Me joguei na grande cama, respirando fundo e sentido o ar frio do apartamento inundar meu peito, estava me acostumando com o silêncio, não era confortável, mas estava se tornando normal.
Peguei o celular do meu lado, encarando a tela. A última chamada feita.
Lilian Luthor.
Nunca foi tão difícil falar com a tia Lilian, por mais que ela pareça uma pessoa difícil de conversar, foi com ela que passei grande parte da minha infância. Eu e Lena éramos inseparáveis e sempre fizemos tudo juntas, passávamos muito tempo na casa dos Luthors já que Eliza sempre trabalhou o dia inteiro e a tia Lilian acabou me acolhendo como sua filha. Fazer essa ligação foi algo que partiu meu coração, por mais que vá fazer quase três anos que o tio Lionel tenha partido, é uma ferida muito exposta, eles perderam Lex em um mês e no próximo receberam a notícia que o patriarca da família estava morto. E agora sabemos que foi um assassinato.
Foi uma ligação coberta de pausas silêncios, e posso jurar que ouvi vários suspiros ao final, mas tia Lilian disse que estava bem e que não queria falar sobre isso, então deixei ela ter seu tempo.
Estava tentando ter o meu agora.
Joguei o celular de lado, encarando o teto, encarei o branco por longos segundos, devia voltar para Catco ou ao menos escrever um rascunho da reportagem, mas minha cabeça parece estar nas nuvens. As lembranças do passado brincavam de me atormentar. Queria tanto que os últimos três anos não tivessem acontecido, que Lex não tivesse morrido, que Lionel ainda corrigisse os rascunhos de minhas reportagens, que Lena ainda estivesse aqui para fazer suas piadas idiotas ou para me ouvir reclamar de todos os caras babacas com quem saí.
Fechei os olhos momentaneamente e respirei fundo. O fato de Lena simplesmente desaparecer de uma hora para outra me irritava, como ela fez isso? Porquê fez isso? Sei que estava abalada pelo seu irmão e logo em seguida foi seu pai, mas isso não justifica sumir do mapa sem falar nada com ninguém, nem ao menos um recado ela deixou. Simplesmente poof, e desapareceu.
No inicio pensamos que tinha acontecido algo com ela, acionamos a policia fizemos uma movimentação, mas no final a policia não achou nada, quer dizer, eles a acharam no aeroporto, com uma passagem comprada para o Tibete no norte do Himalaia, então as investigações foram encerradas. A única coisas que eles nos disseram foi para ligar para a morena, mas isso adiantou tanto que não temos contato com ela a três anos.
Meu corpo relaxava quanto mais afundo dos pensamentos estava, não podia dormir, tinha coisas a fazer. Levantei, impulsionando-me a sair da cama antes que uma soneca de quinze minutos se tornasse um sono profundo de três horas, segui rumo ao closet no grande quarto, abrindo as portas do mesmo e observando o longo corredor. O mar de roupas parecia querer me engolir, por mais que viesse no apartamento da morena constantemente desde que ela se foi, mexer em suas coisas foi uma coisa que nunca fiz. Sabia que a mesma não ligaria já que sempre tive a liberdade de mexer em seu closet, entrar no seu quarto ou até mesmo abrir sua geladeira, o que muitos dizem ser falta de educação quando o dono da casa não está, mas Lena nunca se importou com isso. E desde que ela se foi, até mesmo nas primeiras semanas, eu nunca tive coragem de mexer em nada, a única coisa que fiz foi limpar sua geladeira para nada estragar, de resto, estava tudo intocável.
A diversidade de cores que a morena usava me deixava extremamente surpresa, todo o longo corredor de roupas era coberto por cores em tons de preto e algumas peças em branco, de resto, apenas alguns moletons se safavam em cores de azul ou verde escuro. Puxei um de seus moletons pretos, colocando-o para tapar o vento frio que vinha da janela, e estava prestes a sair do cômodo quando um envelope branco me chamou atenção, estava em frente dos moletons, então provavelmente caiu quando puxei o que estou vestindo. Peguei o papel do chão, olhando-o de ponta a ponta, para logo em seguida abri-lo.
"Hey Kara,
Não sei porque estou escrevendo isso ou o que colocarei nesse papel, mas não queria deixar você preocupada por tanto tempo, sei que vai achar essa carta apenas alguns dias depois de eu ter sumido, você ama roubar meus moletons, então juntei o útil ao agradável. Bom, primeiramente você deve estar pensando porque eu sumi, isso é um pouco complicado, mas acho que posso falar que estou em um retiro, depois que papai morreu eu me perdi em vários pensamentos, eu acabei me perdendo dentro de mim mesma.
Sei que isso pode ser muito para uma carta e que se eu estivesse aí com você poderia ser tudo mais fácil e me perdoe por isso, me perdoe por correr, por me afastar. Sei que agi como uma covarde e posso te machucar com minha escolha, mas eu precisava me achar, precisava reencontrar e aprender quem realmente é Lena Luthor.
Espero que não queira me matar nesse momento, nem quando eu voltar, sei que vai ficar brava e tem todo o direito disso, mas se eu posso te pedir um favor: não me esqueça. Eu vou voltar, prometo, não me cobre datas, mas saiba que eu sempre voltarei pra você, Kara Danvers.
Obrigada por me ouvir e até logo, Lena.
PS: Fala com a dona Lilian para mim? Se eu deixar um carta na casa dela é mais provável que ela jogue fora do que leia, sabe como minha mãe é."
Se eu estava mal antes, com certeza estava pior agora. Ela se despediu, ela deixou um bilhete, eu apenas não achei. Durante esses três anos eu podia ter dado uma respostas a todas as perguntas que me fizeram sobre ela, eu podia ter tranquilizado a mãe dela, eu podia ter vivido sem me assustar toda vez que a porta batia, imaginando que poderia ser a morena voltando, eu só tinha que ter pego um moletom dela antes.
Filha da puta! Porque não colocou a carta em cima da mesa?!
- Kara?! Tá aí?! - me chamaram da entrada do apartamento.
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A pessoa deixa uma carta em pleno século 21, pqp hein lena Luthor, se atualiza filha
Até a próxima!
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Arkhamis
FanfictionGraças a uma amizade inseparável os Luthor e os Danvers se tornaram uma só família ou quase isso. Lena e Kara cresceram juntas, desde seus primeiros dias de vida suas famílias eram amigas, não haviam motivo para não serem amigas, do colegial ao prim...