Capítulo 11

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(final alternativo – Parte 1)

Nas quatros semanas que se seguiram o conde não disse uma palavra que não fosse direcionada à Alice. Ele a abraçava e mimava. Fazia brincadeiras e contava histórias. Mas, assim que se afastava, trancava-se novamente em seu mundo silencioso.

A condessa o observava ao longe, com o coração se partindo a cada dia que via o filho sofrer. Desde o momento em que viu Ayla, temeu que isso fosse acontecer. Agora, via que o inevitável lhe indicar que sua maldição não terminara com a melhora de Alice. Nos fins de tarde, enquanto observava o filho caminhar até a floresta, ela repassava todos os seus conhecimentos do passado para tentar ajudá-lo.

Precisava haver uma cura real!

Em pouco tempo a Condessa Viúva percebeu que não haveria mais como convencer o filho a seguir com a vida e não tentou mais persuadi-lo a buscar consolo em Clara. A própria Clara percebera que jamais poderia ocupar um lugar no coração do conde. Erick se tornara um fantasma do homem que já foi um dia e ela sentia apenas compaixão por ele. Com o pouco de dignidade que lhe restava, Clara se despediu da família, desejando que a pequena Alice permanecesse saudável daquele dia em diante.

Erick nem sequer notou o dia em que Clara de Windsor deixou o castelo. Sua aparência já começava a ficar desgrenhada e ele não cuidava mais da saúde. Dormia pouco e comia pouco. Ele passava a maior parte dos dias trancado no escritório, olhando fixamente para a floresta na mesinha encostada à janela. Como companheiros ele tinha um diário do pai, todos os livros que pode encontrar sobre as lendas da floresta presente em sua propriedade e a flor branca que fora encontrada com ele depois que Ayla se foi. A dama-da-noite.

Todos os dias, no fim da tarde, a flor soltava seu perfume e ele lembrava dos breves momentos que teve com a moça. Ele tinha consciência de que seu amor era insano, que não poderia sentir algo tão forte por alguém que ele conhecera em tão pouco tempo, mas ainda assim, ele sentia. Na primeira semana ele foi à floresta frequentemente, várias vezes ao longo dos dias. Chamava por Ayla, gritava com a as árvores, amaldiçoava os espíritos presos no lago. Mas a floresta só lhe respondia com silêncio.

De volta ao seu escritório, ele transitava entre momentos de picos de adrenalina, em que ele investigava tudo que podia sobre a floresta e criava planos para invadi-la, e momentos de profunda depressão e introspecção.

-- Erick. – a voz da condessa preencheu o escritório atrás dele, mas ele não se virou. – Querido... Isso precisa parar.

O conde não respondeu. A condessa se aproximou e tocou seu ombro com delicadeza.

-- Pense em Alice. Pense no condado e na responsabilidade das terras.

-- Ela não murcha... – Erick disse sem emoção.

-- Como? – a condessa perguntou, confusa.

-- A flor. Ela não murcha. Porque ela não murcha? – Erick perguntou debilmente e completou sem sentido. – Tem o cheiro dela.

A condessa olhou para a flor branca ao lado dos livros. Viçosa e fresca como no momento em que a encontraram com Erick caído na floresta. A condessa levou a mão aos lábios para segurar um arfar surpreso. Então era real.

Tantos anos se passaram, tantas histórias que se tornaram lendas, lendas que um dia foram profecias. Agora, bem na sua frente, ela via que parte delas era verdadeira.

Sem dizer nada ao filho, ela saiu do escritório e atravessou as portas do castelo, seguindo decidida em direção a floresta. A cada passo, seu coração parecia pulsar mais rápido, mas ela não se deixou levar pelo medo. Ela parou no limite da fileira de árvores e observou a silhueta das copas. Elas estavam inertes, observando-a, esperando que a condessa ousasse fazer o que desejava.

A curaOnde histórias criam vida. Descubra agora