Primeira Chance

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Mais uma vez Bunnyx saia de um portal do futuro, de volta para sua própria época.

Ela não tinha certeza do que tinha acontecido, já que nunca podia interferir, mas esperava que todos estivessem bem. Tudo que ela sabia era que, de repente, o tempo tinha ficado louco por todo o planeta, e só tinha voltado ao normal quando o relógio bateu uma da manhã.

Se sentou em um muro para refletir um pouco. Seu trabalho era mesmo necessário? Parecia que Ladybug sempre conseguia dar conta de tudo. Ela não via razão para ter que cuidar do tempo do jeito que cuidava, sem descanso, se a outra heroína dava um jeito de arrumar as coisas antes mesmo que Bunnyx pudesse agir.

Então por que é que ela estava destinada a uma vida de solidão? Tinha que estar pronta a todo minuto para salvar o dia caso todos os outros falhassem. Ela era a heroína da última chance, afinal. E amava o que fazia. Amava poder ajudar seus amigos, ser sua esperança.

Mas, ao mesmo passo que sentia isso, também sabia que o único futuro que lhe aguardava era viver sozinha e reparar erros. Não ter nada certo, só um furacão de problemas e emoções que nunca poderia compartilhar com ninguém.

Bunnyx voltou à sua forma civil, já sacando um pouco de comida para seu Kwami.

- Bem, dessa vez foi fácil. - O pequeno coelho branco comentou. - Ou será que esta vez foi a última vez? Ou seria um ciclo de vezes que se resumem em nenhuma vez?

A garota de cabelos cor-de-rosa sorriu.

- Acho que vai saber a resposta assim que terminar de comer, Fluff.

A pequena criatura pareceu se contentar e flutuou mais baixou para se sentar ao lado de Alix. Dali de cima era possível ver o Rio Sena, um de seus lugares prediletos de Paris. De vez em quando era bom saber que, por mais que o tempo corresse, a água ainda estava lá: estável e calma.

Diferente da vida que ela conhecia.

Parte dela sabia que ainda tinha muito trabalho pela frente. As coisas quase tinham terminado muito mal quando ela teve que chamar a Ladybug do passado para cuidar de um futuro onde Chat Noir quase tinha destruído o mundo.

Honestamente, ela preferia não saber o que tinha acontecido exatamente, embora estivesse curiosa. Era bom saber que podia descansar um pouco, saber que não precisava colocar tudo por cima dos próprios ombros, mas se preocupava que, se não o fizesse, tudo ruiria.

E, no topo de tudo, a idade de Alix ainda mudava o tempo todo. Uma hora ela era uma adulta alta, forte e corajosa. Na outra, era só uma garota assustada e com medo de que seu esforço não valesse a pena no final.

Ela só queria um pouco de estabilidade. Gostava da aventura, isso nunca poderia negar, mas imaginava que ter um porto seguro, alguém em quem pudesse contar toda vez que voltasse de outro lugar - ou outro tempo - e que a escutasse. Alguém que estivesse ali por ela.

Seria tão difícil encontrar alguém assim?

- Ah, o retorno da coelhinha perdida. - Uma voz disse atrás dela. Alix se virou para encontrar um garoto alto de cabelos negros com pontas azuis e uma máscara da mesma cor sobre os olhos.

Ela escondeu suas dúvidas e medos ao respondê-lo.

- Achei que cobras caçavam coelhos, não se anunciavam antes de aparecer. Eu não devia nem saber quem você é, na verdade. Engraçado pensar que a heroína que sabe a identidade de todo mundo é a única cuja identidade não é secreta.

Viperion deu de ombros e se aproximou um pouco mais enquanto se destransformava.

- Você já protege todos nós. Se tivesse que proteger sua identidade ficaria louca.

Primeira Chance - OneshotOnde histórias criam vida. Descubra agora