Cap. 57 - Sophia

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Não consigo acreditar no que meus olhos vêem a minha frente.

Heitor chega atrás bufando.

A pessoa na poltrona se levanta rapidamente, mas não sei do lugar.

A luz na baixa não me deixa visualizar a sua expressão facial.

Uma emoção tão grande me invade assim que adentro aquele quarto.

Não sei explicar, ainda não faço idéia de quem está deitado á cama, mas algo em meu coração diz ser meu marido.

Em fração de segundos ouço Heitor atrás de mim, me chamando.

- senhora – ele diz baixo, mas ofegante, como se não quisesse acordar quem estava na cama.

Ele segura em meus dois braços, me virando para ele, tentando me conduzir para fora do quarto.

Levanto a minha cabeça.

Meus olhos sangram em lágrimas, mas não posso deixar que ele me ludibrie mais uma vez, a verdade tem que aparecer.

Eu preciso disso.

Preciso saber. Quero respostas.

- Heitor, por favor, eu não agüenta mais não saber de nada – olho em seus olhos – me ajuda, essa maneira que estão lidando com a situação está me fazendo ficar pior – ele balança a cabeça de um lado para o outro e em seguida me abraça.

- você tem total razao. Não posso mais fazer isso com você.

- então me diga a verdade Heitor – eu estou exausta.

Daqui eu não saio sem saber a verdade.

- Heitor, por favor, me mostre a verdade. Quem está naquela cama? – suplico mais uma vez.

Ele se mantém calado, mas percebo que estou amolecendo seu coração.

- estou tentando encontrar as palavras certas, me dê mais alguns segundos – pede.

Ouvimos passos vindo do corredor. Isso era muito estranho, já que Zana dormia e os soldados não entravam na mansão corriqueiramente, a não ser que fossem solicitados ou vissem algo de anormal.

Heitor fica em alerta, me colocando atrás das suas costas tapando a minha visão e sacando a pistola da cintura para nos proteger de uma possível ameaça.

Estamos ainda parados na porta do quarto.

- Heitor – a voz conhecida chama em desespero. Heitor abaixa a arma e sai da minha frente.

- papi – vejo meu pai e mais dois homens o escoltando.

Mas o quê está acontecendo aqui?

Abraço-o sem demora, ainda sem entender de onde ele veio. Como chegou aqui tão rápido? Será que ele estava escondido aqui esse tempo todo? E por que não me contou? Ele estava em Miami esse tempo todo?

... se eu não enfartar agora, não infarto mais....

Como eu necessitava daquele abraço. Sentir meu pai foi emoção demais.

Um abraço com cheiro de saudade.

A emoção era muita, eu não fazia idéia do que estava acontecendo para que ele chegasse aqui dessa forma e tão rápido, mas eu tinha a certeza que agora eu teria mais uma base para me auxiliar nesse momento difícil sem Iago.

- meu lírio – papi beija minha testa e nota a minha barriga já bastante estufada – vamos sair daqui – sinto a preocupação em sua fala assim que ele nota a pessoa á cama.

- não. Papi, eu quero ver quem está naquela cama.

Tento olhar na direção da cama, mas papi e Heitor permanecem como duas muralhas me impedindo.

- Sophia, seu estado requer cuidados - como ele sabe do bebê?

Haaaa claro, que burra eu sou, é claro que ele saber. Heitor deve ter contado ou óbvio que ele percebeu o tamanho da minha barriga.

- não venha falar do meu estado, Papi, eu preciso de respostas.

- meu lírio, se acalma. Vamo...

- não vêem que não estão me ajudando em nada - essa situação de não saber ao certo sobre nada tem me deixado mais apreensiva.

- vamos conversar primeiro, ok? – ele tenta me conduzir para fora do quarto.

Sempre respeitei e obedeci ao meu pai, mas hoje eu não faria isso. Não até descobrir quem estava naquela cama.

- papi, eu preciso de respostas, por favor – supliquei sem forças.

Se eles dissessem que eu teria que sair dali sem ver nada, eu, com toda certeza sairia com eles daquele quarto, pois eu não tinha mais nenhum resquício de energia para argumentar mais nada.

Minhas forças já estavam se esvaindo.

- ela não vai sair daqui, bonsall, eu já tentei, você sabe que estamos enganando ela á semanas, para mim já chega. Já deu.

- certo – papi diz e acaricia meu rosto.

- ainda bem que veio. Eu não teria coragem de falar tudo sozinho - Heitor diz.

Não consigo decifrar o que eles querem dizer, mas me parece que estão se comunicando no olhar.

- chega de mentiras – ultimamente repito essa frase como uma reza – por favor, eu não agüento mais.

- sim, meu lírio, chega de mentiras.

- me deixe ver o que está minha frente.

Era mais uma afirmação, que uma pergunta.

- sim. Vamos mostrar.

– sei que podem estar fazendo isso para me proteger de algum modo, mas não estão me protegendo, me sinto mais nervosa e cansada disso tudo – suplico mais uma vez.

- tem certeza que não quer conversar primeiro?

Ele fala como se eu tivesse escolha de seguir em frente ou recuar para uma possível conversa. Mas eu só penso em prosseguir.

Tento achar mentira em seus olhos.

Papi me conhece e sabe que desconfiei de sua pergunta nesse momento.

- certo, já entendi, deixe-a ver, Heitor – papi segue ao meu lado e Heitor acompanha do outro lado.

A passos um pouco vacilantes visualizo a cena a minha frente, mas nada me prepara para o que sinto assim que vou chegando cada vez mais perto daquele corpo imóvel estirado na cama.

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Lembrando que essa obra é uma ficção, portanto alguns fatos podem não condizer com a realidade.

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Um Homem as Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora