Tem alguém aí ainda? 👀
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Narração Valquíria:
A preocupação não me permitiu dormir direito.
Não tinha reais motivos para me preocupar, no entanto cá estava eu meio dormindo meio acordada atenta a qualquer movimento da bebê. Apesar de usar tudo que havia disponível para fazer Clarice dormir por uma noite inteira, eu tinha certo receio de que fosse ter outro pesadelo.
Talvez eu esteja apenas exagerando, mas eu prefiro exagerar do que acordar com a minha bebê aos prantos presa em seu próprio pesadelo. Também não era como se eu não estivesse habituada a dormir pouco e mal, embora o creminho de dormir da Clara tenha surtido mais efeito em mim do que nela própria. O fato de dormir agarrada nela faz com que o cheirinho relaxante me faça relaxar junto e quando percebo já dormi. Sinceramente não esperava que fosse tão bom assim, mas esse kit para dormir é uma maravilha!
Clara começou a ficar inquieta na cama e eu imediatamente abri os olhos para ver o que acontecia. Por um momento pensei que estivesse sonhando, mas logo me dei conta de que não era esse o motivo do seu resmungo. Incomodada e impaciente, Clarice se virou de frente para mim e procurou meu peito para preencher a ausência da sua pepeta perdida entre os lençóis.
Em questão de segundos lá estava ela dormindo outra vez de boca aberta contra o meu seio. Já sabendo que em algum momento ela voltaria resmungar, eu tateei a cama atrás dela até encontrar a pepeta e colocar em sua boca aberta.
Problema resolvido.
Talvez seja coisa da minha cabeça, mas tenho para mim que é possível ver a diferença de leveza na expressão da Clara quando está com a sua pepeta. Confortável outra vez, Clara me agarrou em um abraço e eu me senti a pessoa mais amada desse mundo.
Depois do dia de ontem eu sinceramente esperava por mais drama no dia de hoje, no entanto, o que aconteceu foi totalmente oposto das minhas expectativas. Parte disso foi graças ao Theo que passou a tarde conversando com a Clara pelo computador enquanto ele trabalhava em seu projeto e ela em seus desenhos. Se eu soubesse que para fazer essa garota aceitar usar a mesa e a cadeira do escritório para desenhar bastava usar esse tal "discord" eu já teria feito antes. A postura não estava a melhor de todas, mas já estava muito melhor que toda encurvada na mesa da sala.
Eu já estava preocupada que mesmo depois de conseguir o contrato de trabalho ela ainda fosse desenhar de qualquer jeito. Seria péssimo a minha namorada onze anos mais nova que eu ter uma coluna onze vezes pior que a minha.
Com o tempo livre para mim eu decidi fazer algo que quase nunca faço sozinha: as unhas.
Infelizmente eu precisava concordar com o traste do Pedro; desde o início da pandemia eu estava um pouco mais desleixada. Talvez por falta de tempo ou por pura preguiça, mas minhas unhas já não eram as mesmas. A única coisa que eu estava fazendo era cortar e limpar porque eu li em algum artigo sobre saúde sexual entre mulheres e descobri que é importante manter as unhas curtas.
Porém, fazer a unha sozinha em casa não tem a mesma sensação de ir no salão e fofocar sobre a vida alheia. Era solitário demais e acabei ligando para minha prima Jordana para me fazer companhia nesse momento já que ela é minha companheira de salão.
- Você precisa de ração no abrigo? - Perguntei aleatoriamente no meio da nossa conversa. - Eu comprei um pacote e não sei o que faço com isso.
- Para que você comprou ração se você nem animal tem?
- É a mesma coisa que eu perguntei a minha namorada...
- O Bruno me comentou que você tinha virado total cadelinha dela, mas não imaginava que fosse para tanto.