Quando se tem vinte anos e um coração recém partido, você se agarra a qualquer bote salva vidas meia boca defeituoso e sem saber nadar, daí, se afunda e se afunda, se conforma com o que se sujeita porquê naquele momento é preferível estar mal acompanhada que só, definitivamente.
Eu estava arrasada, prestes a entrar no maior caos existente na minha vida até aquele momento, jurando por Deus e por todas as coisas de que seria uma boa ideia. E não foi. Ângelo definitivamente foi a maior desgraça catastrófica calva que poderia ter acontecido em um breve período de quatro meses mal aproveitados.
Ele não é uma lembrança boa e bonita para ser puxada de volta, era pura dor e tragédia, eu queria desfalecer lentamente, eu só queria não sentir. Mas não conseguia sair. A caixa de mensagens estava abarrotada de xingamentos, ofensas e ameaças, do jeito que a polícia federal gosta. Eu me sentia sufocada, angustiada demais para não sentir aquele nó na garganta, por isso bebia aquela cerveja meio quente e sorria o mais falsamente possível.
A final de contas, nenhum dos meus amigos tem culpa do buraco que me enfiei. E por isso estava alí, a sessenta quilômetros de casa, rodeada de gente e garrafas vazias de cerveja.
E no final da noite eu sabia que ia estar bêbada demais para me importar a final de contas.
Passava e repassava as fotos mais feias que ele poderia ter tirado, ele agora parecia corcunda demais, e todos os possíveis defeitos estavam alí, logo depois que o encanto acabou.
Era aniversário de Matew, Kim era a responsável pela suposta festa surpresa, o recém marido completava seus vinte e cinco anos, e antes das nove da noite, ele estava escorado na parede vomitando seus órgãos. A casa estava cheia de mais das mesmas pessoas, todos eufóricos demais, bêbados demais para ter limites naquele momento. O cheiro de maconha flutuava por todo canto, e se eu observasse um pouquinho, lá no canto tinham os culpados.
Era divertido. Teria assunto por um bom tempo. Mas esse não era o foco em questão, eu precisava de uma distração e estar trocando olhares com um cara desde o inicio da festa não estava me deixando motivada suficiente, eu precisava de uma coisa mais caótica, uma válvula de escape. E um cara que estava de férias na cidade por um curto espaço de tempo não seria bom o suficiente. Mas eu queria muito aquele imbecil.
Não era só sobre a pele clara, os cabelos grossos cheios e escuros, ou os olhos castanhos mais negros que eu já vi, ou aquelas covinhas malditas afundando em suas bochechas coberta pela barba fechada, já que ele não parava de sorrir por um segundo sequer, mas aquela boca cheia maldita eu ia beijar.
Era pouco mais de meia noite e eu só sabia seu primeiro nome, também sabia que ele estava acompanhado de um amigo gordinho e ele devolveu o olhar com a mesma sede. Conversar com ele era fácil, era o cara mais eclético e com a lábia mais desoladora que eu já tinha conhecido desde então. Não que eu tenha tido tanta experiencia em flertes, mas aquilo não era um flerte, e ele não me queria, e no fim, ainda tinha um celular com treze chamadas perdidas e vinte e sete mensagens ignoradas. E eu finalmente tinha um novo desafio.
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Turning page
RomansaPara explicar o furacão que destruiu todas e quaisquer barreiras do meu sistema, tenho que falar um pouco dos astros. Primeiro de tudo, ele é sargitariano, o bom e velho sargitariano do meio de dezembro, com todas as características clichês que pode...