Organizando a Casa 🏠

6 0 0
                                    


A cozinha estava em completo silêncio, apenas quebrado pelo som de uma faca cortando alguns alimentos freneticamente. Heloisa ainda segurava sua mão sobre a mesa, o toque macio e suave conseguiram aplacar um pouco os sentimentos conflitantes que desencadeou  uma vontade enorme de chorar e isso a irritava de sobre modo.
A cada hora que passava, sentia seu autocontrole indo embora.  Respirou fundo e contou de um a dez mentalmente, não queria  demonstrar fraqueza na frente daquela dela, pois tinha medo da sua reação.
Claudia resolveu a questão da comida em tempo recorde, agradeceu, porque não conseguia aguentar tanta fome, seu estômago reclamava e inclusive podia jurar que o mesmo acontecia com Heloísa tadinha.
Comeram a maior parte do tempo em silêncio e uma vez ou outra que Helô quebrava  com algo sem importância, satisfeitas com a refeição, voltaram à realidade, quando Manu perguntou.
— O que pensas em fazer agora?
— Sinceramente, não tenho a mínima ideia do que devo fazer. — sorriu — Mas acredito que devo ir buscar minhas roupas em casa.
— Agora?! — o olhar de Manu se transformou em preocupação. — Vou com você! — decidiu. — Se eu não for, temo que vá fazer uma loucura, já até imagino você presa por homicídio.
— Credo!!! — Helô rio alto — Pensas mesmo que eu vou matar Francisco?
— Penso não!!! — Manu estreitou o olhar. — Tenho certeza!!! — falou categórica.
Motivo suficiente para Heloísa gargalha.
Manu ficou olhando confusa para a outra.
Era verdade, pensou, se a deixasse ir sozinha nessa missão, provavelmente teria a notícia no dia seguinte que havia cometido um crime. Não queria nem imaginar essa cena, mas era impossível diante da personalidade forte da outra.
— Não acha que eles merecem uma lição? — perguntou Heloísa.
— Acho! Na verdade acho mesmo que merecem… — Manu respondeu séria — Mas não a custa da nossa liberdade.
A outra parou instante olhando fixamente para ela e prendendo um dos lábios com o dente. Manu ficou perdida na cena que provavelmente havia sido tirada daqueles filmes sobre sedução que tem sabe… porque por mais que a situação não fosse absurda, Helô não deixava de ser sexy demais. Desviou o olhar rapidamente, pois temia que a outra notasse que não conseguia desviar o olhar da sua boca.
Abstrai Manu !!! Calma!!! Diante daquilo, pensou: Que diabos está acontecendo com você!!!
— Sabe o que devíamos fazer! — Manu teve uma ideia. — É o seguinte. Vou pedir para preparar um quarto de hóspede para você. — Levantou. — Por hoje, você pode usar uma das minhas roupas de dormir. Não precisa ninguém sair hoje mesmo, não me custa te emprestar uma muda de roupa. — ficou na frente de Helô a fitando. — Talvez fique, apenas um pouquinho folgada e curta. Porque você é maior que eu, mas eu sou um pouco mais forte também. — falou analisando o corpo da outra. — Mas talvez não. Vamos!!! – segurou a mão de Helô a puxando a fazendo levantar.
Helô puxou sua mão bruscamente dizendo.
— Claro que não!!! — bufou. — Tenho minhas próprias roupas e vou buscá-las. Foda-se Francisco!!! Foda-se Pedro!!! Foda-se todo mundo !!! Não vou ficar impassível vendo eles rirem da minha cara.
Manu achou melhor não encostar nela nesse momento, pela expressão de raiva que via em seu rosto seria uma péssima ideia pedir calma também, no entanto precisava tranquilizar-la, havia se enganado ao pensar que a ira de mais cedo, tinha se aplacado a tempos atrás. Naquele momento percebeu que a companheira não era fácil de lidar irritada.
— Heloísa!!! — falou em tom autoritário, a outra parou e a olhando de um jeito que a fez perder um pouco da postura, mas decidiu continuar. — Bora parar com a infantilidade?! Pensa um pouquinho antes de agir, pelo amor de Deus!!! Você mesma tá dizendo que Francisco está tranquilo com o que aconteceu. Então!!! Você vai dar o gostinho dele te ver descontrolada?! Mas tudo bem, vamos lá… para ele ver que você é totalmente desequilibrada.
Beleza, ponto, acertou em cheio o alvo e ficou orgulhosa de si, quase riu ao ver o rosto de Heloísa mudar, sabia que se a desafiasse era mais fácil que ela fizesse o que pedia, então pouquinho tempo já a entendia bem como tinha a alma de guerreira pensou, qual seria a  melhor maneira de lidar com alguém assim, que um desafio. 
Mesmo assim Heloísa levou um minuto analisando a situação, antes de lhe dar uma resposta, Manu deu o tempo para que tomasse sua própria decisão.
— Porquê você é assim?! - perguntou a olhando profundamente. — Eu quero tiro, porrada e bomba, ossos quebrados e um belo caixão. Mas você prefere um dia tranquilo de verão em uma praia. – Sorriu tristonha para ela.
Manu sentiu uma vontade de segurar aquela menina em seus braços e a proteger de qualquer mal que o mundo pudesse oferecer, sorriu e sentiu um carinho tão forte por ela que a fez pensar que seriam como irmãs. Era isso, sentia por Heloísa um afeto de irmão, na qual sempre desejou e nunca pode ter. Cuidaria dela sempre a partir dali.
Após esse momento de tensão, mandou reservarem um dos melhores quartos para Heloisa e para ela também, o empregado estranhou a ordem, porém nada disse.
As duas seguiram juntas ao seu antigo quarto que dividia com Pedro, escolheram as mudas de roupa que usariam.
Após isso, o empregado avisou que os quartos estavam prontos, se despediram e cada uma foi para seus respectivos cômodos.

Heloisa fechou a porta respirando profundamente, aproveitou para observar ao seu redor se aproximou da cama e sentou, deu uns pulinhos como uma criança no parque de diversão, sentiu a maciez dos lençóis ao seu toque e imaginou: Talvez seja de linho, deve ser caríssimo pela qualidade!!! Quanto seria o valor do conjunto de cama daquele?!, e riu, nunca que conseguiria comprar um conjunto como esse pensando bem, só um lençol devia ser seu salário todo de um mês, talvez se juntasse a comissão que recebia pela venda de algum imóvel conseguiria pagar.
Se jogou na cama abrindo os braços, ficou olhando o teto por um tempo para criar coragem de tomar banho, precisava urgentemente dormir. Levantou pensando ia dormir ali né, e por isso precisava se lavar, mas não tinha e seus objetos de higiene, como iria se virar, se não tinha nada ali. Entrou no banheiro e deu de cara com vários produtos, poxa tinha se preocupado à toa, ficou mais tranquila, dos produtos que tinham ali, desde Shampoo de marcas que ela não tinha conhecimento, mas que obviamente deveriam ser caríssimos. Talvez tanto Pedro como Manu devem estar acostumados a receber gente em casa. Voltou rapidamente ao quarto, pois tinha esquecido a roupa que Manu lhe havia emprestado. Demorou no banho mais que o esperado, pois decidiu aproveitar a banheira, Helô pensou: Lógico que teria uma banheira ali, afinal estava em uma mansão.  Ficou pensando que se estivesse em um momento normal de sua vida, iria aproveitar mais com Francisco aquela banheira, balançando a cabeça, espantando os pensamentos, fechou os olhos.
Será que aproveitaria mesmo, se perguntou, caso estivesse com Francisco, não, ele não era muito fã de uma inovação, até que ele curtia uma posição diferente, no entanto ele com toda certeza ia preferir uma cama.
Soltou um lamento, devia tentar relaxar, ao invés de pensar no traste do seu ex. O tempo passou e o contato quente da água em seu corpo, a fez cochilar. Saiu da banheira, se enxugou, usou um hidratante que por sinal achou maravilhoso,  vestiu a roupa de dormir, ao se olhar no espelho viu que realmente tinha ficado um pouquinho curta e folgada a roupa em algumas partes, como Manu disse que ficaria, pois era mais avantajada e uma dessas partes era na bunda deu uns tapinhas em seu bumbum, sentiu que não era tão provida e ali era fácil observar a diferença estrutural do corpo de ambas, ficou triste ou com inveja não soube definir aos certo, foi deitar e dormir.
Tentou, porque não conseguiu, rolou na cama, precisava do seu ritual de toda noite, um copo com água na cabeceira da cama era imprescindível para ela. Sentou, devia ter pedido a Manu isso antes de dormir, na casa dos outros se levantar e ir mexer na cozinha, não era lá de bom tom. Ficou matutando, pegou o celular , ligar, mandar uma mensagem seria a coisa mais óbvia.
Claro seria óbvio se tivesse seu número dela, coisa que não tinha recriminou-se por ser tão estúpida, passaram o dia juntas e nem para pegar o número de telefone da outra, com isso se levantou decidindo se aventurar, torcia para encontrar no caminho algum empregado para assim pedir, mas duvidava devida a hora.

Se Deixe LevarOnde histórias criam vida. Descubra agora