capítulo 12.

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O jovem dorme de conchinha durante semanas e depois não sabe mais como voltar a rotina normal. Nunca pensei que a jovem em questão seria eu, mas era exatamente assim que me encontrava no momento. Carente e sofrendo com antecendência.

Namorar não estava nos meus planos, ter qualquer tipo de envolvimento não estava nos meus planos, nem mesmo no Brasil e muito menos em outro país. Mas, o destino gostava de nós pregar peças, e eu havia caído direitinho.

E agora, eu estava agarrada em Pablo como um carrapato, aproveitando suas últimas horas em Barcelona antes dele ir para o Qatar por semanas.

- Você deveria ir comigo. - Ele diz simplesmente, estávamos emaranhados em baixo do cobertor, como todos os outros dias.

- Eu não posso. Primeiro que nem dinheiro eu tenho. - Eu digo com uma risada frouxa e Pablo me encara, apoiando a cabeça no braço.

- Mas eu tenho. - Aquele brilho quase infantil passou pelos seus olhos e lhe retribui com um sorriso sarcástico.

- Não começa, Pablo.

-Mas, Lina... - Ele enfia o rosto no meu pescoço, sabendo o que estava fazendo. - Não vou conseguir fazer nenhum gol se você não estiver lá!

- E isso seria triste por que? - Eu dou risada quando ele faz cosquinhas na minha pele sensível com o nariz. - Espanha eliminada, um concorrente a menos pro Brasil.

- Carolina?! - Pablo me olha indignado, quase ofendido. - Não vai torcer por mim?

- Claro que vou! Vou torcer por você, não pela Espanha. - A cara de tacho de Gavi me fez rir.

- Não vou mais te dar seu presente de despedida.

Pablo se afasta emburrado, me mostrando a língua como uma criança arteira. Ele se senta na beirada da cama com os braços cruzados, e sua pose me faz rir. Me aproximo de seu corpo, abraçando suas costas largas e e passando minhas pernas pela sua cintura, igual um coala pendurado. Ele vira o rosto o suficiente para me olhar de canto.

- Vou sentir saudades. - Eu digo com o queixo apoiado em seu ombro, tendo uma ótima visão de seu sorriso bonito e olhos brilhantes.

- Eu também. - Pablo esfrega nossos narizes, na mais pura demonstração de afeto que nunca senti antes, e me deixa um beijo singelo nos lábios.

- Agora cadê meu presente?

Ele da risada, se solta de meus braços e levanta da cama, indo até sua mala.

Pablo iria embarcar hoje a noite, em poucas horas ele teria que estar no aeroporto, mas estávamos fingindo que isso não aconteceria durante alguns dias. Dias esses em que ele saia de sua casa apenas para dormir comigo.

Quando ele tira uma camiseta vermelha da mala, eu sabia imediatamente o que era.

- Modelo único, só pra você. - Eu pego a camisa 9 de suas mãos, não consigo esconder o sorriso quando vejo uma dedicatória na barra de trás.

"Te confesso que estou apaixonado por você." - Pablo.

Ele não assinou Gavi, e sim Pablo. Acho que isso acabou virando uma coisa nossa. Não tínhamos apelidos carinhosos ou com duplos significados, tínhamos Pablo e Lina, e eu gostava disso. E é claro, ele ter escrito em português um trecho de "Carolina" do Seu Jorge me deixou mais boba ainda.

- Eu adorei!

Eu deixo um beijo estalado em sua bochecha e ele me da um sorriso tímido. Vejo os olhos de Pablo grudarem em mim quando tiro a minha camisa, ele já havia me visto sem roupa inúmeras vezes durante os últimos dias, e mesmo assim seus olhos sempre lhe entregavam como aquilo ainda era fascinante pra ele. E quando eu coloco a camiseta da seleção com seu nome e número, seus olhos brilham mais ainda.

ANTI - HERO  || Pablo GaviOnde histórias criam vida. Descubra agora