Áurea.16 anos.Bulemica.Depressiva.
Entro por aquele maldito portão,atrasada como sempre,vou ter que esperar mais uma vez para a segunda aula.Sento no maldito banco onde os garotos do último ano conversam sobre algum jogo maldito,olho para a rua,coloco uma música triste para tocar em meus fones a tradução diz algo sobre sentimentos loucos e selvagens,bem como me sinto,de certa forma a música anda me salvando da morte.
O maldito sinal toca e me impede de chorar ali mesmo ultimamente eu choro muito,entro na minha sala e vejo todos aqueles rostos já conhecidos,e eu não gosto de nenhum deles,todos infantis,patricinhas,otarios,como conseguem ser assim?
Mas eu sei,que eu sou o alvo de todos os olhares,a garota sem amigos,a estranha,a que tem problemas com a família,e eu não sei mais o que falam de mim e poderia dizer que não me importo,mas sim eu me importo,com cada palavra e elas saem forçadas pela minha garganta todas as vezes que ouso comer alguma coisa,que geralmente eu ando fazendo com frequência.
Assisto a todas as aulas e no intervalo, o cheiro de comida invade minhas narinas e meu corpo me empurra diretamente para a comida.Fraca?sim,mas o desejo sempre foi mais forte que eu.
Eu como.
Eu me dirijo ao banheiro da escola,ele é grande o suficiente com várias cabines individuais,vou até uma delas onde entro fecho a porta,olho para a privada,me repreendo por um momento mas é ai que lembro de tudo que está me acontecendo e não demora muito para meus dedos irem em direção a Minha garganta e me fazer vomitar tudo em um ritual já conhecido,aquele que eu poderia fazer por horas e não me importaria,a tristeza e a visão de que os meus problemas se resolveriam com a magreza mexe com o meu cérebro e logo não há quase nada no meu estômago.
Limpo minhas mãos e saiu do banheiro,ele está vazio.
Me olho no espelho.
Magra?Não. Gorda?Não.
Aparentemente uma garota normal de longos cabelos cor de chocolate.
Mas o normal é apenas aparente.
Finalmente o sinal bate e é hora de ir para a casa...ou não.
Saiu da escola e vou para a quadra onde não há ninguém, está frio.
Me sento na arquibancada,acendo um cigarro,fumo ele brincando com a fumaça enquanto nós meus fones escuto Jake Bugg.Acendo outro cigarro,e quando ouço alguém se aproximar,não me importo,um garoto de cabelo Preto,olhos castanhos senta ao me lado,nunca vi ele na escola,eu nunca vejo ninguém.
-Oi,meu nome é Ethan.
-E quem se importa?-Ele ri
-Qual seu nome Sra.Gentil?
-Áurea.
-Lindo nome.
-Está no segundo ano?
-É
-Eu também,sabe eu ando olhando você por a escola,Tão bonita mas quase não tem amigos.
-Porque eu iria querer ficar rodeada por um monte de idiotas?-Eu digo terminando de fumar meu cigarro.
-Nem todos são assim.Você devia experimentar andar um pouco comigo.
-Tanto faz-Eu digo levantando e descendo a arquibancada.
Eii,vou te procurar amanhã.-Ele grita lá de cima.
Eu não respondo mas provavelmente ele entedendeu como um "Ah que gentil da sua parte,pode vir me procurar quando quiser".
Vou pegar o trem e ir para minha maldita casa entro no trem está vazio,fico olhando pela janela meus pensamentos são confusos.
Saio do trem e vou para minha casa a pequena mansão,que minha mãe comprou com o dinheiro que ela ganha,julgando,inocentado,culpando as pessoas,entrando em casa ela está vazia,ela sempre está vazia.
Eu não conheci meu pai,e não tenho irmãos apenas eu.
Sozinha.
Subo as escadas para o meu quarto,sento na janela,pular é tentador demais...Ao invés disso acendo mais um cigarro e deixo a fumaça invadir meus pulmões.
Depois deito em minha cama e só acordo no outro dia.
Essa é a minha rotina.Essa é minha vida.
