Eu lembro do dia em que você me pediu desculpas.
Parecia até que você não tinha sido aquela pessoa que se declarou pra mim olhando em meus olhos mas me traindo por trás deles. Parecia até que você não foi aquele cara que sabia usar as palavras certas pra me convencer de que você me queria (só tinha esquecido de me avisar que eu não era único).
Cê me pediu desculpas com a voz embargada, parecia até que você não foi o cara que mentiu pra mim mesmo jurando por Deus, que me quebrou ao meio e me fez duvidar do amor. Que sabia me dar carinho e vestir o personagem de perdidamente apaixonado, mas seus paços eram tortos, seus laços eram muitos, seu roteiro era o mesmo, suas promessas passavam longe da ação, e suas ações tinham cheiro de narcisista.
Lembro que você chorou logo depois que eu te disse que estava partindo, partido e quebrado, por tudo o que você fez.
Lembro de ter olhado nos teus olhos e deixado um recado pra você, de que você não voltasse a fazer com outra pessoa o que você fez comigo. Mesmo machucado eu te pedi pra você seguir em frente, e disse que esperava que a vida te ensinasse que quando você tem alguém que te dá amor é como ganhar na loteria, você precisa ter cuidado, você precisa ser sincero e leal com aquela pessoa, porque ela está dando o sentimento mais genuíno que alguém pode te dar. gratuitamente.
E foi exatamente por entender o valor do meu amor, que eu me retirei do teu caminho, e tirei o meu afeto porque você não merecia. doeu te dizer isso, mas as suas desculpas não serviam pra mim.
A dor corrói a gente por um tempo. é verdade. A gente sente medo de seguir sozinho, e quando a gente segue, a gente sente medo de tentar com outra pessoa também. Até vencer nossos traumas e sarar nossas feridas, a gente sente. E durante esse processo de sentir, se permita se redescobrir, transformar o arranhão em amor, tornar uma experiência péssima em coragem.
E esse texto aqui não é pra falar de você. (você nem é tão relevante assim, acredite).
Esse texto é pra dizer pras pessoas que: independente do machucado que alguém possa causar na sua vida, a gente têm o poder em nossas mãos de transformar a marca em amor.
Dulce María!
Pela tarde após o almoço fomos ao hospital ver a minha sogra, dona Josélia graças a Deus estava estável mas mesmo assim ainda precisará de cuidados médicos, até estar 100%para finalmente voltar para casa.
— Mas vocês tem certeza que está tudo bem na minha casa? — minha sogra perguntou.
— Sim mamãe, tudo está bem em casa!
— E Laura, como está?
— Laura está bem e agora nesse momento deixamos ela na casa da Célia.
— Filho não sei se confio em você, nunca esqueci o vexame que você me fez passar!
Sorriu da sua expressão assustada para nós dois.
— Será se em mim confia? Fique tranquila, está tudo bem e eu estou cuidando da sua casa! — disse pegando em sua mão e dando um beijo.
Dona Josélia sorriu para mim, ela me lembrava muito da minha mãe e por alguns segundos me pego pensando se ela estava bem, se ainda procura por mim, e meu irmão gêmeo? Será se ele ainda procura por mim ou sente a minha falta? Essas perguntas pairava em minha cabeça todo santo dia, talvez um dia eu volte e diga que eu estou bem, que estou feliz e em um novo relacionamento, que minha bebê está linda e sadia, talvez um dia.
{...}
— Esse vinho me parece um dos melhores Dul!
Depois que saímos do hospital mais cedo, passamos no supermercado e compramos alguns frios para petiscar enquanto bebiamos o vinho e eu realmente contasse tudo o que passei nesses anos.
Eu já tinha banhado e vestido uma roupa confortável, Laura estava dormindo no quarto e felizmente acordava agora só no outro dia, se Deus quiser.
— Eu também concordo, está muito gostoso.
Coloco uma das minhas pernas sobre a sua e ele espalma sua mão nela acariciando.
— Então, vamos conversar agora?
Suspiro mordendo o lábio, eu precisava passar por essa etapa para ficar bem e seguir mais um passo, bebo um gole do vinho.
— Quando eu conheci o Christopher a gente fazia faculdade e eu tinha acabado de completar 19 anos, muito nova.
— Mas você é nova ainda, só tem 20 anos ué.
Meto um tapa em sua nuca pedindo que ficasse quieto, prossigo:
— Durante esse tempo eu fui me aproximando do Christopher, lembro que meu irmão não gostou na época, na verdade ele nunca gostou que eu ficasse com homem nenhum, sempre implicou comigo nisso! — bebo mais um gole do vinho tinto. — Acabou que teve uma festinha lá em casa e todos estávamos em casal, só que eu não tinha nada com ele, a gente acabou tendo relação e foi onde tudo começou.
Suspiro.
— Mas antes eu tenho que te contar uma outra parte da minha vida, provavelmente eu vou chorar, mas vai ser necessário.
Bebo mais um gole do vinho e em seguida ele coloca mais um pouco na minha taça.
— No dia que eu fiz 15 anos, eu fui abusada sexualmente pelo primo dele...eu era uma pessoa normal, eu amava viver e dançar com as minhas amigas, mas tudo mudou quando naquela noite eu tive a pior experiência do mundo! — meus olhos enxeram d'água, ainda me dói lembrar de tudo o que passei aquela noite, Arthur me olha sem acreditar nas minha palavras. —Depois daquela noite eu desenvolvi traumas que até hoje eu tenho, não aguento ficar em um lugar fechado, adquiri depressão e crises de pânico.
— Mas e a sua família Dul? Ninguém fez nada? — Sua pergunta me fez sorrir, um sorriso sem humor nenhum.
— A minha família me entregou nas mãos dele de bandeja, foi aí quando eu tentei me matar pela primeira vez, primeiro eu engravidei do Christopher, sim, eu fiquei grávida e não cheguei aos quatro meses. Ele me abusou aquela noite depois de muitos anos, me agrediu e em decorrência disso acabei perdendo o meu bebê, constantemente era ameaçada por ele e eu tinha muito medo e por isso não falava absolutamente nada.
Desculpem a demora.
Deixe seu like e comentário por favor!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras do Passado - Livro 2 (PAUSADO)
Fanfiction🚫Continuação do primeiro livro, caso não tenha lido, ele se encontra na plataforma para assim ter o total entendimento e dar início ao segundo livro🚫 "Às vezes, preciso me lembrar da minha força. Preciso porque em alguns momentos ela parece despar...