A/N: Eu tava com esse capítulo praticamente pronto abandonado na terra de ninguém que é o meu google docs e me deram uma ideia no twitter de uma one onde a Helô vai a casa do Stenio no dia seguinte dele ter ido até a casa quando a diva estava de plantão.
Agradeço muito a sugestão, não ficou igualzinho, mas deu pra manter a temática.
A noite caiu com uma certa pressa naquele dia. Helô não sabia dizer se eram as horas que andavam afoitas ou se era ela mesma que estava o tempo todo à beira da impaciência. Parecia que nos últimos tempos tudo acontecia de maneira acelerada, que todas as pessoas tinham urgência, que a vida dela estava passando no modo avanço rápido.
Talvez fosse o tempo cobrando seu preço sobre ela. A mulher já não era mais uma moça e, quem sabe, estivesse naquela fase em que se sente que está ficando sem tempo. Todo mundo, uma hora ou outra, acaba se jogando numa queda livre de desespero em direção a um curso de pensamento desse tipo, não? Às vezes era só crise de meia idade.
Não que ela tivesse tempo para esse tipo de coisa mundana, mas já estava na hora de desistir dessa coisa de achar que era boa demais, ou controlada demais, ou auto suficiente demais para certos sentimentos humanos. Ela era, de fato, apenas humana no final das contas. Apesar disso, o caso é que ela provavelmente tinha um complexo de Deus ou algo assim. Mas constantemente ser quem precisa demonstrar força era exaustivo.
Helô só queria ser fraca por um dia, só queria viver algo em câmera lenta por algumas horas.
Não seria ingênua o suficiente para fingir que não sabia exatamente como ela podia fazer isso. Só existia um jeito afinal. Só existia um que permitiria a ela estar confortável o suficiente para tal. Apesar de tudo, era só ali que ela podia ser vulnerável, só ali que ela sabia se sentir exposta, sempre foi assim e, talvez, nunca fosse mudar. Era só ele.
Eram trinta anos, fragmentados em trezentos e sessenta meses, divididos em mil quinhentas e sessenta e quatro semanas e iam resultar em quase onze mil dias, mas quem estava contando não é mesmo? Ela nunca nem tinha sido boa em matemática de qualquer forma.
Ia se poupar de pensar nesses números em formato de horas e minutos.
Há não muito tempo atrás, ela tinha deixado escapar, quase sem querer, uma reflexão sobre isso, totalmente fora de hora e no lugar mais inapropriado possível. Disse que estranheza emocional para ela era o tempo que uma pessoa acorda dentro da outra. O que era verdade e continua sendo verdade. Não foi bem no sentido que o Bebeto acabou interpretando as palavras dela, mas ela só pode ser responsável pelo que diz, não pelo que os outros entendem.
Eles já tinham tomado trinta anos um do outro, não dava pra recomeçar, não dava para equiparar isso.
Óbvio que tudo por um lado era simples, mas por outro era extremamente complexo.
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registro (steloisa)
RomanceContinuações das cenas steloisa que foram drasticamente cortadas sem nenhuma explicação pela novela. Esses são registros do que poderia ter sido.