Menino dos Livros

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Beira-Oceano

De Osamiya

7 de maio de 2012

Doloroso.

Sensível e vermelho também descrevem perfeitamente a situação da bochecha de Armin. Com os dentes tremendo dentro da boca, cerra os olhos e massageia o lado esquerdo da própria face.

A bola branca com listras azuis, atirada contra o seu rosto há alguns segundos, está descansando inocentemente ao seu lado, no seu espaço da praia. Ele grunhe.

O livro que estava lendo foi esparramado e jogado diretamente na toalha de praia que forrava Armin da areia, e ouvindo o som da maresia, percebe que a luz se vai. O dia está calmo e ensolarado, então não há motivos para a claridade sumir. O clima da Califórnia não é assim, afinal de contas.

Ainda atordoado, Armin vira o rosto para frente e lentamente descobre o porquê.

A sombra de Eren é tão invasiva quanto a bola, então é natural para Armin enrugar o nariz e acariciar a própria bochecha.

— Opa! Foi mal.

— "Foi mal"? — ainda segurando o rosto ardendo de dor, repete indignado.

Em seguida, ele olha para trás de Eren.

O time de futevôlei está treinando na praia há alguns dias, e estão a vinte metros de Armin. Sabe que a leitura pode ter influenciado sua falta de atenção, no entanto, até aquela distância poderia lhe garantir uma segurança anti-bolada.

— Vocês estão a vinte metros daqui e ainda sim conseguem machucar os outros — argumenta com o rosto enraivecido. — Não conseguem ir para mais longe?

— Ah... Não sei, acho que não — Eren responde olhando para os dois lados da praia, suas mãos na cintura. — E você não pode mudar daí?

Armin pisca os olhos.

Não, totalmente não.

— Cheguei antes de vocês. É o meu lado da praia.

— Seu nome está aí, por acaso? — abre um sorriso debochado. — Na areia?

Erguendo as sobrancelhas de surpresa, Arlert levanta o tronco e escreve seu primeiro nome na areia com o indicador. Ignorando os resíduos embaixo da unha, sorri convencidamente.

— Sim, está bem aqui. Propriedade de Armin, o dono desse lado da praia.

Eren demorou dois segundos para digerir, contudo, logo ri e agacha para analisar a caligrafia.

— Que nome bonito. — Levanta olhos bonitos e verdes para ele. — Só perde para o meu. É Eren.

Armin bufa.

— Eu sei. — Armin vê o rosto confuso de Eren e continua: — Esses bombados que jogam bola com você adoram gritar o seu nome. Toda hora.

— Estamos há vinte metros de distância.

— É o que eu estou falando! — Ele suspira e conta até cinco mentalmente.

Disposto outra vez, pega seu livro e bate na capa no intuito de retirar qualquer pó que tenha entrado nas páginas.

— Isso é... — Eren se interrompe, estalando a língua no céu da boca. — Me desculpa por isso, Menino dos Livros, não vai acontecer de novo. Eu e os bombados que jogam comigo vamos controlar a bola.

Com o livro no colo, Armin levanta a visão. Não acha que se estressar no meio de uma praia tão bonita seja uma escolha lúcida, e mesmo com a sua bochecha implorando por vingança, ele apenas pega a bola no chão e coloca nas mãos de Eren.

Beira-Oceano (Eremin)Onde histórias criam vida. Descubra agora