planando em frente a Artaz se preparando para usar suas chamas.
Ele era enorme, imponente com escamas esverdeadas que brilhavam em contraste com o sol que brilhava no céu naquele dia. Nos seus olhos brilhava uma chama inexistente, o que confirmava que ele estava sendo escravizado por Artur. Ele atacou com chamas poderosas, eu me lancei atrás de uma parede quebrada, sentindo as pedras derreterem as minhas costas, enquanto eu via Artaz se erguer a frente, imponente, projetando as suas asas brancas e douradas, protegendo as garotas de serem queimadas vivas com um escudo invisível que anulava o fogo do dragão. Artaz riscava o chão com fúria, o dragão avançava entre suas próprias chamas, mas Artaz fez brilhar seu chifre, esperando até o último momento para atacar, liberando uma onda de magia forte o suficiente para jogar o dragão longe; fui até elas, aproveitando os segundos ganhos por artaz, e pedi que retornassem para onde estavam e esperassem. Eu tinha que tirar o dragão dali, Artaz estava empolgado, porque ele sabia o que ia acontecer, então subimos os mais alto possível, o dragão já estava no nosso encalço, ansioso para nos devorar, mas ele não nos pegaria, Artaz era veloz demais e além de poder criar uma barreira que anulava magia, a sua raça também podia se tele-transportar para qualquer lugar que esteja no seu campo de visão. Eu poderia despistar o dragão a qualquer momento, mas, eu tinha um plano e precisava que o dragão me seguisse até o vale âmbar, mas ele já estava ficando para trás, e eu não podia perder ele de vista, então eu iria provocá-lo. Apertei as rédeas de Artaz, virando e indo de frente a ele, encarando-o e impondo o meu desafio, e ele aceitou, porque o seu rugido ecoou pelos céus, os seus dentes parecendo espadas afiadas que acabaram de sair de uma fornalha, o vapor do seu fogo fumegava da sua garganta como brasas de uma fogueira.
Artaz iria me proteger do fogo, mas não teria defesa contra os seus dentes e garras afiadas. Eu levei a minha mão ao cabo da minha espada, como de costume, mas ela se quebraria contra as duras escamas e de nada adiantaria, e eu perderia minha boa espada, então ergui a minha mão direita e acumulei magia.
Uma lança flamejante pulsava na minha mão, eu encarava o seu olhar indignado, lá no fundo eu sabia que ele estava triste por ser escravizado e ser usado dessa forma; ele estava sendo obrigado a nos atacar, sendo controlado a fazer o que não queria, simplesmente porque Artur queria isso, sua espada lhe dava essa autoridade sobre os dragões, e ele não pensou nas consequência de escravizar os dragões ao seu bel prazer, Artur precisava morrer, só assim os dragões teriam paz. Eu esperei o momento certo, estava a favor do vento, ele abriu sua mandíbula, pronto para nos devorar, por uns segundos ele encobriu a sua própria visão; Artaz se inclinou para a esquerda e eu ataquei com a minha magia de fogo.
- Apollo igni! Kandaris!!! - Sem dar a ele a oportunidade de desviar, arremesei com bastante força, ela cravou-se no olho dele, o seu rugido foi estridente, voando descontrolado em meio a dor e ódio que sentia.
Eu sorria de alegria, eu sabia que aquilo não o mataria, mas era incrível a sensação de enfrentar e ferir um dragão que dominava os céus com as suas garras e chamas flamejantes.
Mas não eram só os dragões que dominavam os céus.
Já estávamos perto do vale âmbar, Artaz agora estava agitado, porque ele conhecia aquela área e sabia quem reinava ali. Mesmo com asas, havia um limite que os dragões poderiam subir, mas esse limite não existia para seus rivais, eles eram os únicos seres, além dos anjos, que podiam viajar entre as estrelas sem sofrer os efeitos mortais do ether.
Afinal, as fênix eram imortais e por isso os dragões as invejavam.
O dragão acalmou a sua fúria e ignorou minha presença quando sentiu a presença do seu rival, e observava com atenção de onde ela chegaria. A lança ainda queimava na sua órbita, fumegando de sangue.
Então eu a vi, esplendorosa em sua majestade, com suas penas vermelhas e douradas que pareciam espadas colocadas ali por um Deus caprichoso, mas seu som de ataque era amedrontador, num rasante ela foi até o dragão já cravando as suas garras no pescoço dele, ele atacou com fogo, mas a fênix ignorava, e apertava mais as suas garras tentando quebrar o seu pescoço, mas ele soltou-se e os dois se encaravam, nem mesmo o controle que Artur tinha sobre os dragões, tinha poder suficiente para subjugar a rivalidade que os dragões tinham com as fênix.
Com toda a sua força e poder o dragão lutou, com suas garras e dentes poderosos ele atacou, a sua poderosa armadura de escamas resistiu bem aos ataques das fênix. O seu fogo era inútil.
O dragão morreria, mas nada o impediria de lutar aquela batalha milenar entre as duas espécies mais poderosas daquele mundo.
Eu tinha certeza que os dragões no seu íntimo, acreditavam que em algum momento eles iriam sobrepujar as fênix e se ergueriam com a sua ambição de serem as mais poderosas criaturas desse mundo.
Mas isso não iria acontecer hoje.A fênix batia as suas asas suavemente, acumulando uma magia poderosa, e era a mesma magia que os arcanjos usaram na batalha contra Odin, a manipulação do ether.
Criando a sua frente uma esfera vermelha e preta, a magia tinha uma força muito forte e nos puxava até ela, me lembrando um buraco negro, a fênix atacou com um forte bater de asas, o dragão comprimia fogo no fundo de sua garganta e atirou seu fogo mais poderoso, saindo como um pilar flamejante; colidindo com o ataque da fênix, que aos poucos foi absorvendo e se fundindo com o ether da fênix, tendo falhado, o dragão avançou com ódio, desviando, mas ao passar ao lado, a esfera o puxou, ele resistia, mas sua asa direita já estava enraizada nela, o dragão se moveu bruscamente, sacrificando a sua asa e avançou contra a fênix. A sua mandíbula fechou-se contra o pescoço do pássaro gigante, separando a do seu corpo, mas os ferimentos explodiu em chamas acertando o dragão que caiu girando no céu; a ferida no pescoço da fênix continuou a queimar, com o fogo se moldando ao restante do corpo dilacerado dela, uma segunda fênix também se formou da cabeça arrancada e emergindo em fogo.
Uma fênix tornou-se duas, e ambas estavam com sangue nos olhos e juntas elas o atacaram, sem piedade com os seus bicos e garras elas rasgavam ele, dilaceravam a sua carne, o devorando ainda vivo, mas mesmo assim o dragão resistia, mas aos poucos foi perdendo a sua força, e depois a consciência, e só assim ele deixou de lutar, conhecendo o seu fim no céu que ele tanto ansiava dominar.
E lembrei-me de um ditado falado em Agartha "Na presença de uma fênix, você se curva." Porque agora elas perceberam a minha presença e estavam-me encarando, e eu fiz a minha referência.
As orgulhosas fênix, só queriam reinar sobre todas as criaturas do universo, os dragões não aceitavam isso, as desafiando e sempre perdendo as suas batalhas, pobres dragões; escravizados por um homem e humilhados por seus rivais.
Mas eu iria salvá-los... ou então os dragões seriam extintos....
Em breve; descubra a continuação desses acontecimentos no meu livro
"Filhos da imaginação"

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Aqueles que dominam o céu
ФэнтезиNesse conto de "Filhos da imaginação" Bastardian, tem que lidar com uma criatura poderosa, que contra a sua vontade está atacando as fronteiras do reino de atlas; sem muitas opções ele tem que pensar rápido para salvar os sobreviventes e encontrar u...