- Eu ainda não entendi - fala Sonic, terminando de pôr o cinto de segurança do carro (que, na verdade, era o carro de Silver). - Por que diabos estamos indo pro orfanato?
Assim que percebi estar seguro, liguei o motor do automóvel, não demorando para sair da garagem e começar nossa viagem de mais ou menos vinte minutos.
- Vamos atrás de informações - respondo, abaixando o volume do rádio, que mesmo tocando uma boa música, atrapalhava minha audição e atenção no caminho.
- Pra quê?! - insiste, e consigo ver de canto do olho o cruzar de seus bracinhos.
- Vou desvendar o mistério do passado de Silver.
Sua expressão se fechou, se era ciúmes ou raiva, isso eu já não conseguia saber.
- Deixa isso pra lá, Shadow! Ele já está preso, fora de nossas vidas. Quem liga pro passado dele?
Aproveitando o sinal vermelho do semáforo, virei para ele, o rosto sério.
- Eu ligo, Sonic. Eu quero saber a verdade, saber por que exatamente ele fez aquilo. Quero mostrar pra ele que ainda me importo.
Por algum tempo, ficamos apenas nos encarando, o silêncio se estendendo no pequeno carro. Quando o sinal volta a se tornar verde, volvo minha atenção à rua, continuando a viagem.
- Você é realmente incrível. - Sua voz não soa sarcástica, e sim sincera, me fazendo duvidar de sua possível raiva. - Depois de tudo que ele fez pra nós, ainda quer ser amigo dele. Você tem um bom coração.
Suspiro, seguindo quieto por mais alguns minutos.
Já estando próximos do orfanato, prossigo o assunto.
- Ele me intriga, de certa forma. Mesmo que não queira, tem algo em mim que me diz que eu simplesmente preciso investir mais nisso, descobrir mais sobre ele. Por favor, entenda. Eu não sei se consigo acreditar se o que vivi com ele foi real ou uma falsidade completa, e se eu entrar em uma investigação sobre ele, talvez descubra o quão verdadeiro isso foi. O quão verdadeiro isso é.
Nada foi dito, mas a tensão no ar estava palpável, incomodando-nos profundamente. De qualquer forma, nenhum de nós resolveu quebrá-la, ambos perdidos em seus próprios pensamentos.
Chegando onde queríamos, descemos do veículo ainda em nosso próprio mundinho pessoal, seguindo para a entrada naquele ínterim silencioso.
O Orfanato Dream ainda estava do mesmo jeito que me recordava, exceto por alguma reformas e melhorias que o deixavam mais bonito e destacável. As paredes, antes riscadas pelas crianças, agora estavam impecáveis, pintadas com uma cor branca que por pouco não nos cegava; até a enorme porta de entrada havia um curto caminho de pedras, que estavam polidas e limpas, brilhando com a luz solar produzida; os pilares que sustentavam o início da enormidade que se assemelhava a uma mansão estavam coloridos com um dourado brilhoso, como ouro; agora, pequenos jardins floridos estavam espalhados pelo local, diversas espécies de flora presentes em cada um, deixando tudo mais vivo e multicolorido. Se fechasse meus olhos e absorvesse o ar puro de lá, podia facilmente sentir-me livre, em paz, nada do que a vida real estava.
Chegando à porta, toquei o botãozinho igualmente dourado, esperando que algum som ecoasse em meus ouvidos, mas nada foi escutado. Ainda assim, não demorou para sermos atendidos, um menininho sorridente aparecendo ali.
- Oi, moços! - cumprimenta ele, tendo dificuldades em abrir mais a porta para adentrarmos o orfanato. Quando o fizemos, me surpreendi com o quanto a modernidade já havia invadido o interior do local, tão iluminado quanto me lembrava. - Vocês querem uma água?
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Os Mil e Um Você (Volume 1)
ФанфикEm um oportuno momento, Shadow encontra um ouriço desesperado, exalando mistério do início ao fim. Nada do que fazia ou dizia parecia se encaixar, e as coisas ficavam mais estranhas à medida que se conheciam de forma mais profunda. Shadow queria aju...