prólogo.

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2020.

— Como está os preparativos do casamento, meu bem?

— Ai jay, é um pouco estressante mas a gente tá aproveitando muito esses momentos, sabe? A genta tá vendo como isso aproxima a gente — Eleanor o olhou e sorriu, sorri como confirmação.

A verdade era que Eleanor estava enchendo o pouco juízo que tinha com esse casamento.

Não é que eu não queira me casar, eu queria, iria ser bom depois de quatro anos de relacionamento. Afinal, era o que todos esperavam a esse ponto.

Mas a verdade era que sempre sonhei em me casar por amor, não por conveniência ou pressão externa.

No começo, eu amava Eleanor, realmente amava. Ela me recebia em casa com abraços quentes e noites satisfatórias no quarto. Eu cedia quando ela queria ver a novela na tv e ela me deixava em paz tomando cerveja no sofá nos dias de jogo. Eu não pergunto o porquê de ela demorar a chegar em casa nas quintas e ela não questiona quando eu saio todo sábado.

Mas nunca a traí, mas sei que não posso afirmar o mesmo por ela, mas não ligo muito a esse ponto. A verdade é que a muito tempo, venho questionando se isso é amor mesmo. Essa coisa rotineira e cômoda pra mim sempre foi boa. Depois de um tempo, tudo que eu queria era uma rotina com quem compartilhar. Alguém para envelhecer junto. Mas não sei, não parece certo.

Mas não tinha o que fazer, era o que era.

— Ai, fico feliz por vocês! Nunca pensei que meu menino ia casar na igreja, sabe Eleanor, ele nunca nem gostou disso.

— 'Pra senhora vê como as coisas mudam, mãe — respondi indiferente.

— Pois é, sogrinha. — o sorriso da Eleanor parecia rasgar seu rosto de tanta falsidade — Ah lou, nós temos que ir ver a casa nova! Já marquei com o corretor!

— Claro, vamos.

— Lou — Minha mãe chamou, me impedindo de sair acompanhando minha noiva — Eleanor, pode me deixar falar com meu filho?

Ela seguiu para o carro depois de sussurrar um "nós temos hora marcada". Segui minha mãe até a mesa de jantar repleta de comida que sobrou do almoço. Mamãe sempre gostou de fazer muita comida, mesmo que sobre, ela sempre amou fazer isso. "Melhor sobrar do que algum dos meus filhos ficarem com fome. O que sobra eu faço marmitas e levo pra ONG aqui do lado", é o que ela sempre fala.

É estranho como minhas melhores memórias foram criadas naquela cozinha. As paredes brancas com armários de madeira e detalhes verde claro me assistiram apagar as velas de cada um dos meus vinte e seis aniversários, as corridas atrás de lottie que pegava meus bolinhos de chuva e a mãe gritando que não era pra correr na cozinha. Me assistiram tentar dá a comida dos gêmeos pela primeira vez e sair completamente sujo de sopa de legumes.

Assistiram também declarações melosas e sinceras um dia.

Me sentei de novo em frente a mesa redonda e assisti dona Jay de costas para pegar vasilhas no armário

— Sabe Lou, lembra que você nunca conseguiu esconder nada de mim? — Ela diz ainda de costas

— Não sei do que a senhora tá falando não.

— A filho, nem tenta okay, nós temos algo pra conversar. — ela virou e me encarou com aquele olhar de mãe que sabe tudo.

Pronto, é hoje.

— Por quê está casando com a Eleanor se não a ama?

Ah.

— Por que diz que eu não a amo? — questionei.

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⏰ Last updated: Feb 22, 2023 ⏰

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