A noite

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Ah, como ela estava com ciúmes

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Ah, como ela estava com ciúmes. 

Engolia junto com seu suco de abóbora todo o sentimento ruim que estava entalado na sua garganta. Quando respirava tentava se lembrar que era melhor assim, então engolia um pedaço de torrada para manter sua boca fechada. Nos segundos que pensava em desistir de tudo e fazer um escândalo, olhava para seu marido que finalmente estava com um sorriso no rosto enquanto conversava com elas e como um choque de realidade ela se lembrava de tudo e de como em algum tempo só iria restar suas memórias dentro daquela casa. Por causa disso ela focava em tentar se manter no controle enquanto via cada detalhe de felicidade em seu marido. 

Sim, era por ele. 

No final, seria ela que iria abandoná-lo. 

Quando pensou que não teria ninguém em sua vida, ele surgiu como se tentasse salvá-la e a felicidade que sentiu naqueles anos foi tudo o que ela pediu enquanto crescia sabendo que um diria iria morrer, o pior, ela saberia que não viveria muito tempo. 

Como poderia se dar o prazer de ter planos longos quando a morte estava sempre à espreita? 

Aos onze anos, Astória descobriu sobre a maldição da família, perdeu a mãe cinco anos depois, misteriosamente ela conseguia viver o suficiente para ver a filha caçula chegar aos quinze anos. Por muito tempo pensou que o ideal seria não se aproximar de ninguém, que deveria viver isolada e que não poderia nunca se apegar a ninguém.

Ela teria feito isso, se não fosse sua irmã. 

Daphne parecia lidar com aquilo melhor que ela, juntas ambas iriam encarar a morte, sendo mais velha ela segurou sua mão e sempre esteve ao seu lado. E ironicamente uma guerra estava perto de acontecer e a Astória pensava se não valia a pena tentar morrer como uma heroína? Ou talvez como uma traidora?

Apenas queria que tudo aquilo terminasse o mais rápido possível, viver esperando pelo pior não era muito saudável, contudo, quando a guerra acabou ela teve ainda coragem de retornar para Hogwarts para terminar os seus estudos e passar muito tempo no campo de quadribol a fez observar por um longo tempo um certo sonserino. Ela o conhecia, ambas famílias tinham laços estreitos, mesmo assim eles não eram amigos e nunca pensaram em ser. 

Mas mesmo assim a solidão parecia cravada no rosto dele da mesma forma que estava em seu coração, como ele havia dito algumas vezes, aquele acidente com o balaço não havia sido proposital e que falar com ela depois na biblioteca também não, assim como beijá-la no meio do corredor alguns meses depois, assim como pedi-la em namoro quando saíram da escola recém formados. 

E quando contou para ele sobre sua maldição, estava esperando que ele fosse embora, mas ficou surpresa quando o pedido de namoro virou de casamento. Por muito tempo achou que ninguém iria querer ficar ao seu lado esperando a morte chegar, mas ela conseguiu sentir como era bom ser amada, assim como foi bom observar sua irmã também ser amada, Blásio se tornou seu namorado e marido tão rápido e quando ela disse que seria mãe, ela compartilhou sua felicidade genuinamente. 

Compatibilidade - Dramione - Concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora