32. Momentos Ocultos

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— Está feliz? — perguntei.

— Príncipe Max, fez o certo para impedir maiores desarmonias no reino, sabe o que conversamos.

— Sim, rainha.

Havia dito palavras pesadas para Scarletty, ou melhor, para a Dama do Fogo. No entanto, o olhar de Obsidiana era opressor. Caso eu fosse sincero, Scarletty sofreria e poderia ser enviada para casa ou ser presa por amar o Príncipe Humano. Não sei. Apenas devia protegê-la, mesmo que machucando-a.

— Tenho certeza de que não doeu dizer aquelas palavras — andamos juntos pelos corredores, com a chuva caindo e Pietra tocando. A rainha usava um dos seus clássicos e elegantes vestidos pretos com ouro. — A Dama do Fogo ficará focada em seu trabalho e esquecerá sobre essa confusão entre os dois. Sabe ser um bom príncipe, pequenino Max. Em breve, encontrará um amor entre as pretendentes que escolhi.

— Não quero recomeçar essa conversa. Boa noite, Rainha Obsidiana, e licença, devo cumprir minhas tarefas.

— Não quero ser dura com você. Entretanto, se o Rei Hadrian não quer orientá-lo, eu irei. Uma dessas jovens pretendentes será o pilar harmônico de Ellarion.

— Elas podem ser o pilar harmônico dos Humanos, mas como ficará os seres mágicos? Quer me colocar dentro das regras, rainha, mas não as segue. Quando possuirá um descendente? — não hesitei.

— Âmbar será a futura rainha. Os documentos estão prontos para que ela se torne a rainha caso ocorra algo comigo. E, antes da minha celebração, o senhor, provavelmente, escreverá um documento para sugerir um herdeiro do trono Humano. Os acontecimentos de Ellarion exigem tamanha medida, apesar de repentina e drástica.

— O que disse?! — eu ri e paramos no meio de algum corredor interno. O fato de ter que indicar alguém para o trono era menos assustador — Como Âmbar pode ser rainha? Ela...

— Eu a adotei, amei e cuidei dela. Criei essa criança dentro dos muros do palácio assim como você foi criado. Eu senti sua dor, seu cuidado, a acolhi. Sei que não a criei com a intenção de ser minha filha, mas o tempo a tornou minha. Apesar de diversas pessoas criarem Âmbar, no fim, era sempre eu e ela, juntas. Eu sei, príncipe Max, que ela não tem o meu sangue real, mas ela tem o meu amor. E todo o meu conhecimento acerca da Harmonia e todos os ensinamentos que recebi, me fizeram perceber que amor é a chave para que a desarmonia não prevaleça. Eu escrevi um documento que concede esse direito à Âmbar após a minha morte, mas peço que mantenha segredo sobre esse assunto para não gerar tumultos.

Âmbar será minha futura aliada em Ellarion. Ela tomará a decisão se Ellarion cairá ou se erguerá. Seremos amigos e manteremos a paz todos os dias. Eu a respeitava e isso era recíproco. No entanto, ela nunca teria sangue real, apenas o amor. Isso era suficiente por serem seres comuns, mas não seria o meu caso se eu quisesse me casar com uma fada.

— Se deseja dessa forma, compreendo. Mas por qual motivo amor não serve para o meu caso?

— Príncipe Max, os descendentes de Âmbar serão fadas que assumirão a coroa. E os seus? Quer meio-fadas reinando humanos? Amor basta para nossas linhagens, mas não para o seu caso.

— A senhora se apaixonou por um humano? Por isso não quis ter filhos?

Ela respirou fundo.

— Não. Não foi isso. Eu apenas não consigo mais ser uma mulher para amar um homem, ter família, me apegar, doar-me. Perdi muitas pessoas, príncipe Max. Pessoas que não imaginava perder. Minhas damas costumam entrar e sair, apenas Âmbar e Darla são próximas a mim. Marry e Anahí possuem potencial, mas em breve serão removidas de seus cargos. Sei que posso ser rude em dizer tal coisa, mas não quero sofrer por mais pessoas.

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