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       — Felix?

       O mais velho chamou preocupado; As mãozinhas escondidas pelo moletom roxo tremiam como nunca, sentia seus olhos marejarem e seu corpo em nuvers.

       Hyunjin observou o garoto se mostrar mais nervoso ainda e não tardou a se levantar rapidamente de sua carteira, se agachando próximo as pernas do menor. Agarrou as mãozinhas geladas e inquietas, cobrindo-as com seu calor. Pode observar o rostinho de Felix se entristecer e seus olhinhos brilharem, não por felicidade.

       — Vem. Vai ficar tudo bem, okay? Jinnie vai cuidar de você.

       Sussurou para que apenas o menor escutasse, o ajudando levantar. Saíram da sala sem se importar com o que o professor diria depois, apenas ignoraram as falas e seguiram seus caminhos com suas mãos entrelaçadas.

       Não sabia exatamente para onde levar o pequeno lixie, mas não tinha muito tempo até que as lágrimas rolassem pelas sardinhas. Felix tinha ataques de pânico com uma frequência não muito ativa, mas sempre havia uma época do ano em que seus sentimentos ficavam a flor da pele e tudo vinha como uma avalanche. Para sua sorte, Hyunjin sempre fazia questão de o acalmar e se certificar que estava bem.

       Tudo passava como um borrão para Felix, ao mesmo tempo que estava a passar por uma porta azul, já estava ao chão sendo rodeado pelos braços do maior. Hyunjin tinha o levado a sala de teatro, que por sorte, estava vazia e escura. O mais velho o colocou ao chão, se aconchegando ao seu lado, pegou as mãozinhas trêmulas e as juntou as suas, acolhendo o corpo frágil e apavorado.

       — Tudo bem, tudo bem... — Balançava seu corpo minimamente, quando uma de suas mãos foi até os fios loiros. Pensou um pouquinho e se lembrou de uma técnica que tivera feito com o menor algumas vezes, talvez o ajudasse.

       — ei, lixie. — Chamou a atenção do garoto. — Me fala cinco coisas que você consegue ver.

       — A cortina, seus braços... — Fungou receioso, ainda não tinha seus pensamentos no presente e isso fazia com que não tivesse palavras certas. — Meus sapatos. A lâmpada queimada e.. os assentos.

       — Quatro coisas que consegue tocar.

       — O chão, você, meus anéis, seu moletom.

       — Três sons que pode ouvir.

       Aos poucos sua respiração foi regulada e estava devolta ao presente, os olhinhos inchados e aquele sentimento ruim dentro de si. As mãos já não tremiam e já sentia tudo ao seu redor, o olhar preocupado de Hyunjin sob si, o carinho que o mesmo depositava em seu cabelo e os anéis que prendiam seus dedos.

       — Um sabor que sente.

       — Amargor.

       Sempre que ficava um tempo sem falar, ou tinha suas crises, sua boca amargava como couve, e detestava isso. Seu paladar infantil o fazia quase vomitar com esses gostos.

       — Vou comprar algo pra ti. Fica aqui, eu já volto.

       Hyunjin se desprendeu do menor, indo até a saída. Felix se sentiu solitário, a presença do mais velho o fazia sentir protegido e livre, seu vazio era quase como uma eternidade.

       Em poucos minutos o garoto já estava devolta, com duas barrinhas de chocolate em mãos, em específico, o seu preferido. Um sorriso se formou no rosto do menor, que estava abraçado a suas próprias pernas. Hyunjin se abaixou ao chão novamente, se sentando ao lado de Lee, lhe entregando a embalagem vermelha.

       As mãozinhas correram ao seu encontro, pegando o pacote com alegria e ansiedade. Rasgou uma abertura e mordeu um pedaço, sentindo o gosto doce delicioso se apoderar de sua cavidade, se aliviando ao ver que o gosto passado já tinha ido embora. Hyunjin o observava com um sorriso bobo entre lábios, a felicidade de seu menor era tudo que importava.

       Também abriu seu chocolate, de outra marca, e mordeu um pedaço também. O silêncio se apoderou daquele teatro tão grande, mas a sensação de casa fazia uma bolha entre os presentes, um mundinho apenas deles.

       — Obrigado, jinnie. — O mais novo disse, deitando sua cabeça ao ombro do maior.

       — Não é nada, lili.

       Seus dedos foram as bochechas gorduchinhas do menor, fazendo uma carícia leve no local. Felix apertou seus olhinhos, os arregalando quando finalmente achou as mãos do seu hyung, bem maiores que as suas. Tocou singelamente, se afastando pelo arrepio, mas logo a grande e quente mão de Hyunjin puxou a sua, a segurando com força.

       Não precisavam de palavras para entenderem o que aquele silêncio significava. Apenas a presença do outro já falava por si só; Os corações quentinhos e acelerados, no sentido bom, se fundiam em batidas que de perto eram como sinos nas altas igrejas.


© 𝗲𝗰𝗹𝗶𝗽𝘀𝘇𝗲𝗽𝗮𝘄𝘀, 𝟮𝟬𝟮𝟯

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