I - A casa no meio do nada

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    Elisa virou a esquerda e viu que era quase sete horas da noite e bufou, pois estava atrasada para voltar para a casa. Tomou coragem e abriu a porta da frente.

    - Mãe, cheguei! - Falou bem alto, mas a casa estava escura e parecia não haver ninguém em casa. Jogou a mochila no sofá e ligou as luzes.

    Pela escada, viu rastros vermelho escuros, pensou em coisas ruins, mas achou melhor vasculhar tudo primeiro antes de tomar conclusões precipitadas. Depois de subir as escadas, viu que os rastros continuavam espalhados, chamou pela mãe novamente e não houve respostas,de novo, também. Foi em direção ao quarto da mãe e viu um corpo ou algo parecido deitado no chão.

    A primeira coisa que Elisa fez foi respirar, respirar bem fundo para não surtar. Se arrependeu por não ter atendido o celular quando ela ligou, era importante, com certeza. Ligou a luz do quarto e gritou, apavorada. Sua mãe estava morta com a garganta cortada, bem cortada mesmo. E havia uma pichação em vermelho na parede escrito: VOCÊ SERÁ A PRÓXIMA!. Vários arranhões a acompanhavam.

    Ajoelhou-se no chão e acariciou o rosto da mãe, lágrimas caíram na garganta ensanguentada, o sangue pingou em seus cabelos loiros. Pensou no quanto era burra, no quanto era imprestável! Se encolheu um pouco mais abaixo da janela e pensou no que podia fazer. Pegou o celular e ligou para a polícia.

    Depois de alguns minutos ouviu a sirene da polícia, e foi abrir a porta.

    - Boa noite, você é Elisa Marilyn?

    - Sim... - Soltou a respiração e olhou o distintivo do policial, seu nome era Samuel.

    - Então, onde está sua mãe?

    - No andar de cima.

    Então ela o acompanhou até o andar de cima, viu de novo sua mãe naquele estado e não aguentou, começou a chorar. O policial inspecionou o corpo e olhou para Elisa.

    - Quando você chegou em casa ela já estava morta?

    Não falou nada, na verdade, não conseguia. Era demais para ela. O policial se ajoelhou ao seu lado e acariciou o seu ombro de uma forma amigável.

    - Olha... Eu sei que não é fácil, mas você precisa me responder para eu descobrir quem fez isso com a sua mãe. - Olhou bem para ela. - Você quer saber, não quer?

    Fez que sim com a cabeça.

    - Tem quantos anos? 16?

    - Tenho 18.

    - Ah... Você é bem pequenina para ter 18 anos, hein? - Pensou que não conseguiria sorrir por um tempo, mas aquele policial era realmente de bem com a vida, parecia que ele sabia bem do que falava,tinha gostado de Samuel. Ela sorriu e ele sorriu de volta. - Bem, quando eu tinha 13 anos, vi meu pai sendo assassinado na minha frente, eu me escondi e o assassino não me viu por pouco. Por isso que sou policial, para defender as pessoas, para deter pessoas ruins. Isso é o que eu gosto de fazer. Você tem algum responsável?

    - Meus avós moram longe e meu pai... É...

    - Não precisa continuar, já sofreu muito hoje. Vamos, - Se levantou. - Como você é maior de idade, pode me acompanhar, se quiser. Vou mandar o corpo para a autópsia.

    - Posso me despedir dela?

    - Claro. - Deu um sorrisinho.

    Ela chegou bem perto da mãe e a abraçou bem forte.

    - Por favor, me reconforte aí do céu, mamãe... - Sussurou. - Senhor, não quero ir a delegacia, acho que vou sofrer mais se eu for, então...

    - Faça o que achar melhor senhorita Elisa, bom, se não se importa, eu irei levá-la.

    Ele pegou o corpo e o colocou num saco, Elisa não achou muito delicado para uma pessoa morta, mas devia ser isso que os policiais fazem quando encontram um corpo. Esperou ele entrar no carro para se perder na escuridão...

    Correu sem rumo para florestas que pareciam sem fim até a madrugada. No seu celular eram duas da manhã. Ofegando, começou a andar.

    Não muito tempo depois, encontrou um chalé, ou achava que era um chalé, só sabia que estava abandonado há muito tempo. Sua respiração ofegante ecoava pela área enorme, era assustador... De repende, ouviu um barulho que parecia vir de dentro da casa, então se aproximou mais.

    - Olá?! Tem alguém aí? - O barulho ficava cada vez mais alto, e resolveu entrar.

    O piso era de madeira, só descobriu isso por causa do barulho que fazia quando pisava. Na verdade, o piso, as paredes, o teto e até essa pequena escada é de madeira. Pensou enquanto ia na direção de uma porta simples, a abriu e era um quarto, tão simples quanto a porta. Havia uma cômoda, uma cama e uma escrivaninha, tudo de madeira, exceto o tapete, é claro.

    Primeiro concluiu que o tapete era marrom, mas viu as laterais, que eram vermelhas. Talvez tinha tanto pó que parecia ser marrom. Do lado dele, havia uma sulfite desbotada e um pouco amassada, pegou e a virou, estava escrito: QUERIDO KYLE, NÃO SEI COMO TE DIZER ISSO, MAS VOU TER QUE ME MUDAR PARA LONDRES, EU SEI QUE MEUS PAIS CANCELARAM A VIAGEM, MAS ELES MUDARAM DE IDEIA, DE NOVO! NÃO CONCORDO COM ELES, MAS INFELIZMENTE NÃO POSSO FAZER NADA... ME DESCULPE... COM AMOR, JANE.
    Uma carta. Então quer dizer que o dono daqui se chama Kyle?. O nome do avô materno de Elisa. Ela se emocionou, faz 11 anos que não via seus avós maternos por causa de uma conta não acertada entre sua mãe e eles.

    Ela deixou a carta em cima da cômoda quando alguma coisa a puxou para fora do quarto...
   

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⏰ Última atualização: Jul 11, 2015 ⏰

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