Capítulo 30.

1.6K 151 13
                                    

PATRÍCIA.

Minha mãe e Matheus batendo boca sobre alguém ter culpa ou não, se é que alguém tinha que ter culpa nisso tudo. Eu não achava certo, mas esse assunto definitivamente ainda era algo que eu não tenho um conhecimento pra falar sobre e não ia falar nada sem o mínimo de cuidado possível.

Agradeci a Deus que a minha sogra apareceu e levou as meninas daqui, pois o pai delas estava totalmente fora de si e falava coisas absurdas que eu não tinha coragem nem de repetir.

Fui pro meu quarto e deixei eles falando pra caralho lá, me desmontei e fiquei olhando o porta retrato das minhas gêmeas quando bebês. Eu daria a minha vida pra elas não crescerem, a única preocupação delas seriam a hora da soneca com a mamãe quando eu estava de folga.

Minha Bárbara sempre foi a mais risonha, a mais debochada, a mais atirada e consequentemente a que mais arrumava confusão porque ela é bocuda e não leva desaforo pra casa e nem pra lugar nenhum.

Aí o outro entrou no quarto, fechou a porta e eu tratei de secar as lágrimas.

Falcão: Tu não vai falar nada não? As coisa acontecendo e tu vai ficar calada mermo vendo nossa filha se perdendo aí? - quebrou o silêncio.

Patrícia: Depois que tu fez teu show, aí tu quer saber o que é que eu acho disso tudo? - olhei pra ele e liguei o ar condicionado em seguida - Depois que tu espanca tua própria filha, aí tu vem me perguntar se eu tenho alguma coisa pra falar?

Falcão: Não fiz nossas filhas sozinho não e tá na hora da Bárbara me respeitar e se dar o respeito! Se embolando com piranha no meio da rua, geral vendo o vexame e o motivo é mais nojento ainda, Patrícia. - ele se sentou na cama - É fácil pra caralho tu ver os outros fazendo determinada coisa, mas minha filha não é os outros.

Patrícia: Tu meteu a língua no teu pai quando ele botou Gabriela e PH pra fora de casa e acabou de repetir a mesma coisa com as nossas filhas. A gente sempre ensinou pra elas que elas podiam ser quem quiserem, mas com respeito e amor a nós. Elas são nossas filhas, mas não são um terreno e nem qualquer bem material nosso. - gesticulei.

Falcão: E não deixaram de ser minhas filhas, mas eu não consigo achar normal e eu não sei esconder o quanto eu acho bizarro. Quer que eu alise a cabeça da Bárbara e fale: tá lindo, filha.. Então continua? Ou quer que eu bote essa aí aqui dentro da nossa casa como se a gente fosse a família perfeita de margarina? - falou irônico.

Patrícia: Não se faz de vítima e não finge que tu não entendeu o que eu falei! Eu não tô mandando tu botar ninguém aqui dentro de casa, não tô falando que Bárbara tá certa em tudo, mas tô falando de respeito e de limite que tu perdeu! Tu não reconhece porque foi criado tomando porrada do teu pai, mas ele tava te treinando pra ser homem de guerra e as minhas filhas não são seus homens de guerra. Tu tem boca pra falar merda quando tu quer, tu tem ouvido pra tu ouvir fofoca, mas não tem boca e nem ouvido pra nem se quer ouvir como tudo aconteceu. - falei olhando pra ele de lado - A gente sabe que tá no fundo do poço quando tua mãe tem que sair do baile funk pra vim aqui em casa tentar apaziguar as coisas porque simplesmente nós dois não sabemos controlar os ânimos.

Falcão: Eu não chamei minha mãe pra vim aqui fazer nada não e tu sabe disso! E tu tá sendo injusta comigo nesse bagulho aí de não ouvir porque quem mentiu, quem escondeu a verdade foi a Bárbara. Tu acha mermo que se isso não tivesse acontecido ela ia sentar e contar pra gente? Acorda, Patrícia! Filhos mentem e mentem pra caralho. - falou o santo e eu revirei os olhos.

Patrícia: Agora tu chegou onde eu queria chegar! Já que foi descoberta, mesmo assim tu não deixou ela falar nada, já foi lambendo a menina na porrada. Nem eu falaria nada pra tu se eu fosse tua filha! Tem dia que tu quer me engolir, imagine a Bárbara. - dei de ombros pra ele e me virei.

Falcão: Bota uma coisa na tua cabeça, nós somos pais e não amigos da Bárbara. Então toda vez que ela fizer besteira, minha obrigação de pai é corrigir, antes que a vida venha e faça por mim. Te garanto que não vai ser no amor não! - fiz questão de me virar pra ele e ele continuou me encarando com aquela cara de cu que ele faz.

Patrícia: Tá bom, ditador. - revirei os olhos - Vou dormir tá? Fica com Deus, tchau e bença. - fiz sinal com as mãos de deixa pra lá.

Falcão: Eu te amo, Patrícia e amo as nossas filhas. - falou mais calmo e alisou meu rosto - Não quero ver nenhuma das duas sofrendo por aí e vamo supor que a nossa furacão esteja com essa mina aí, quem que garante que ela vai cuidar da Bárbara melhor que a gente?

Patrícia: Isso só o destino vai dizer, Matheus! A única coisa que tá no seu controle é as suas atitudes em relação as nossas filhas. Não tô te pedindo pra aceitar nada, porque se essa for a vontade dela, você e nem eu vamos conseguir impedir. - olhei pra ele.

Falcão: Ah eu vou filha, nem que eu meta rastreador na Babi! - riu sem graça e respirou fundo.

Patrícia: Se manca! - empurrei o rosto dele - Acho que isso vai ter que ser muito bem conversado, eu não quero a minha família partida ao meio.

Falcão: E mesmo que não fosse, dona Fabiana tá dentro do problema! Eu vi minha mãe igual aquelas leoa braba do Discovery channel. Ela estourou a porta e estourou o portão, vou logo comprar outra e meu pai que pague esse preju. - falou rindo e deitou do meu lado.

Patrícia: Bem feito! - falei e ele me puxou pra deitar a cabeça em cima dele - Ainda tô com raiva de você! Tô sentindo a dor da minha filha daqui.

Falcão: Esquece isso, deixa pra bater boca comigo amanhã na reunião de condomínio, no tribunal da Imperatriz. - falou debochado.

Fechei os olhos e peguei no sono.

DO JEITO QUE A VIDA QUER 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora