(821) A Virgem & o Paranóico

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Debaixo da calmaria da noite o paranóico em desgaste deliróides observa da janela a paisagem de inverno sem neve. Está pronto para dormir, jens, sapatos com meias, camisa, carteira no bolso, relógio no pulso e pequena mochila com tudo que ele precisa (em baixo da cama), confere a munição do 38 (o "preferido dos homens") apesar de menos disparos tal arma proporciona mais segurança pois seus mecanismos mais simples qualificam as chances asseretivas dos disparos (assim ele crê).
O frescor da brisa e as nuvens baixas enfeitam ruelas vazias e papéis de jornal divagantes com o vento, sons de cães ao longe, marcha solene de fiés passa com velas, imagens e cantoria religiosa... tudo "normal".
Ele sabe nada haver o ameaçando mas o perigo flui de seus automáticos pensamentos a respeito das vitimas que no passado suas facas colecionaram.
Um Ego habitante quase oculto neste ser vigiante da noite se movimenta e virá até ele com a malícia devida pois tal paranóico após fazer tantas vítimas carece de compreensão sobre como poderia vítima se tornar. Ego este adoçante dos outros Eus... o paranóico pega a faca embainhada e parte pra cama. Deitando-se coloca o revolver cuidadosamente debixo do travesseiro, a faca ele deixa-a na segurança da mão.
Madrugada aproxima, ele reveza a pequena adaga de caça embainhada de mão à outra, não se cobre devido as últimas noites em quais numa a presença de um estranho passou dos limites. Ansioso de medo estava, após orações se acalmara, mas coberto por fino lençol totalmente e pegando no sono abriu os olhos brilhantes na luz entrando pelas vidraças (martelada) da grande janela, o ser que só a presença era sentida gentil toque com o indicador fizera no seu pulso, massageou e incluiu o polegar, formigamento em todo o corpo e paralisia o paranóico experimentara, conferiu o ambiente antes de se deitar, mas crendo apenas ficar quieto faria sumir a alucinação; o toque delicado em silêncio ficou mais intenso, três dedos seguravam agora até a pegada inteira, o paranóico tentou se mexer e felizmente conseguiu se livrar do lençol, o estranho com isso desapareceu.
Não mais foi persuadido naquela noite nem por aquele estranho, gritou com sua alma; "Deus Senhor Todo Poderoso". Apesar de ingrato sempre foi atendido o grito quando este desesperado. Porém ignorava os caminhos da sua frase amuleto, desta vez pode ser; esgotaram-se os livramentos. Seu alerta cai para niveis menos lúcidos, descontrole no que percebe, vê movimentos, ouve texturas, processos criativos porém desconhecidos passeiam pra lá e pra cá ante seus sentidos em espiral, a noite prometera ser a misericórdia para com as vindouras vítimas, sujeito pega no sono sob confusa hiperminésia em forma de pesadelos, vultos se levantam da cama, uma silhueta e antes; sangue, corte na pele, gemido de goso, de dor?
O sangue enxarca os tecidos e o ar com seu aroma, pura escultura seus caminhos, escorre sem jorrar e modela a vítima. A linha da morte surge, penumbra dos enfraquecidos gemidos atestam a presença decisiva do maniaco. Sobre este a culpa impotente nada pesa, nada importa e se retira. Ficam o prazer e a vitima, um tipo de orgasmo ronda, ele espera que ela esfrie e sente o mesmo frio. O frescor do sangue torna-se frio, pálida vítima em forma fetal deitada e o frio do metal. Corpo jazendo e alter ego coexistindo se somam no paranóico, acorda na cama, todo ensanguentado, fraco se assusta e tenta apontar pro nada, consegue apertar o interruptor do abajur, acende a luz. Sua artéria femural certeiramente achada acidentalmente pela lamina durante o sono agora decreta o fim qual ele ainda não esperava. Ao tirar a faca do corte o sangue emana com mais descontrole. Ele ainda tenta invocar mas fraco e perdida lucidez; " Deus Senh... Tod...".

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