Capítulo 16
Acompanhei o médico.
O que sentia agora era apenas angústia e raiva. Sinto-me revoltada.
Médico: como te chamas?
Eu: Beatrice.
Médico: tens o nome da minha filha.
Dei uma risada falsa.
Eu: onde me leva?
Médico: conheço uma pessoa que te pode ajudar.
Parei.
Eu: como assim?
Médico: já vês.
Eu: não acha que eu tenho o direito de saber?
Médico: olha, Beatrice. Para isto resultar vais ter de me acompanhar sem dizer nada. Verás do que se trata daqui a pouco. Agora vá.
Eu: tudo bem.
Continuei a andar até que chegámos a um pequeno consultório. Havia um letreiro com o nome Margaret Johnson.
O médico bate à porta.
Eu: não me vai obrigar a vir a sessões de psicologia pois não?
Tenho um trauma com psicólogos. Faz-me lembrar o tempo em que eu estive grávida, à beira de depressão.
Médico: não te obrigo a nada. Mas fazia-te bem. Entra. - aponta para a porta - Vai ser como uma conversa de café, vais ver...como se estivesses a falar com as tuas amigas.
Eu: eu sei bem que não é bem assim doutor. Agradecia que não fizesse de mim parva. - Havia um certo desprezo no meu tom de voz.
Médico: Beatrice...
Eu: se não me obriga a nada, então, se me dá licença. - despedi-me e fui me embora.
Olhei para o relógio.
Já são quase duas da tarde e ainda não sei de nada.
Já chega. Vou à procura dele.
Fui ver uma planta do hospital, que se encontrava na parede ao pé do elevador.
Procurei o andar das urgências. Suponho que ele se encontre aí, mas eu não sei.
Segundo andar.
Apanhei o elevador para lá.
Atravessei o corredor entre o elevador e a porta que dava para o outro lado, mas o acesso era restrito aos médicos.
Que se lixe. Eu tenho de entrar.
Não posso. Não posso mesmo, ainda me mandam embora ou pior: os meus pais ficam a saber disto tudo.
Tive uma ideia.
Subi outra vez e fui ao consultório de Margaret.
Bati à porta.
Drª: entre.
Ia fazer a minha primeira e última sessão em Londres. Tinha de ser uma sessão rápida.
Realmente foi. Durou 10 minutos. Ela só me perguntou a que se deve a atitude que tive para com a enfermeira e eu expliquei da forma mais discreta possível para ela não pensar que eu estou a despachar ou a fazer um favor a alguém.
Drª: a menina até se portou bem. Eu pensei que fosse mais...irrequieta.
Eu sorri forçadamente.
Eu: não sou. Foram apenas os nervos a falar.
Drª: estou a ver. Bom, se houver mais alguma coisa que puder fazer por si, terei todo o gosto em ajudar ou ouvi-la.
Eu: oh não, não se preocupe. - olhei para o cabide.
Drª: para onde está a olhar?
Eu: para a sua bata. Fica-lhe muito bem. Honestamente gostava muito de voltar a usar.
Drª: a sério?
Eu: sim. A última vez que usei bata foi por volta dos 3 anos, na pré.
Drª: ahaha pode ficar com essa.
Eu: a sério?
Drª: sim, eu tenho imensas em casa. Tire à vontade.
Eu: obrigada.
Drª: de nada.
Eu: adeus!
Drª: adeus
Apressei-me e corri para o segundo andar e entrei com o nome de Margaret Johnson.
Adquiri o meu ar mais médico.
Eu: com licença - ia dizendo. Aquele sítio era só ansiedade e eu estava a ficar cada vez mais nervosa, até que o encontrei.
Eu: Zack...
Ele não se mexia. Estava pálido, sem expressão.
Ele estava ligado a máquinas e a pulsação estava lenta, até que um médico entrou e me pediu ajuda.
Okay eu sou mesmo estúpida. Roubei uma bata a uma médica da área da psicologia e estava à espera que não achassem suspeito. Sou burra, é verdade. Mas estou desesperada.
Eu: ele vai ficar bem, doutor? - tapava com o cabelo a plaquinha com o meu nome.
Médico: os níveis deles estão estáveis. Penso que é só um susto.
Nesse momento tudo mudou.
Tudo parou de ser tão triste e desagradável.
O Zack estava bem e eu estou super feliz agora.
Pensei que o ia perder.
Eu: dá-me licença?
Médico: sim, pode ir.
Fui embora antes que ele me obrigasse a por uma daquelas tocas horríveis e conseguisse ler a placa.
Estava a andar aos pulinhos. Tinha de me livrar da placa.
Atirei-a para o lixo e liguei aos meus pais. Expliquei-lhes o sucedido e eles compreenderam. Pedi-lhes para eles trazerem o meu tablet, ou um livro para eu me entreter.
Tenciono ficar aqui até ele acordar do coma.
Adoro-te mesmo Zack.
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Hayran KurguOlá, o meu nome é Beatrice. Nasci em Portugal, mas mudei-me recentemente para o Reino Unido e ainda bem. Aqui os meus pais estão felizes, eu sou feliz. Honestamente, aproveito esta oportunidade para me livrar do meu passado. Aquele que, infelizmemte...