certa vez, me disseram:
"mulher tem que se dar o respeito".
as ideias me perturbaram, me desfizeram:
"não é isso que sempre tenho feito?".disseram que eu precisava me conter,
aos homens, amar, cuidar e obedecer,
e, com os meninos, nunca me meter.
"igualdade?", disseram com despeito.
"menina, igual a eles jamais poderás ser".precisas ser sempre doce e educada,
contente, sorridente e prendada.
"se não fores, imagina! não te vão querer!
tua vida começa quando estiveres casada".então, eu disse, triste e amargurada:
"e se o casamento eu não quiser?".
as risadas se expandiram, se expuseram:
"menina, tua vontade não é nada".perguntava: "e se filhos eu não tiver?".
o deboche despontava, o escárnio atingia o peito:
"que outro propósito nesta vida teria você,
menina, que não seja ter um bebê?".querem-me domada, acorrentada.
tantas coisas, menina, que não podes fazer:
não és livre, és limitada.
tens razão, igual a eles não quero ser:
não preciso ser um homem para me fortalecer.
sou mulher — e já conheço meu poder.
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histeria feminina 🄴
Poetryeu costumo sempre comparar meus poemas com músicas que amo. este livro (ou este álbum) possui onze poemas (ou faixas), nos quais derramei todas as minhas histórias, analisadas minuciosamente por meus olhos já adultos. a partir desta análise, concluí...