A adaga na Escrivaninha Parte 1

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Era uma manhã de inverno, um dia após a confusa conclusão do Caso dos Dedos Flutuantes,e Lockwood, George e eu havíamos nos reunido na cozinha para um café da manhã bemtardio. Espadas, correntes e bombas de sal espalhadas sobre a mesa. A jaqueta de George,salpicada de queimaduras de ectoplasma, pendurada fumegante em uma cadeira. Uma mãodecepada, seguramente contida em uma caixa de vidro prateado, estava ao lado dos flocosde milho, pronta para ser descartada mais tarde. Esse tipo de coisa é normal em nossa casae não estragou nosso apetite. Estávamos nos servindo de mais uma rodada de chá comtorradas quando ouvimos o barulho da campainha do lado de fora.

— Pode ser um cliente. — disse Lockwood. — Vá ver quem é, Lucy. 

Eu fiz umacareta. 

— Por que eu?

— Ainda estou de pijama e o rosto de George estácoberto de geleia. — Eram pontos decentes, eu não podia discutir com eles.eu respondi o porta. No degrau estava um homem pequeno e redondo com rosto rosado e cabeloscor de areia desgrenhados. Ele usava um terno de tweed marrom e uma expressão deprofundo horror nos olhos arregalados.

— E-sinto muito por incomodá-la, senhorita — disse ele — mas acredito que vi umfantasma. 

Eu sorri alegremente. 

— Então isso é problema nosso, senhor. Entre.

Naverdade, a inquietação do homem aumentou depois que eu o acomodei no sofá com um biscoito e uma xícara de chá. Seus dedos tremiam, seus dentes batiam, seus olhosdisparavam de um lado para o outro como se esperasse que algo saltasse da parede e odevorasse. Quando Lockwood (agora totalmente vestido) e George (parcialmente limpo de geleia)entraram, ele pulou violentamente, derramando chá na frente de sua camisa.

Lockwood apertou sua mão. 

— Sou Anthony Lockwood. Estes são meus associados,George Cubbins e Lucy Carlyle. Como podemos te ajudar hoje?

— Meu nome — disse ohomem de rosto rosado — é Samuel Whitaker, e eu sou odiretor da Academia St Simeon para Jovens Talentosos, uma escola bem conhecidaem Hammersmith. É uma escola antiga, mas muito modernizadaao longo dos anos. Só no mês passado, de fato, abrimos uma nova biblioteca, efoi então, — ele engoliu audivelmente — que os incidentes começaram. Foram as crianças que notaram a mudança primeiro, — continuou o sr. Whitaker.Mas eles também falaram de um calafrio se espalhando, uma sensação de pavorinexplicável e de ouvir um leve tilintar.

– Que tipo de tilintar? – George perguntou.– Algemas? Correntes?

– Não sei. Eu sou um adulto. Não ouvi nada. 

– Quandoesses fenômenos ocorrem?

– Sempre no final da tarde, quando a luz começa adiminuir. Enfim, ontem as coisas pioraram. Eu estava ensinando Classe 2A. Nomomento em que os alunos guardavam seus materiais escolares, reclamando novamente do frio edo cheiro incômodo, algo foi jogado na sala de aula. Ele quebrou o vidro da porta,zuniu pelo ar e mergulhou fundo na lateral da minha mesa. Uma faca, Sr. Lockwood!Uma faca longa e fina com cabo antigo! Quando me recuperei do choque, corri parafora e olhei para cima e para baixo no corredor. Por um momento, imaginei ter visto, com o canto do olho, uma sombra parada na porta da biblioteca: uma forma curvadae desfigurada. Virei a cabeça e a presença se foi. No entanto, tive a impressão deque algo me observava, algo cheio de terrível maldade e despeito. . . – O Sr. Whitakerestremeceu. – Aquilo foi o suficiente para mim! Fechei a escola e vim até você naesperança de que você me ajude.

— Nós certamente faremos o nosso melhor. — disseLockwood. — Uma pergunta: onde está a faca?

O diretor piscou. 

Lockwood & Co - Livro Extra - A Adaga na EscrivaninhaOnde histórias criam vida. Descubra agora