Capitulo 54- Requisitado

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O funeral já havia se encerrado, os convidados estavam indo embora do local do enterro, entrando em seus carros ou táxis, sobrando cada vez menos pessoas naquele local
— É, acho que já tá na hora de eu ir embora….
Falou o garoto elétrico consigo mesmo, enquanto conferiu seus bolsos, para ter certeza de que não iria esquecer nada ali no cemitério. Após ele terminar de conferir isso, Shams se aproximou e ficou ao lado do garoto, começando a falar
— Ei, garoto Kura, que tal passarmos no Ronald's depois daqui? Para comer algo e melhorar o clima, sabe?
O homem solar disse isso, ainda estando na sua "forma diurna" e ostentando os músculos daquela forma. Porém, antes de qualquer resposta vinda do irmão mais velho do Arold, um homem interrompeu o assunto deles, era um homem relativamente alto, que começou a falar de forma calma
— Me desculpe por interromper o assunto dos dois, porém, a senhora Kraftig solicita a presença do receptáculo Kura, em seu prédio de trabalho
O homem estava usando um terno preto, e aparentava ter um semblante totalmente calmo em sua face. Quando o Kura ouviu esse nome, ele logo notou que esse nome era familiar para ele, tentando se lembrar onde o havia escutado antes
— Krafiting…. Kafta?... Afta?... Quem é essa mulher mesmo?
O jovem da eletricidade disse isso, estando em dúvida quanto a quem poderia ser a mulher citada. Notando isso, o homem que representa o sol logo deu uma pequena tossida, enquanto foi falando calmamente
— A senhora Kraftig é a líder deste país, é a mulher morena e loira, que falou com você antes das formalidades do enterro se iniciarem.
O jovem militar então se lembrou de quem eles estavam falando, entrando em choque ao lembrar da aura esmagadora da mulher, logo, perguntando para o engravatado
— A líder do país?!?!?!? E que que ela quer comigo, eu fiz algo errado????
Perguntou o garoto, estando totalmente assustado com aquilo, já procurando em sua mente de adolescente, qual atitude ele tomou que poderia ter irritado profundamente a mulher. O homem de terno, por sua vez, apenas ajeitou sua gravata, virando de costas e andando enquanto fala
— Nem mesmo eu sei dizer qual o desejo dela com você, apenas saiba que a senhora Kraftig lhe chamou para ir agora mesmo até a sala dela. Então, é melhor que venha!
O homem cordial disse aquilo, enquanto foi diminuindo o ritmo de seus passos, virando levemente a cabeça para trás em meio aquela caminhada, dizendo de forma serena, porém com uma presença assustadora para o garoto Kura
— Ah, antes que eu esqueça de me apresentar…. Eu me chamo…. Gabriel Sariel. Entretanto, podem me chamar de G.S
O agora nomeado Gabriel disse isso, seguindo sua caminhada em direção a um carro extremamente luxuoso. KuraYami, por sua vez, apenas o seguiu de forma desajeitada e assustada, e o adulto Shams decidiu acompanhar o garoto, apenas para ver onde tudo aquilo iria dar. O carro foi sendo dirigido por um tempo de pelo menos quinze minutos, o garoto e a encarnação do sol apenas jogaram assuntos inúteis fora durante esse tempo, até finalmente chegarem ao prédio de trabalho da mulher
— Chegamos.
Disse sariel, quando parou o carro em frente a construção, abrindo a porta e saindo do banco do motorista. Shams e Kura também desceram do carro, com o garoto se mostrando tenso, porém, indo lentamente até a porta do local, seguindo o Gabriel
— Ei, shams, onde acha que isso pode dar?
Disse o garoto dos raios para o moreno, parecendo um pouco assustado ainda com toda aquela situação conflitante. O moreno por sua vez, apenas foi o respondendo calmamente
— Ah, não acho que vá dar em algo muito grave, se fosse isso, teriam me proibido de vir junto com você para esse local
As palavras do adulto fizeram o nosso adolescente se acalmar, com os três entrando na recepção, com o homem de nome santo, logo se virando para o moreno e o baixinho, ditando de forma calma, porém imponente aos dois
— Entrem em cinco minutos, estarei falando com ela, antes que entrem lá
Falou Gabriel, enquanto desapareceu da recepção, os dois militares então sentaram nas cadeiras, enquanto ficaram esperando. O silêncio tomou conta daquele lugar por uns bons minutos, até que Yami decide dizer algo, para quebrar aquele clima esquisito que havia sido formado
— Ei… Shams, qual será o poder da Kraftig e do Gabriel?
Disse o garoto Kura, olhando para o teto da recepção enquanto tenta se acalmar, o garoto parecia ansioso demais naquele momento, estando com muito medo do que poderia acontecer com ele, mas usando aquele assunto aleatório como uma tentativa de escape mental
— Não faço ideia, garoto, só sei que os rumores sobre essa mulher, falam que seu poder parecia ser extremamente brilhoso, minha teoria pelos rumores, é de que o poder dela provavelmente é o de manipular e criar luz
As palavras do militar moreno foram escutadas pelo adolescente, que ficou pensativo após aquilo, se perguntando se poderia ser mesmo essa habilidade. Os cinco minutos se passaram, com ambos então se levantando e indo em direção a um corredor extremamente longo, indo em direção a última e maior porta daquele caminho. Ao chegarem lá, Kura ficou com um pouco de medo, porém, decidiu abrir lentamente aquela porta, onde logo ouviu uma voz alta gritar
— Essa farofa tá horrível!! Esse Tomas não sabe mais cozinhar essa maldita comida?!
Quem ditou isso foi a líder do país, que bateu com toda sua raiva na mesa em que comia, quebrando o pobre móvel em mais de mil pedaços por conta de sua raiva. Levou cerca de cinco segundos, para ela notar a presença do garoto e do homem adulto ali
— Oh, vocês chegaram? Finalmente! Sentem-se nessas cadeiras em frente a essa mesa central!
Disse ela, agindo como se nada tivesse acontecido, movendo lentamente seu corpo em direção a cadeira que ficava de trás da mesa, sentando-se ali e aguardando os dois que ainda estavam na porta. Kura e Shams, então, andam em direção às outras cadeiras e se sentam ali, com ambos estando visivelmente chocados com a cena da mulher quebrando a mesa
— Eu avisei a senhora para não fazer escândalos!
Disse o segurança Gabriel, que se encontra ao lado direito da mulher, a expressão dele era uma mistura de susto com vergonha, além de ter um sorriso de canto de boca em sua face
— Cala a boca, ou a próxima coisa que vou quebrar é a sua cara!
Respondeu a morena, em um tom bem ameaçador em direção ao seu segurança. Logo, a mesma voltou para os dois em sua frente, limpando sua garganta e recuperando sua postura. Focando os seus olhos nos olhos do receptáculo, e logo começando a falar
— Veja só quem temos aqui, KuraYami, o receptáculo da nossa nação, e um militar que ganhou muito renome esses dias! Viu que seu nome está estampado em jornais do mundo todo?
A mulher disse isso com um sorriso no rosto, um sorriso até que bem simpático, esperando uma resposta do garoto. O ex-membro juvenil do esquadrão do Held, apenas coçou com vergonha o seu queixo, enquanto foi falando
— Bem…. Sim, eu vi…. Falaram que eu lutei, derrotei e matei o criminoso Humaitá, isso me faz sentir como um assassino procurado, sendo sincero….
Disse o garoto, ainda em choque com tudo aquilo, não podendo acreditar que seu motivo de ganhar fama mundial, foi por matar alguém, ainda mais uma pessoa que se mostrou não ser exatamente má, ao final de sua luta
— Ora, não pense assim meu rapaz! Veja pelo lado bom, você ajudou a impedir que o caos se espalhasse para outros países…. Mas, mudando de assunto, você deve estar se perguntando por qual motivo te chamei aqui, não está?
A morena falou isso, enquanto seus dois seguranças serviam algumas xícaras de café para os ali presente, com a mulher não tirando os olhos do jovem rapaz
— É…. Isso está até me dando um pouco de medo, para ser sincero!
A resposta do jovem fez com que a moça desse algumas risadas, fechando levemente os olhos por conta da graça daquela situação. Em seguida, quando a mesma recuperou o fôlego, ela começou a falar
— Não precisa ter medo, meu jovem! Bem, eu chamei você aqui por dois motivos, o primeiro é uma cerimônia padrão do nosso país, pois eu peguei esse cargo há pouco tempo, e é comum que a pessoa no comando do país conheça o seu receptáculo. Já o segundo motivo, bem….
A mulher abriu uma das gavetas daquela mesa, puxando uma enorme papelada ali de dentro, batendo aqueles papéis na mesa, gerando assim um enorme barulho devido ao peso deles. Logo, Kraftig coça a garganta, terminando aquela frase
— Pode soar contraditório, por conta do fato de o receptáculo não poder se afastar mais de dois quilômetros do seu país de origem. Porém, como você ganhou um grande renome por suas ações, o líder de um dos poucos países vizinhos e aliado ao nosso, pediu para que fosse lá nesse período festivo…. E bem, como eu teria de inevitavelmente mandar alguém para politicagem por lá, eu decidi mandar você logo e matar dois coelhos em um golpe só
A mulher disse aquilo, separando um número de no máximo dois papéis daquela pilha, os colocando ao seu lado direito. A líder da nação, estava ansiosamente aguardando a resposta do garoto
— Bem…. É uma proposta muito tentadora! Mas… tenho duas perguntas para fazer, com uma sendo mais um pedido!
A morena se chocou com aquela resposta, mas acabou ficando extremamente curiosa com aquilo. Logo, para sanar a sua curiosidade, a mesma em um tom calmo falou para o jovem
— Claro, quais são suas dúvidas e pedidos perante esse meu pedido?
Logo, quando ouviu essa resposta e pergunta da dama, o garoto dos raios respirou fundo, olhando para ela e logo dizendo
— Bem, a dúvida mais simples, é: qual é o país que terei de ir? Sabe, não quero ir pra qualquer país desconhecido!
A reação da loira foi apenas de rir daquela pergunta, soltando boas gargalhadas da cara do rapaz, enquanto foi falando para ele, em meio às risadas
— Calma lá garoto, você não sabe qual é o nosso único país aliado no continente?!?!? Meu Deus, em que ano escolar você está?!... Bem, respondendo a sua pergunta, o país é o Uwurug, o país que fica mais ao Sul
O Kura foi refletindo sobre isso, pensando nas possibilidades de tudo que possa ter dentro daquele pequeno país, é ao perceber que, provavelmente terá bastante coisas de seu interesse, como as comidas típicas da região, ele prontamente responde
— Certo, eu posso aceitar ir para lá, mas com a condição de você conceder o meu pedido!
A líder da nação ouviu aquilo, começando a tremer sua perna destra devido a ansiedade, uma coisa que no fundo a estava incomodando, era a mania do jovem de manter o suspense das coisas, e não ir direto ao ponto
— Claro, meu rapaz, me diga logo qual o seu pedido!
A mulher parecia que iria explodir de ansiedade a qualquer momento. Então, quando viu isso, Kura não conhece mais o fôlego ou as palavras, logo pegando de seu bolso o colar usado por Humaitá, o mesmo que continha a foto da família do mesmo, falando em seguida com uma voz de presença, as seguintes palavras
— Eu quero que me permita ir até a aldeia do Humaitá, o mesmo homem com quem lutei contra, na batalha por caicó!
As palavras do garoto chocaram a todos ali, afinal, qual seria a intenção do mesmo, indo até a vila de um inimigo que por ele havia sido morto? Vendo isso, Kraftig não conseguiu se conter, com a mesma logo perguntando a ele
— Qual sua razão de querer ir para lá? Por acaso deseja morrer?
Ela queria ver, até onde a vontade do rapaz iria, aquilo era praticamente um teste para o mesmo. Kura, mais uma vez, encarou a foto que era carregada pelo indígena, olhando a mulher e falando
— Nenhum em específico, eu apenas prometi para ele que o faria. E, caso a população de lá venha até mim atrás de vingança, eu aceitarei de peito aberto!
A determinação do jovem fez a mulher por um largo sorriso no rosto, afinal, a mesma sabia que aquilo não significava que ele simplesmente iria apanhar dos moradores, mas sim que se tivesse de encarar a ira deles, ele aceitaria e ligaria com ela de bom grado. A morena, logo suspirou, enquanto foi falando
— Certo… Bem, eu permitirei que vá lá, mas só se for acompanhado por duas pessoas, e uma será o meu segurança Gabriel! Já a segunda, deixarei que escolha!
As palavras da mulher colocaram o jovem militar para refletir, afinal, ele não havia pensado que teria de levar alguém consigo até lá. Muitos nomes passaram em sua mente, mas quase tudo indisponíveis, principalmente o seu irmão, que sequer dava sinais de que iria acordar tão cedo
— Bem, não se preocupe, jovem Kura, pois eu irei com você!!
A voz grossa e imponente que disse isso, foi o moreno Shams ainda em sua forma bombada, com o homem apontando para si mesmo com o polegar, de uma forma que fez com que todos seus poderosos músculos ficassem marcados na roupa que estava usando
— Ótimo! Já que tudo aqui foi resolvido, garoto, você já pode ir embora. Você vai poder partir amanhã para essa aldeia, e quando resolver por lá, terá uma semana de descanso antes de ir a Uwurug. Não demore!
Kraftig disse isso, e então, quando a mulher estalou seus dedos, uma forte ventania aconteceu, expulsando ambos, Kura e Shams para bem longe da sala e do prédio da mulher
— (V-vento?!)
Pensou o garoto Kura, enquanto era brutalmente expulso dali pela mulher. G.S, por sua vez, se demonstrou preocupado com a decisão de sua chefe, falando para ela
— A senhora tem certeza disso?
A mulher apenas se relaxou em sua cadeira, olhando o teto da sala com uma certa expressão de tédio na face, enquanto começou a falar
— Claro que sim… é impossível que esse garoto morra! Você estará com ele, afinal de contas!!

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