Rebeca
Eu não sei quantas horas eu passei ali dentro. Estava sedenta a ponto de sentir minha garganta doer ao tentar engolir. O que o airbag protegeu do acidente, agora cobrava seu preço. A posição em que me encontrava era por demais dolorosa.
Desejei a morte.
O motor do iate parou e foi um alívio sentir o silêncio.
A portinhola do alçapão se abre e Michele desce de banho tomado, exalando um cheiro de limpeza, coisa que eu desejaria profundamente.
Mas eu não me humilharia.
― Bom dia, cadela. Dormiu bem? Confortável? ― Ele pergunta, parando diante de mim e com um sorriso nos lábios retira a fita que tampava minha boca. ― Responda-me? ― E mostra o punho fechado.
― Vá ao inferno. ― Rosnei tirando o sorriso de seus lábios. ― Foda-se, Michele!
Ele poderia fazer o que quisesse comigo, mas não tão fácil.
― Olha bem, cadela. Sei que deseja morrer e realmente eu estou louco pra realizá-lo. Infelizmente não o poderei fazer ainda. ― Ele puxa meu cabelo, encarando-me. ― Primeiro, você vai me pagar cada centavo com esse seu corpo e somente quando estiver bem gasto do tanto que foi usado é que eu pessoalmente darei um fim nele.
Cuspi em sua cara e depois sorri da sua expressão de surpresa.
Eu e meu filho não vamos viver nesse mundo de merda. Vamos morrer juntos se é que ele ainda está vivo dentro de mim.
Naquele momento, eu imaginei que ele me mataria. Seu ódio estava estampado em seu rosto, entretanto, ele se levantou, abriu o zíper da calça e urinou em cima de mim.
E eu... eu só fechei os olhos, a boca e tampei a respiração.
― Gostou? Tem mulheres que gostam de se banharem no mijo de seus machos. ― Preferi não responder a provar o sabor de sua urina.
Foi quando som de hélices de um helicóptero mostrou que se aproximava e o som de sua voz se perdeu.
― Preciso ir. ― Grita para se fazer ouvir. ― Infelizmente não poderei levá-la porque preciso anunciar minha chegada. ― Não entendo nada do que ele fala e muito menos quero entender. ― Mas vou deixá-la em boas mãos. Mais tarde nos veremos e eu darei um vislumbre daquilo que te espera, Rebeca.
Ele sorri, mostrando seus dentes brancos, perfeitamente alinhados que um dia me impressionaram pela sua beleza.
― Opa! Eu já dei, né? Um vislumbre.
E sobe a portinhola deixando-me novamente no mais profundo breu e calor insuportável.
Ódio me consumia.
Dor me dilacerava.
Arrependimento me tomava.
Eu não tinha qualquer sentimento bom dentro de mim. Inclusive eu sentia uma cólica que parecia ser o que eu desejava: um aborto.
Desejava mesmo? Eu tinha tantos sonhos. Eu já sonhava com meu bebê. Eu sonhava que ele seria tão bonito quanto o crápula do pai. Eu conseguia imaginá-lo com aqueles olhos cinza azulados raros. Meu italianinho seria amado... amado por mim.
E então eu dormi... Quanto tempo eu não sei. Estava perdida no tempo e no espaço quando alguém me acordou chutando minhas pernas devagar.
― Levanta! ― Só então eu percebi que estava desamarrada. ― O chefe mandou levá-la.
Com muita dificuldade, eu me levantei, só que em vez de ser tirada do iate, ele me levou para a parte interna.
― Você fede ― diga isso ao mijão do seu chefe. ― Primeiro, vai tomar um banho.
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Completamente, Seu (Livro 2 - Traídos)
Chick-LitRebeca Monteiro foi pega pelo seu maior inimigo. E agora grávida e sozinha ela precisava salvar sua própria vida e a do seu bebê ainda em seu ventre nem que precisasse vender sua alma. Matteo, preso em suas promessas, se vê sendo consumido pela culp...