77: Terapia de Choque

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S O L D A D O  I N V E R N A L

Esse lugar me sufoca e isso é mais um dos sinais de que eu não estou normal.

Fui guiado pela guarda da base à um local onde eu poderia tomar ar fresco. Consegui achar uma sacada com vista para toda a paisagem do horizonte da ilha, a base é embutida na encosta de uma montanha na ilha, cercada pela mata densa, com céu claro e o mar ao longe.

Eu apoio minhas mãos no parapeito e fecho meus olhos respirando fundo.

Minha cabeça parece que vai implodir, eu não tenho controle do que eu penso ou sinto sobre o que eu vivo e vivi, do meu passado e presente. Eu sei que é por todos os meus lados estarem em conflito e eu não sei o que fazer. Eu sinto dor, mas eu sinto indiferença; eu penso nos Vingadores, mas eu penso na coleira mágica de Miranda sobre mim;

E porra, eu penso em Serena.

Como eu penso, eu penso muito nela.

Parece que quanto mais tempo eu passo com Miranda, mesmo sendo a imagem de Serena na minha frente, menos eu vejo a garota. Parece que a pequena bruxa só existe na minha cabeça, nas minhas lembranças. O conflito na minha cabeça me faz pensar que eu faria de tudo pra trazê-la de volta, mas uma coisa começa a me sufocar de dentro pra fora, como um arrepio ardente e horripilante percorrendo a minha pele que me leva a subserviência à Miranda.

Eu não passo de uma marionete.

Engulo em seco, e penso no que estou fazendo aqui, servindo como Soldado Invernal e no que aconteceu agora.

A voz da mulher chamou logo a minha atenção e eu sabia o que era, isso me assombra todo santo dia. A voz de Maria Stark.

Eles mostraram o vídeo do assassinato dos pais do Tony e Miranda teve a coragem de perguntar como ele conseguia olhar pra mim.

Stark perdoou o imperdoável, sendo que eu na maioria das vezes é que não consigo olhar pra mim. Eu me odeio. Me odiei por quem eu era e tudo que eu fiz durante muito tempo, tive que descer até o mais íntimo dos meus temores e traumas pra superar e me livrar de tudo isso, pra em um estalar de dedos eu estar de volta à essa posição de arma e soldado novamente, com esse jugo nos meus ombros novamente.

E eu sei que não deveria estar sentindo isso. Eu não sentia antes e agora eu sinto tudo, apenas não consigo fazer nada sobre.

Eu não sei o que vou fazer ou sentir quando tiver sangue nas minhas mãos de novo, e o pior, se eu tiver sangue dos Vingadores nas minhas mãos. Ela vai me quebrar pra sempre.

Me recosto sobre meus antebraços no parapeito de concreto e apenas olho para o nada, tentando desanuviar a minha mente. Um segundo que seja de paz já seria suficiente. Na verdade, eu preferia morrer.

Porque ela não podia só me matar? Seria muito melhor.

— Bucky? — A voz ressoa.

Que inferno.

Me viro no automático para a porta estreita dessa sacada e Miranda está nela me olhando curiosa.

— O que está fazendo? — A bruxa pergunta.

— Tomando ar. O que você está fazendo? Se precisava de mim era só mandar me chamar. — Eu falo no automático como um soldado obediente.

Serena: A Nova Bruxa dos VingadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora