Primeiro Capítulo

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Continuou mexendo no meu telefone com meus fones no volume máximo em uma das minhas músicas favoritas sem me importar com meus pais falando sobre a nova escola. Já não deixei claro o bastante para eles que eu não me importo e que vou dar um jeito de sair daqui como fiz com as outras?

Sinto meu fone ser puxado e me viro fuzilando meu irmão com o olhar, se não fosse interrompido por minha mãe teria esganado ele ali mesmo.

– Hijo, não fique assim por favor. Você vai gostar de Nunca Mais. - Mama dizia com um sorriso singelo, reviro os olhos voltando a escrever no telefone.

– Filho, por favor, escute sua mãe. Lá é um bom lugar, você irá gostar. Pode acabar por fazer amigos! - Meu pai incentiva. Por que eles apenas não desistem?

– Primeiro: lá pode até ter sido um bom lugar para vocês, mas pra mim pode não ser. - Deixo meu telefone de lado tirando o outro fone. – Segundo: para vocês se encaixar foi fácil, já que são apenas de uma raça. Eu sou um mestiço. Para me encaixar, ou tenho que esconder um dos meus lados ou me esforçar em dobro.

Eles se calam o resto do caminho depois do que disse e volto para minha música e minha história em processo. Não ficamos muito tempo naquele silêncio que para mim estava confortável e logo chegamos na famigerada Nunca Mais. Pelo tanto que meus pais falavam deste lugar eu achava que fosse algo mais... sombrio? Mas não posso julgar sem ao menos conhecê-la antes.

– Até que você deu sorte Hugo, aqui parece ser legal, ao contrário daquele sanatório que eu chamo de escola. - Me viro para Jack e reviro os olhos.

– Não reclame saco de pulgas, ao contrário de você eu preferiria realmente ter ido para um sanatório do que outra escola. - Desvio de um tapa dele e lhe mostro a língua, seguindo meus pais para a sala da diretora.

(...)

– Bem, normalmente nós não aceitamos alunos tão em cima do começo do semestre, mas por este ser um caso especial, ele será acolhido em Nunca mais. - A diretora Weens diz com um sorriso.

– Ah, perfeito. Muito obrigada. - Minha mãe disse juntando as mãos sorrindo brevemente.

(...)

Sou levado até meu dormitório e logo sou recebido por um lobisomem que parece ser extremamente o meu oposto.

– Oi, você deve ser o aluno novo! Sou Zeke, muito prazer.

– Prazer, Hugo. - Sigo olhando melhor o quarto. É simples, mas pelo que percebi posso organizar minha parte como bem quiser.

– Se quiser, eu posso fazer um tour pela escola para te apresentá-la.

– Hum, claro.

(...)

Fizemos um pequeno passeio por todo aquele lugar enquanto meus pais provavelmente terminavam de realizar minha transferência pra cá. Até que aqui parece... legal. Como disse antes, não podia julgar sem antes conhece-la.

– ... E por fim, o centro do colégio, onde os alunos ficam nos intervalos e horas vagas. - Olho em volta vendo alguns alunos espalhados. – Bem, basicamente essa parte da escola é dividida em quatro partes. - Ele sorriu andando de costas. - Os lobos, como eu. – Zeke me mostra suas presas. - As sereias. - Diz apontando para algumas pessoas sentadas perto da fonte dali. – Os vampiros. - Aponta para algumas pessoas com óculos escuros conversando entre si. - E por fim os chapados. Eles são boa parte górgonas, mas alguns alunos de outras raças também estão ali.

– Hum, entendi. – Digo olhando para outro ponto e percebo um garoto pintando a parede. - Quem é aquele? - Falo apontando pro garoto.

– Ahn...? Ah aquele é o artista daqui, Xavier Thorpe. - Hum... ele parece interessante, saio dos meus pensamentos assim que vejo um ser de trancinhas passar por ele.

– Wandinha? - Falo mais pra mim do que pra pessoa ao meu lado e vou em direção a ela e ponho a mão em seu ombro. - Wandinha?

– Hugo? - Assim que ela se vira para mim, dou um sorriso ladino. - O que você faz aqui?

– Expulso e obrigado a vir pra cá. - Digo sarcástico pondo as mãos no bolso da jaqueta. - Mais e você? O que faz aqui?

– Posso dizer que o mesmo que você.

– Parece que ambos demos azar. - Sorrio e ponho a mão sobre a boca. - Mais pelo jeito você está aqui a mais tempo, me diz que aqui tem algo de interessante e não apenas um bando de adolescentes incomuns com hormônios a flor da pele e com dinheiro.

– Por mais surpreso que você possa ficar, aqui até que é um lugar interessante. - Se a própria Wandinha diz isso realmente aqui deve ser interessante.

(...)

– Não fique com essa cara, mi hijo. Você vai gostar daqui, dê ao menos uma chance.

– Tiana querida, me deixe falar com ele a sós por um momento, por favor. - Meu pai diz e minha mãe suspira, me dando um beijo na testa.

– Se cuida, sombrinha. - Meu irmão me abraça e bagunça meu cabelo.

– Você também, saco de pulgas. - Sorrio dando um peteleco em sua testa.

– Ça ne sert à rien d'essayer de s'enfuir d'ici, Hugo. – “Não adianta tentar fugir daqui, Hugo.” - S'il vous plaît, donnez une chance à Nunca Mais, je sais que c'est peut-être hypocrisie de ma part de dire cela, mais c'est un bon endroit et vous trouverez votre place ici.—“Por favor, dê uma chance para Nunca Mais, sei que pode ser hipocrisia da minha parte dizer isso, mas aqui é um bom lugar, você irá achar seu lugar por aqui.”

– Je l'ai déjà dit, je ne m'intégrerai jamais nulle part. – “Já disse antes, eu nunca vou me encaixar em lugar algum.” - É como se fosse minha maldição.

– Je sais que tu penses ça, je le pensais aussi. – “Sei que pensa isso, eu também achava.”. Ele põem a mão em meu rosto o levantando. - Mais c'est cet endroit qui m'a montré le contraire, c'est là que j'ai trouvé ta mère, mon parasol, essaie au moins. – “Mais foi esse lugar que me mostrou o contrário, foi neste lugar que achei sua mãe, minha sombrinha, ao menos tente.”

– C'est bon papa. - “Está bem pai”. Suspiro e ele sorrio me abraçando.

– Même mon parasol - “Até minha sombrinha”. Ele beija minha testa e vai até o carro. - Et soyez prudent en traversant les ombres. – “E tome cuidado quando for atravessar as sombras.”

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⏰ Última atualização: Jul 20, 2023 ⏰

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