César estava na frente do espelho do banheiro e ajeitava o uniforme no corpo, colocando a blusa branca para dentro da bermuda roxa. Suspirou e destrancou a porta, saindo, vendo Arthur apenas de cueca de ursinhos, pendurado no pescoço do pai, que estava cheiroso e arrumado.
— E aí, filho? Gostou do uniforme? — Fritz se aproximou do filho mais velho e colocou o mais novo no chão, que entrou no banheiro e fechou a porta — Arthur, não é pra trancar!
— Mas o César trancou! — Arthur falou alto com tom de revolta.
— Mas você é você e eu sou eu! — César resmungou — Eu gostei do uniforme, sim, a cor é bonita.
— Achei legal que tem umas variações de cor! Que a criança escolhe... — Thiago comentou e começou a ajeitar a gola, também roxa, que estava em pé.
— Não sou criança, pai. — César choramingou. — A gente vai comprar o lanche na escola? Ou a gente vai levar de casa?
— Eu preparei um lanche! É como a gente fazia antes, filho. Nada mudou, além da escola... — Thiago reiterou.
— E qual é o lanche? — César perguntou ainda inseguro.
— Vai descobrir no intervalo! — Thiago falou animado. Gostava de agradar os filhos e tinha acordado ainda mais cedo naquele dia, para preparar o lanche. Não era exatamente o mais habilidoso, mas havia aprendido algumas coisas com sua falecida esposa.
— O senhor que vai levar a gente? — César perguntou entrando no quarto, pegando a mochila que o pai havia o obrigado a arrumar.
— Não, vocês vão com o ônibus da escola! — Thiago falou simplista. — Mas só porque são pequenos. Quando ficarem mais velhos, vão andando. É pertinho daqui, lembra?
O menino cabeludo balançou a cabeça positivamente e Thiago foi até a porta do banheiro, batendo de leve — Filho, tá precisando de ajuda?
Arthur abriu a porta, revelando seu uniforme bem arrumado no corpo, e diferente do irmão, a gola de sua camisa e sua bermuda eram verdes.
— 'Tô bonito? — Arthur perguntou e deu uma voltinha.
— Muito, filho! — Thiago fez um carinhos singelo nos cabelos do mais novo — Vamos, pega a sua mochila! Vou levar vocês lá embaixo.
O menino saiu correndo e entrou no quarto, e pegou sua mochila de rodinhas, indo para a sala e ficando ao lado do irmão, que segurava a lancheira do irmão.
Arthur se sentou no sofá e César se aproximou, auxiliando o irmão a amarrar os cadarços, já que a ausência do braço esquerdo do mais novo o atrapalhava no cumprimento dessa tarefa.
Com cadarços amarrados, os dois filhos de Fritz já estavam prontos, e já saíam do apartamento. Thiago pegou sua bolsa marrom de alça transversal e trancou a porta. Arthur correu para apertar o botão que chamava o elevador, César veio sonolento atrás, por conta do horário cedo e o mais velho se aproximou calmamente, colocando a chave dentro de sua bolsa.
Em contraponto, ali na porta ao lado, a manhã havia sido um pouco diferente. Logo às cinco, Joui e Elizabeth já estavam de pé, tomando um bom café da manhã, preparado por ambos. Fizeram suas próprias rotinas de maneira separada, mas se juntaram para fazer um alongamento após Liz ajeitar o que precisaria levar para seu trabalho, e Joui organizar seus materiais dentro da mochila, que compraram logo após terem feito a matrícula na escola.
Estando prontos, Joui abriu a porta à ordem de sua tia, e deu de cara com a família que vivia ao lado. Teve vergonha e pensou imediatamente em fechar a porta, mas já estava ali, e a criança mais nova o cumprimentou, com um aceno de mão e uma expressão adorável, oferecendo olhos apertados, se tornando dois risquinhos, e um sorriso grande, mostrando a falta de um dos seus dentes da frente.
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Vizinhos da Má Sorte [Lizago]
FanficEm que Elizabeth é uma cientista forense que tenta lidar com o luto da irmã e aprende a conviver com seu sobrinho. ou Em que Thiago é um jornalista recém chegado em São Paulo com seus dois filhos e tem que se adaptar com sua nova vida.