14. Devagar se chega longe

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Lilith

Estava tão desconcertada que não prestei muita atenção no enigma que deveria responder e quase fiquei trancada do lado de fora da torre. Felizmente, mesmo tendo chutado a resposta, ela ainda estava correta e eu pude entrar antes que o garoto de cabelos platinados chegassem ao topo da escada. Pude vê-lo apressando os passos quando ouviu o som da porta se abrindo, mas Malfoy não foi rápido o suficiente para me alcançar antes que ela se fechasse de novo. Ainda bem.

Pude ouvir três batidas fortes na porta e permaneci em silêncio até que os passos pesados dele indo embora ficassem inaudíveis por causa da distância. Quando não ouvi mais nada, pude finalmente relaxar. A grande comunal estava completamente vazia já que a maioria das pessoas preferiram curtir o baile de inverno e os que decidiram ir embora já estavam dormindo, provavelmente.

Andei me arrastando até meu quarto e só me joguei na cama depois de tirar e guardar meu louboutin, me deitei na cama de roupa e tudo. Não me preocupei em tirar a maquiagem e muito menos em me cobrir com o edredom. Estamos no ápice do solstício de inverno e por mais doloroso que seja lidar com o frio, ele é tudo que me mantém acordada nesse momento, e só com essa sensação que eu consigo ficar consciente pra organizar meus pensamentos. Essa foi uma longa noite.

Agora que eu não posso mais continuar lá fora observando as estrelas pra me acalmar por causa de Draco, todos os sentimentos conturbados que foram gerados durante toda essa noite voltaram ainda mais fortes. A situação com Ron e Hermione já era um pensamento persistente durante todo o mês de dezembro, mas eu escolhi lidar como um exagero e agora que a merda explodiu na minha cara não sei mais como lidar com isso.

E quanto mais eu pensava sobre isso, mais confusa eu ficava e então... então tinha Draco. Eu o odeio, isso não tem discussão. Ele é preconceituoso, mal, agressivo e implicante, ninguém pode negar o quão obsessivo ele é em fazer todo mundo, que ele acha que mereça, ter uma vida miserável durante todo o ano letivo em Hogwarts. E ainda assim meu coração acelerou quando ele se aproximou de mim mais cedo.

Tê-lo me seguindo até a torre agora a pouco me fez coisas que eu não sabia que eram possíveis sentir. Era como uma euforia inexplicável, uma mistura entre a sensação de medo e êxtase que juntas mexiam com a química do meu cérebro. Foi como um pico incrível de adrenalina. Mas isso não era algo que eu deveria gostar de sentir, certo?

Ele teve boas atitudes e foi razoável em poucos momentos, como hoje a noite e duas semanas atrás na biblioteca, mas Draco ainda era o mesmo Malfoy ridículo e insuportável de sempre, e ele nunca vai mudar. As coisas são o que são, né.

Pensar em tudo isso estava me deixando mais e mais acuada. Sem a sensação da brisa congelante e o céu estrelado não tinha nada que ajudasse a fazer essa ansiedade passar. Só me sobrou o teto claro e sem graça do quarto que, mesmo com a tentativa de Luna de imitar um céu noturno com adesivos de estrelas néon, não era o bastante para me distrair.

Principalmente porque o meu lado do quarto era vazio e não tinha muitas decoração, desenhos e retratos, então foi excepcionalmente fácil pegar no sono. Era o que eu queria mesmo, dormir para não pensar mais em nada, então aproveitei a facilidade do tédio em nos deixar com sono e saí dos problemas da realidade.

Faltava poucas horas para que dezembro acabasse e desde o baile eu não saí do quarto além dos horários das refeições, mesmo assim não parei para conversar com ninguém além de Luna que ia e voltava comigo para o nosso quarto.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora