X - Sonho I

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Tenho Visão de uma bela floresta, aonde a grama é um verde claro, e há varias flores de diferentes cores ao redor. Ao meu lado há uma floresta que por algum motivo tenho a sensação de que as arvore são grandes, e também há um lago de uma água bem clara próximo a mim. Parece que é final de tarde e o sol está prestes a se por, ou o começo de uma manhã. Também há uma espécie de nevoa no ar, uma nevoa bem clarinha como se fosse a nevoa da manhã. eu não sei aonde eu estou, mas esse lugar é belo e cheio de vida. Não vejo Fenrir ou Dorothea, então decido chamar por eles, mas sou surpreendida ao perceber que eu não faço nenhum som, na verdade eu nem mesmo consigo me mover, isso chega a me desesperar um pouco até que a minha visão começa a se mexer, começo a andar, mas não sou eu quem está se movendo, é como se eu estivesse na visão de uma outra pessoa, em sua perspectiva. Tudo isso é muito, muito estranho.

Com passos calmos, eu me aproximo do lago, e então eu me aproximo de sua água, e em seu reflexo eu consigo avistar um animal de fisionomia esguia. Tenho um grande pescoço, orelhas no topo da minha cabeça, olhos negros e provavelmente pontinhos brancos em minhas costas. Eu sou um cervo! Um belíssimo cervo. Considerando a ausência de chifres em minha cabeça, eu sou uma fêmea. De forma calma eu bebo a água, assim me hidratando. Nunca parei para pensar sobre, mas deve ser muito bom ser um cervo. Um animal belo e pacifico, que nem mesmo há o porquê de existir. Sem armas, sem responsabilidades, sem guerras, apenas cuidar de si próprio em meio a natureza. Quando termino de beber a minha água, eu olho ao redor, e percebo que não há muitos animais em volta, eu nem mesmo avisto outros cervos, o que dá uma certa sensação de solidão.

De repente, algo chama a atenção do meu cervo. Eu nem mesmo consigo identificar o que é, mas esse cervo sabe muito bem. Observo o fundo da floresta, e por mais que ela até esteja bem iluminada, a grama é alta e há vários arbustos que podem esconder seja lá o que tiver ali dentro. Meu cervo não ingênuo e logo começa a correr em direção oposta dessa floresta. Provavelmente ele pressentiu o perigo vindo de algum lugar. Seus cascos batem com força ao chão natural. Percebo que os cervos correm de uma forma um tanto engraçada, eles são rápidos e ágeis e durante a sua corrida chegam a saltar para terem mais impulso e velocidade ao correr. Não olho para trás, mas agora até mesmo eu consigo sentir que há alguma coisa de errado, há perigo por perto, ou melhor, há alguém, ou alguma coisa me perseguindo.

Começo a correr mais rápido, estou desesperada! Conforme eu ia correndo, eu começo a ouvir um som a se aproximar, um som de passos rápidos a correr pela grama. Eu ainda não tenho visão do que pode ser, mas baseado no som, parece ser quadrupede e o som vem se aproximando, cada vez mais rápido. O momento é tenso e assustador, eu estou correndo perigo! Eu não tenho para aonde fugir, eu não tenho como me defender, essa á uma corrida para salvar a minha vida, mas até mesmo para mim, uma mera telespectadora dos olhos de um cervo, sabe que é muito difícil de sair um final feliz.

O esperado acontece. Sou atingida. Uma das minhas quatro patas se machucam e me fazem perder o equilíbrio, fazendo com que eu caísse bruscamente ao chão. Meu desespero é tanto que mesmo estando machucada, mesmo estando ao chão, eu ainda tento me levantar, e ainda tento correr, mas não adianta, porque o meu predador ainda está comigo.

Felizmente eu não sinto essa dor, mas o meu cervo deve estar agonizando. Quando eu olho para ver o que me atingiu, eu avisto um enorme lobo de pelo cinza e olhos azuis. Há até mesmo algumas partes em seu pelo que são mais claras, como se fosse um branco, em volta de seu focinho e em seus olhos por exemplo. Seus dentes estão penetrados na minha carne. Começo a emitir um som de dor e agonia em quanto minhas pernas lutam para tentar correr, eu até consigo me distanciar um pouco, mas o lobo com seus dentes penetrados em minha pele, me arrasta de volta para o seu lado.

Agora o Lobo usa os seus dentes para arrancar a carne do meu corpo. É uma cena tão violenta, tão explicita que me faz querer fechar os olhos e não ver nada! Mas infelizmente, não sou eu quem está no controle desse corpo. Há sangue em sua boca e em mim. Eu continuo a fazer um som típico de um cervo fêmea. Não sei o que quer dizer, se é um choro ou um pedido de ajuda. Seja lá o que for, é inútil, pois eu estou sendo devorada por um lobo

. O tempo passa, e o lobo continua a se alimentar da minha carne, seja nas minhas coxas, costas, até o meu peito. Eu estou fraca e machucada, eu não tenho forças para lutar e fugir. O lobo cinza dos olhos azuis arranca a minha pele. Consigo ver a carne se esticando para tentar continuar no meu corpo em quanto o lobo a puxa para comer. Há sangue em minha volta, há sangue nessa floresta que por um momento achei que seria um paraíso. Eu estava enganada em pensar que a violência é culpa do ser humano, mas a verdade é que o mundo inteiro é selvagem, o muito inteiro é violento e injusto. O mundo é dos fortes e a minha existência inteira serviu para no final eu ser a refeição de um lobo. Sem família, sem amigos, sem ninguém em volta. Quem se lembrará de você? Quem se lembrara de mim? Acho que isso é a vida. Irão se passar vários minutos, e eu ainda estarei viva em quanto esse lobo me devora, até que ele me coma por inteira, que eu sangre até a morte, ou que eu seja abandonada quando ele estiver satisfeito, apodrecendo viva com o tempo ou virar comida de abutre.

Após um tempo, o lobo decide atacar o meu pescoço. Há sangue Cervus a pingar de sua boca, sangue esse que uma vez esteve dentro de mim. Eu ainda consigo ver a minha carne esfolada e danificada em meio a tanto sangue. De forma fria e cruel, o lobo enfia os seus dentes eu meu pescocinho. A minha visão lentamente começa a escurecer. Eu já não tenho mais forças para gritar, ou para fugir. Eu estou morrendo, e esse lobo ficará vivo. Que vida é essa? Nascemos para morrer em uma forma tão cruel? Bem, talvez não há como escapar, até mesmo com os seres humanos. Aquele quem morre em batalha é um nórdico feliz, que terá o seu lugar em Valhalla, mas e em quanto a esse cervo? Que existe apenas para morrer? Eu consigo escutar o som da minha carne sendo arrancada, e do som ofegante emitido pelo lobo. Minha visão começa a escurecer cada vez mais, até que eu sou deixada em um completo escuro, um completo vazio. Toda a vida que havia naquele cervo se esvai, aquele cervo está morto. A pior parte disso tudo, é que a vida dele nunca importou de verdade, para ninguém. Nada importa. Nada mais importa nesse mundo. 

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora