Capítulo 22

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Renata

Dois dias depois do acontecido e mais uma noite péssima, não consegui dormir direito. Senti mais falta ainda da minha família e a dor do meu corpo só aumenta, junto com a febre. Me entreguei à dor, me esticando ali naquele chão, mas logo ouvi passos até mim.

--- Que foi dondoquinha? Tá morrendo, é? - debochou me empurrando de leve com o pé. Não respondi, continuei de olho fechando, sem me mexer. - já que tá com frio vou te levar pra esquentar um pouco as costa. Bora, levanta.

Renata: Me deixa aqui, por favor. Não te peço mais nada, só me deixa aqui. - ele ignorou e me obrigou levantar, me arrastando pra fora daquela sala.

Tinha uns homem do lado de fora que ficaram me olhando com mó pena, tá ligado? Baixei a cabeça e continuei andando. Ele me levou pro que parecia ser o quintal dali e lá tinha um tonel com água e umas ripa dentro, um muro com um gancho nele e umas corrente pendurada.

"O que foi que eu fiz pra merecer isso?" É a única pergunta que me faço. Minha mãe sempre diz que a gente colhe o que planta, mas eu não me lembro de ter plantado maldade e também nunca desejei nada disso pra ninguém, nem pros meus pior inimigo.

Ele tirou a camisa que eu tava vestida, jogando no chão, ajeitou a corrente no gancho e enrolou no meu pulso, mandando eu segurar. Fiquei firme cantando bem baixo e lembrando apenas de coisas boa.

Quando senti a primeira lapada me segurei forte, tentando não cair. Fechei os olhos e conseguia ver quando peguei Igor pela primeira vez nos meus braço, Talibã tinha um lindo sorriso no rosto, ele se sentia o homem mais realizado do planeta, e eu... Ah, eu tava toda boba, imaginando já qual palavra ele ia falar primeiro e quando ia aprender andar, eu tava tão feliz que nem conseguia pensar nas dificuldade. Aí meu filhote cresceu e hoje em dia já pede até um irmãozinho, vê se pode mermo.

--- Patrão, tu não acha que já tá bom? - ouvi alguém perguntar.

--- Traz lá o ferro quente. Num mete pq eu sei muito bem a hora de parar.

--- Sim senhor.

--- Pode soltar. - falou pra mim, soltei a corrente e desenrolei do meu pulso, encostando minha cabeça ali naquele muro. - senta. - Sentei e fiquei esperando ele fazer mais alguma coisa, que lógico, nem demorou.

Senti aquele ferro quente encostar em mim e dava pra ouvir minha pele queimar. Coloquei a mão na boca tentando abafar os gritos e ele gargalhou alto.

--- Só pra depois tu não dizer que não deixei nada de lembrança pra tu. - beijou minha bochecha. - foi bom enquanto durou, mas tá na hora de te devolver pro teu dono. - me pegou pelo cabelo e a gente foi saindo dali.

Eu, o Morro e ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora