Quando meu inferno pessoal começou

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"A família é um dos tesouros mais fortes que temos, moldada pelo amor, respeito e cuidado mútuo."




[Amanda]

Eu acordei naquele dia sentindo um cheiro exagerado de perfume de rosas.

Me sentei em minha cama e me espreguicei preguiçosamente. De primeira eu estranhei que estava bem menos barulho que o normal e ninguém tinha jogado água gelada em meu rosto ainda, mas aí me lembrei de onde estava e de tudo que aconteceu ontem.

Ontem eu tinha sido reclamada como filha de Afrodite, a deusa do amor. Uma hora eu estava discutindo com a Vicky do chalé de Ares e na outra estava com um vestido grego, maquiagem perfeita e todo mundo me olhando tão boquiabertos que poderiam facilmente babar.

Depois que fui anunciada como filha dela por Quíron os campistas do chalé dez - agora meu chalé também - vieram me cumprimentar e me dar as boas vindas enquanto todos os outros - menos os de Ares - vieram me dar os parabéns, agiam como se eu tivesse ganhado na loteria.

Até mesmo a Emma, a última pessoa que eu esperaria um ''parabéns'' sincero veio até mim. Arrastada pelo Luccas, mas mesmo assim veio.

Depois disso me arrastaram para dentro do chalé dez e me deram uma das camas vazias, na beliche de cima para a minha sorte, me seguiam como cãezinhos apaixonados ou algo do tipo, estavam tão felizes que não pararam de falar em nenhum momento. Falavam de fofocas, coisas do chalé, de Afrodite e sobre si mesmo, cada um se apresentou com um grande sorriso no rosto. Então fomos jantar. Não sei explicar a horrível sensação de chegar lá e ter todos olhando para mim, sussurravam e encaravam sem nem disfarçarem. Meus novos colegas de quarto pareciam acostumados à tanta atenção e até gostavam dela, a maioria, pelo menos. Eu não.

Mexi naquelas molas em minha cabeça com certa fixação tentando inutilmente escondê-lo ou ao menos diminuí-lo, os demais perceberam e se olharam entre si, porém não falaram nada.

Me sentar em uma mesa onde todos conversavam civilizadamente, não tinha comida voando e ninguém gritando foi esquisito de início mas depois ficou legal, o estranho foi na hora de jogar as oferendas na fogueira.

Agora eu tinha para quem rezar, mas mesmo assim eu não tinha ideia do que dizer.

Encarei aquela fogueira como se estivesse tentando resolver umas das milhares questões impossíveis das aulas da senhorita Líria.

- A primeira vez é sempre a mais estranha - Piper tinha dito

- É, estou percebendo.

- Não precisa jogar se não quiser, pelo menos não hoje. - Ela jogou uma coxa de frango no fogo - Ou pode jogar e dizer só um ''oi mãe. Eaí?'' serve também.

Olhei dela para de volta à fogueira, jogando a maçã que tinha pego e mandando apenas um ''Oi, mãe. Eaí?'' e só. Não era como se eu soubesse oque dizer à uma fogueira.

Entramos de forma civilizada no chalé dez, sem empurra-empurra e competições bestas. Fui direto para o banheiro, devo ter ficados uns bons minutos ali jogando água no cabelo até Josh abrir a porta, agora vestido com a parte de baixo de um pijama rosa e o peitoral nú, parecia preocupado.

- O que foi?

- É a primeira vez que vejo alguém rejeitar a benção de nossa mãe. - Piper o cutucou. - Quer, a segunda vez.

- Não... gosto muito do meu cabelo assim.

- Prefere como estava antes?

- É. Eu acabei perdendo a prancha quando caí no mar com a Piper e os outros, na noite em que chegamos mas com a chapinha de alguém do onze consegui colocar no lugar. Mas agora...

Meio Sangue- Missão de resgateOnde histórias criam vida. Descubra agora