Capítulo 20 - Xeque - Mate.

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"Porque ficar perto de você me deixa louco e ficar longe de você, me deixa louco."

Júlia..

– Me poupando? Eu já estou sofrendo, mais dor ou menos dor não vai fazer diferença pra mim.– Afirmo.
– É complicado, Bee.– Sussurra.
– Então eu vou descomplicar, vou pedir transferência da faculdade amanhã, vou passar com um psicólogo e até um psiquiatra se for necessário, se tiver que tomar remédios para dormir sem aqueles sonhos idiotas, eu vou tomar! Vou cuidar de mim e da minha saúde mental, porque nesse lugar tudo só piora e ver você com uma mulher diferente de cinco em cinco minutos não me ajuda em nada, claro que eu não estou reclamando, você é solteiro, por isso eu mesma vou sair da faculdade, isso aqui é um atraso de vida.– Concluo entrando no carro, fecho a porta e coloco o cinto, Rafael bafe no vidro me chamando, não respondo, apenas ligo o meu carro e piso no acelerador saindo dali.
Durante o trajeto, tento segurar minhas lágrimas, não sabia dizer se quem estava chorando era eu ou Laura, mas meu mundo estava desabando.
Não olho o farol quando o ultrapasso, também não percebo o carro vindo na contra mão, tento desviar mas eu estava rápido demais, quando tiro o pé do acelerador já é tarde, tudo que posso fazer é jogar o carro contra um poste para que não batesse no outro, poupar quanto de morte pudesse.
Meu corpo bate com violência contra o volante mas o cinto me segura no lugar, o airbag do carro não é acionado, sinto tontura e no mesmo instante na minha mente vem a memória de quando Laura soube que Luan morreu na guerra, agora tudo seria diferente, Rafael quem iria sentir o que eu senti, ele receberia a notícia do meu acidente e da minha morte, o destino gosta de brincar com as pessoas, ele nos trocou de lugar e eu espero que Rafael e Luan, aquela parte que Rafael tinha do Luan, espero que sofran tudo o que Laura sofreu, tudo se repetiu mas mudaram as peças de lugar, xeque-mate.

Rafael.

Não aceito as palavras dela, não aceito ela sair daquele jeito e também não aceito a sua decisão de transferência, por isso eu entro no meu carro e piso no acelerador saindo por onde ela havia acabado de sair minutos antes, eu queria alcança-la, infelizmente alcancei.
A estrada que dava para a casa de Júlia estava fechada, havia policiais, bombeiros e uma ambulância no local, um acidente grave aconteceu, desço do meu carro quando reconheço o carro que estava contra um poste, um carro todo destruido, seguro o fôlego, era o carro dela..
– Júlia! – Afirmo, tendo passar pelos policiais mas sou impedido.
– Eu a conheço! É minha namorada, por favor! – Peço desesperado, eles então me dão espaço para passar, vou até o carro dela, ela estava sendo retirada do mesmo, estava inconsciente, tinha um corte enorme na testa e havia muito sangue, fazendo meu coração acelerar, eu achei por um minuto que ia desmaiar de tanta dor, de tanta preocupação.
– Você vai acompanhar a paciente? – Um para-médico indaga.
– Vou seguir vocês de carro.– Afirmo.
Mesmo chorando, mesmo desesperado, eu não podia deixar ela sozinha.
Dirijo mesmo com as lágrimas nos meus olhos, tento ficar calmo mas o pior invade minha mente, não podia perder ela, eu não..
–Meu Deus, se essa vida é realmente uma segunda chance para mim e Júlia, não tire ela de mim, por favor.– Imploro.
Paro meu carro em frente ao hospital, procuro por Júlia.
– Vamos levar ela para fazer exames, talvez seja necessário uma cirurgia, peço que ligue para os pais dela.– A enfermeira diz, vejo Júlia ser levada desacordada por um corredor, seu corpo na maca parecia sem vida.

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